Ao paraíso

Ao paraíso Hanya Yanagihara




Resenhas - Ao paraíso


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Ryan 17/10/2022

Amei. Recomendo.
Quando eu conclui esse livro, eu pensava muito em como eu falaria sobre ele em uma resenha simples e objetiva. Ao Paraiso é o segundo melhor livro da Hanya dentro da minha vida. Depois de ler Uma Vida Pequena e se mergulhar em Ao Paraiso com aquele gostinho de querer mais daquelas emoções do primeiro livro, Hanya te entrega algo totalmente novo mas, feito e escrito com o mesmo talento presente no primeiro livro lido. É lindo a capacidade que a autora tem de te envolver em histórias diferentes e ainda te cativar com mensagens importantes. Em Ao Paraiso, Hanya nos entrega três diferentes histórias que se passam em séculos diferentes. Washington Square, em 1893 um país onde o amor entre pessoas do mesmo sexo não é proibido e se tornar algo muito comum entre os casamentos da época. Lipo-wao-nahele, em 1993 onde um garoto havaiano deixa seu passado no Havaí para viver uma nova vida fora de sua cultura e de sua origem. Zona Oito, em 2093 onde os países se isolaram devido anos e anos de pandemias e doenças, uma mulher nos conta sua vida enquanto sobrevive em meio ao caos e leis do lugar onde mora. Três histórias distintas mas com ligações em suas mensagens. Todos os nossos protagonistas estão em busca do mesmo lugar. Estão em busca do seu paraíso. Quando conclui a leitura, parei muito para refletir sobre a forma como levamos a vida e nossos problemas. As vezes, estamos esquecendo das coisas importantes que nos cerca, por não querer olhar para trás. Me apaixonei muito pela autora com tudo isso. Acompanho sua carreira pelas redes sociais e não posso deixar suas obras literárias passarem a batidos. Hanya sabe contar história, apesar de precisar muito do seu tempo para que você entenda. O nome dos personagens se repetindo entre as histórias é o charme de originalidade do livro, as citações e ligações entre os livros é o que me deixou ainda mais entusiasmado para continuar a leitura. Em 720 páginas, ela não poupa detalhes apesar de entediante as vezes, todos eles são importantes para a construção da história e seus finais são... como eu diria? Imprevisíveis. Eu amei o livro, se tornou mais um 5/5 para mim. E vou estar pronto, definitivamente, para o próximo passo da autora aqui no Brasil.

Minha história favorita foi a Zona Oito.
brucruz 24/01/2023minha estante
a troca de narrativas no livro três é incrível, a forma como situações são mencionados e explicadas entre as trocas é incrível!




Nilsonln 15/11/2023

Haja emocional!
Antes de mais nada quero dizer que achei este livro excelente! Posto isto, digo que "Ao paraíso" tem uma história densa, complexa, triste, polêmica e absolutamente envolvente. Porém, a leitura deste livro exige muito do emocional do leitor. É muito sofrimento por páginas lidas! Mas achei coerente, dado a situação aflitiva enfrentada pela maior parte dos personagens. Também é necessário um esforço extra de foco durante a leitura, pois a história é quase toda construída com narrativas, com poucos diálogos, além de ser não linear. Então é preciso ter muita atenção para não se perder na história. E o final!? Mais não direi para não estragar a experiência de quem ainda não leu.

Gostei da leitura? AMEI
Valeu o tempo dispendido? SIM
Quero ler mais da autora? SIM
Recomendo a leitura? SIM

Li também da autora Hanya Yanagihara e recomendo: "Uma vida pequena".
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Bruna 19/10/2022

O paraíso são aqueles que amamos
Esse foi o segundo livro da autora que eu li, enquanto "uma vida pequena" foi algo que abordou traumas e como isso afeta a nossa vida, como não temos controle das coisas que acontecem, mostrou que coisas ruins acontecem e as vezes não podemos fazer nada pra mudar isso, foi um livro que me fez sofrer MUITO, era como se eu conseguisse sentir tudo que o Jude sentia e tava passando.

Mas "ao paraíso" foi uma experiência completamente diferente.

Esse livro me causou desconforto existencial(?), como se a autora tivesse cutucando um machucado que eu nem sabia que tinha e depois que descobri a existência não consigo parar de senti-lo.
Abordou muito sobre relacionamentos, como somos afetados por eles e oq acontece quando decidimos nos relacionar com as pessoas, todas as alegrias e tristezas que sofremos e que causamos tbm.

Nesse livro eu senti como se estivesse sentado ao lado dessas pessoas e elas estivessem me contando suas histórias e de todas as outras pessoas que conheceram, parece que são meus amigos antigos que estão me contando sobre os amores que tiveram ou quase tiveram.

Acho que esse livro é muito sobre as pessoas que amamos e tudo o que fazemos por elas, seja moralmente correto ou não.
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Andreia 11/11/2022

O que é o paraíso para você? Esse é o questionamento levantado pela autora neste livro, através de três histórias diferentes, que se passam em três épocas diferentes. Ela aborda diversos temas, como paternidade, amor e esperança, para entrelaçar as três histórias e demonstrar que cada pessoa possui uma definição individual para o que é o paraíso.

A primeira história se passa em 1893, em um EUA alternativo, no qual o relacionamento homossexual é permitido. Um jovem rico resiste ao noivado arranjado pela família, pois se apaixona por um homem de origem humilde.

A segunda história se passa em 1993, em uma Manhattan assolada pela epidemia de aids, na qual um jovem havaiano vive com seu parceiro, que é um homem bem mais velho e rico, enquanto esconde dele seu passado conturbado.

A terceira história se passa em 2093, em um mundo distópico, assolado por pandemias e governos autoritários. Nessa história conhecemos uma jovem, neta de um importante cientista, que precisa aprender a sobreviver sem a proteção do avô. Essa foi a história que eu mais gostei.

A premissa e a fama da autora chamaram a minha atenção para esse livro, porém a minha experiência de leitura foi bem ruim. A escrita da autora não funcionou comigo: achei muito descritiva, com capítulos muito longos e uma escrita poética, que deixou a história confusa para mim em diversos momentos. Além disso, não consegui me conectar aos personagens.

Apesar da minha experiência ter sido ruim, ainda indico a leitura do livro, pois essa foi a minha experiência pessoal, a sua pode ser diferente. Esse livro pode não ter funcionado para mim, mas pode funcionar para você.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 12/11/2022

Hanya Yanagihara - Ao paraíso
Editora Companhia das Letras - 720 Páginas - Tradução de Ana Guadalupe - Capa: Na Kim - Imagem de capa: History and Art Collection/ Alamy/ Fotoarena - Lançamento: 2022.

O mais recente lançamento de Hanya Yanagihara, depois do premiado "Uma vida pequena" é um ambicioso e monumental romance dividido em três partes aparentemente independentes, mas que têm em comum uma casa em Washington Square Park em Greenwich Village, Nova York, assim como personagens com os mesmos nomes que vivenciam situações recorrentes em diferentes versões dos Estados Unidos ao longo de 200 anos, lidando com temas como racismo, sexualidade, colonialismo e a manutenção da condição humana em tempos de crise.

O primeiro livro, Washington Square, apresenta uma versão alternativa dos Estados Unidos em 1893 na qual, após uma guerra civil, o país é separado entre os Estados Livres, situados ao norte, e as Colônias Unidas formadas pelos estados sulistas e do oeste. Nova York integra os Estados Livres onde casamentos entre pessoas do mesmo sexo são não apenas autorizados, mas praticados por cerca de metade da população. No entanto, apesar da suposta liberalidade de costumes, certos preconceitos ainda persistem, quando o jovem herdeiro de uma renomada família local, David Bingham, precisa esconder o seu romance com Edward Bishop, um professor de música sem recursos, e reluta em aceitar uma proposta de casamento de Charles Griffith, em um típico e conveniente arranjo matrimonial. David precisa escolher entre o conforto e a segurança em Nova York ou partir com Edward para a Califórnia.

"Então foi com interesse genuíno que ele começou a fazer perguntas sobre Edward, sobre quem ele era e por que levava a vida que levava, e enquanto o outro falava, com toda a naturalidade e fluência, como se tivesse esperado por anos que David surgisse em sua vida e lhe fizesse aquelas perguntas, David tomou consciência, embora estivesse prestando atenção à história de Edward, de uma nova e desagradável soberba que havia nele – a consciência de que ele estava aqui, nesse lugar improvável, e que estava conversando com um homem estranho, belo e improvável, e que, embora percebesse para lá da janela enevoada, o céu ia escurecendo e, portanto, seu avô deveria estar se sentando para jantar e se perguntando onde ele estava, e não fez nenhum esforço para pedir licença, nenhum esforço para partir. Era como se estivesse enfeitiçado e, sabendo disso, tentasse não se opor, e sim se render, abandonar o mundo que julgava conhecer em troca de outro mundo, e tudo porque ele queria a chance de não ser a pessoa que era, e de ser a pessoa que sonhava ser." (p. 64) - Trecho do Livro I - Washington Square

Na segunda parte do romance, Lipo-wao-nahele, a narrativa é ambientada também na cidade de Nova York assolada pela epidemia de aids em 1993. A autora trabalha com um tipo muito especial de reencarnação, retomando os nomes dos personagens da primeira parte, mas em situação completamente diferente. Agora, cem anos depois, David Bingham é um mestiço havaiano que vive com Charles Grifftith, um homem mais velho e rico, proprietário da mesma luxuosa casa em Washington Square. A história da anexação do Havaí aos Estados Unidos é o pano de fundo desta parte, mostrando os efeitos do colonialismo na história trágica do pai de David que seria herdeiro de um trono que não existe mais. O pai de David, que por sinal também se chama David ou Kawika, é o narrador da sua conturbada relação com o ativista político Edward Bishop que tencionava restabelecer a soberania havaiana.

"Mas ele também se sentia como um menino, e tinha consciência disso. Charles escolhia suas roupas e o lugar onde passariam as férias e o que comeriam: tudo o que um dia tinha precisado fazer por seu pai; tudo o que gostaria que seu pai tivesse feito por ele. Ele sabia que deveria se sentir infantilizado pela dinâmica desigual da vida que levavam, mas não se sentia – ele gostava, achava relaxante. Era um alívio estar com alguém tão assertivo; era um alívio não pensar. A autoconfiança de Charles, que se estendia a todos os aspectos da vida dos dois, o acalmava. Ele dava ordens a Adams ou ao cozinheiro com a mesma autoridade enérgica e calorosa que usava com David quando estavam na cama. Em dados momentos sentia que estava revivendo sua infância, dessa vez com Charles como pai, e isso o incomodava, porque Charles não era seu pai, e sim seu namorado. Mas a sensação persistia – tratava-se de alguém que permitia que ele fosse o objeto de preocupação, nunca a pessoa que se preocupava. Tratava-se de alguém cujos ritmos e padrões eram explicáveis e confiáveis e que, uma vez aprendidos, tendiam a se manter os mesmos. Desde sempre ele soubera que faltava algo em sua vida, mas só quando conheceu Charles entendeu que essa característica era a lógica – a fantasia, na vida de Charles, se restringia à cama, e mesmo lá ela fazia sentido à sua maneira." (p.211) - Trecho do Livro II - Lipo-wao-nahele

Já a terceira parte, Zona Oito, pode ser lida de forma independente e vale por todo o livro, uma verdadeira obra-prima da distopia, comparável a obras de autores como Aldous Huxley​, George Orwell e Margaret Atwood. A cidade de Nova York em 2093 está devastada pelo efeito de múltiplas pandemias. A narrativa é conduzida alternadamente por dois protagonistas, Charles Griffth, agora um renomado cientista que se envolve com o governo no combate à transmissão, criando cruéis centros de contenção e transferência, e sua neta Charlie que sobreviveu à doença. Ela é uma protagonista-narradora nada confiável que foi contaminada quando criança na pandemia de 2070 e teve as suas habilidades cognitivas destruídas devido a uma droga experimental que foi usada para curá-la. Charlie vive, novamente, em Washington Square, embora a antiga casa tenha sido dividida em apartamentos pelo governo que também aboliu a imprensa e o acesso aos livros, mantendo um regime totalitário em nome do combate à doença.

"Certo dia, cerca de um ano atrás, eu estava no ônibus indo para o trabalho quando de fato vi algo que nunca tinha visto antes na Zona Oito. Estávamos subindo a Sexta Avenida, como sempre, e cruzando a rua 14, quando de repente um homem entrou correndo no cruzamento. Eu estava sentada no meio do ônibus, à esquerda, por isso não tinha visto de onde o homem viera, mas vi que ele estava sem camisa e vestia uma calça branca de tecido fino que as pessoas dos centros de contenção usavam antes de ser enviadas para os centros de transferência. Não havia dúvida de que o homem estava dizendo alguma coisa, mas as janelas do ônibus, além de serem à prova de balas, também eram antiruído, de forma que não consegui ouví-lo, mas assim mesmo vi que ele estava gritando: seus braços estavam esticados diante do corpo, e consegui ver os músculos de seu pescoço, tão retesados e duros que por um instante pareceu que ele tinha sido entalhado em pedra. No peito, havia mais ou menos dez pontos em que ele tinha tentado esconder os sinais da doença, algo que as pessoas muitas vezes faziam, queimando as lesões com um fósforo e deixando cicatrizes pretas que pareciam sanguessugas. Nunca entendi por que faziam isso, porque se por um lado todo mundo sabia o que eram as lesões, por outro todo mundo também sabia o que eram as cicatrizes, então se tratava apenas de trocar uma marca por outra. [...]" - (pp. 379-80) Trecho do Livro III - Zona Oito

Hanya Yanagihara não dá vida fácil aos seus leitores neste emaranhado de personagens com os mesmos nomes (me lembra de 100 anos de solidão de Gabriel García Máquez) ao longo de 720 páginas, um romance complexo e desafiador porque exige atenção redobrada para acompanhar as reflexões da autora sobre tudo aquilo que nos torna humanos. Sentimentos e aspirações que se repetem na evolução de tantos Davids, Charles e Edwards nesta impossível busca pelo paraíso terreno, um paraíso do qual parecemos estar cada vez mais distantes.

Sobre a autora: Hanya Yanagihara, nascida em 1974, é uma romancista, editora e escritora de viagens norte-americana. Ela cresceu no Havaí, mais conhecida por seu romance best-seller Uma vida pequena (2015), finalista do Man Booker Prize, versão 2015, e do National Book Award for Fiction no mesmo ano, além de finalista do Women's Prize for Fiction em 2016. Hanya Yanagihara trabalha como editora-chefe da T Magazine, publicação do jornal New York Times. Ao paraíso é seu terceiro romance e foi lançado originalmente em janeiro de 2022
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Maicon 16/06/2023

Sim, ela voltou: aquela que é a mais temida!
Pra mim, resenhar no skoob é 8 ou 80: ou a leitura foi muito ruim ou foi muito boa. E "Ao Paraíso" não é apenas muito bom; virou o meu favorito da Hanya até o momento. Sim, ultrapassou "Uma Vida Pequena".

Que essa mulher escreve excelentemente bem (perdão pelo pleonasmo) é inegável. Na minha opinião, há um teor existencialista na forma que ela narra que te induz a reflexões profundas sobre ti mesmo e eu amo esse "aspecto psicológico" (se assim posso chamar) com o qual alguns autores escrevem. Fora toda a maestria em conduzir três histórias completamente distintas utilizando diferentes tipos de narradores e modulações de capítulos. Isso pra mim foi maestria pura, ainda mais considerando a minha aversão pessoal a narrações em primeira pessoa.

É um livro que apresenta uma grande carga dramática, mas faz isso de uma maneira muito sutil se comparado a "Uma Vida Pequena", por exemplo. Todas as metáforas que a Hanya utiliza e todos os temas que ela aborda me fazem praticamente sentir o que os personagens sentem, só que sem o exagero do livro anterior (esse exagero não é um demérito de "Uma Vida Pequena", mas não entrar em prantos o tempo todo durante essa segunda experiência de leitura foi bem tranquilizador).

Outra coisa magnífica desse livro é a forma que a Hanya subverte alguns valores (como a abordagem à homossexualidade no século XIX, onde ela cria um universo de aceitação por parte da sociedade; mas no futuro, quando se espera uma visão mais progressista (ainda) da questão, essa aceitação entra em ruína por conta das circunstâncias do momento ? a pandemia). Enfim, é uma obra-prima. Eu quase dei 4,5 de nota, mas o último capítulo, especificamente, me fez virar a chave e cravar as 5 estrelas.

Ainda que demore, eu já aguardo ansiosamente pelo próximo livro. Hanya Yanagihara se transformou em uma das minhas autoras favoritas da vida. Repetindo aquilo que disse ao meu amigo, tenho certeza de quê, enquanto essa mulher viver pra sentir o cheiro de mijo das ruas de NY, ver ratos e cruzar com gays, ela vai ter inspiração pra escrever mais livros, assim como eu vou ter inspiração pra lê-los.
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Ronan 30/01/2023

⭐⭐⭐ ½

Estou um pouco decepcionado com esse livro, tinha grandes expectativas com ele...
Temos três livros com histórias que não tem grande conexões entre si e que não tem final, histórias que ficam totalmente em aberto, o que em geral não me desagrada, mas nesse livro me desagradou demais, gostei muito do Livro 1, e fiquei muito intrigado e envolvido nas narrativas de e-mail do Livro 3, acho que esses são os pontos altos do livro.
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Marcelo217 23/10/2023

Em busca(s) do(s) Paraíso(s)
Assim que me dei conta que tinham traduzido mais um livro da Hanya Yanagihara eu automaticamente parei tudo e comecei imediatamente a leitura. Sem ao menos ler a sinopse e com as expectativas lá na estratosfera, confesso que o livro me deixou a desejar não só pelo anseio de ter algo semelhante ao que li em "Uma Vida Pequena" (que não aconteceu), mas também por uma tentativa megalomaníaca da autora em escrever várias histórias interligadas entre si.

O livro se divide majoritariamente em três histórias de séculos diferentes e com personagens que buscam de alguma forma o paraíso. Apesar de distintas, a autora consegue interligar essas histórias com as personagens tanto pela linhagem quanto pela repetição de nomes e sobrenomes. O que parece uma boa ideia se tornou, conforme eu fazia a leitura, em uma confusão na minha cabeça. Fiz, inclusive, mil teorias mirabolantes pra justificar a autora fazer isso e no final deve ter sido apenas uma alusão à hereditariedade das personagens.

É possível ver uma relação bem sutil entre as três histórias, porém ao meu ver, as duas primeiras se tornam completamente dispensáveis após ler a terceira parte. A distopia pandêmica é a que trouxe mais apelo à leitura em si e foi a que mais me prendeu. A complexidade das histórias são bem peculiares assim como o seus desenvolvimentos. E, apesar de bem escritas, apenas as duas primeiras têm um desenvolvimento contraintuitivo ou surpreendente.

Quanto aos pontos reflexivos, a autora traz novamente transtornos e abusos psicológicos com as personagens protagonistas. Ela também insere a homossexualidade de forma naturalizada em todos os núcleos narrativos. Mas o dilema entre abandonar a família em busca de um objetivo é a força motriz de todo o livro, onde a autora aborda escolhas em diversos momentos e as implicações que elas causam quando muitas vezes para atingir a suposta felicidade é preciso sair de sua zona de conforto.

A morte também é um ponto em comum entre as narrativas. Essa condição inevitável serve de pano de fundo para as personagens seguirem em frente. E em todas as situações, ela dá profundidade às histórias tornando assim a leitura uma experiência diferente em cada momento.

Em uma perspectiva mais voltada para a autora, é perceptível que o livro além de fantasiar sobre certos pontos históricos (colonização estadounidense, cultura social havaiana e os períodos pandêmicos) especulam sobre o comportamento no passado e no futuro nas situações propostas no livro. Ao fim do livro, a questão havaiana, mesmo sendo pertinente nos pontos de preservação e valorização, perdem o apelo conforme outras problemáticas tomam o protagonismo no geral.

"Ao paraíso" é um livro ousado, interessante se olhado em seu coletivo, mas ao meu ver ficaria melhor se os esforços da autora focassem apenas nas pandemias do século XXI. Em alguns pontos (principalmente na segunda parte) a monotonia quase ameaçou o desenvolvimento do livro. A escrita maravilhosa e a forma de conduzir a história dentro das relações interpessoais das personagens evidenciam a versatilidade de Hanya Yanagihara na ficção. Mesmo sem finais surpreendentes e personagens marcantes, os significados subentendidos e as críticas sociais da autora fazem do livro uma leitura válida e comovente.
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Rafaela Dezorzi 27/01/2023

Por que todo mundo se chama David????
Apesar de ser um livro divido em três partes, que aliás NÃO se relacionam, ele é extremamente repetitivo e com personagens com pouco ou nenhum desenvolvimento. A interessante e triste história contata por Hanya em ?Uma vida pequena? não se repete aqui.
Em uma tentativa de trabalhar laços familiares e perspectivas de um futuro melhor, a autora traz um dinâmica maçante entre passado e futuro com pouco aprofundamento.
Os cenários mudam muito pelo salto temporal de 100 anos entre as partes e as histórias ficam sem um ?fim? e sem uma conexão. Senti que li 3 livros diferentes em um só.
Fiquei extremante decepcionada, principiante por ser um livro grande e pela admiração que eu havia criado pela autora.
Bruna 04/02/2023minha estante
Também não gostei, não consegui nem chegar sequer no meio do livro. Li Uma Vida Pequena e amei, estava com altas expectativas pra esse? infelizmente bem abaixo do que eu esperava


Rafaela Dezorzi 05/02/2023minha estante
Demorei mais de um mês pra ler e fui intercalando com outras leituras, senão não teria terminado? Enfim, muito chato!




Carlos Souza 03/02/2023

David, Charles e Edward: "Três gerações, contextos e muitas reflexões".
Bom... Por onde começarei... Dessa vez, não irei repetir o tempo todo o risco de ler um livro da Hanya, até porque acho que ela é bem conhecida e o conteúdo que ela aborda, na maioria das vezes, também é alvo de muita discussão entre os leitores.
Primeiro de tudo, não é possível escrever uma resenha que dê conta de tudo que é abordado pelo livro, então, mais uma vez, acho que é importante destacar que: É NECESSÁRIO PROCURAR PELOS GATILHOS DO LIVRO ANTES DE LER!! Bom, depois disso, sinceramente, acredito que dona Hanya Yanagihara segurou sua mão e não praticou seu lado mais gráfico e desconfortante. Ao meu ver, em "Ao paraíso" temos um livro polêmico, mas completamente diferente de tudo que encontramos em "Uma Vida Pequena". E como é um traço da autora, (in)felizmente temos alguns pontos discutíveis e passíveis de problematizações, mas que no geral, causam mais movimentações cognitivas positivas que negativas.
Em relação ao ritmo de leitura e escrita da obra, indiscutivelmente, mais uma vez, a criminosa da Hanya deu o nome, mesmo sendo um livro de 720 páginas, ele tem uma fluidez muito boa e uma escrita que prende, além de arcos e diálogos de primeira. Os personagens, como sempre, são assustadoramente reais e são cheios de dilemas verdadeiros, os quais representam o caráter contraditório da natureza humana, ou seja, são pessoas cheias de defeitos e que defendem suas visões de mundo, práticas, interesses e sonhos... Antes de falar daqueles sujeitos que estão citados no título, acho que, é preciso fazer duas menções. Primeira, acho que o que mais incomoda os leitores da Hanya é que, ela, diferente de outros autores e autoras, fala o que quer e o que, eticamente e moralmente falando é questionável, mas que passa vez ou outra na cabeça de todos nós. Segundo, acho correto dizer que, muitas vezes, dona Yanagihara, tenta reproduzir vivências que não possui ou não aceita que certos posicionamentos são problemáticos, visto que ela produz para outros e somos construídos, em parte, por nossas relações sociais. Contudo, e tendo em vista os dois lados das discussões que cercam a autora, ainda sim, leio os livros dela e eles são memórias e traumas que sempre irei acessar para repensar meu lugar no mundo e o sofrimento humano. Até porque, concordo com a Eliane B, quando diz que certos tipos de produções literárias servem para causar incomodo e cada um deve ter autonomia para selecionar o que serve ou não.
DITO TUDO ISSO, VAMOS AO LIVRO.
PARTE I - Século XIX.
Na primeira parte, acompanhamos David, neto de um importante banqueiro e filantropo que se encontra em uma crise existencial, visto que ele carrega o peso do nome de sua família e tenta também descobrir qual o seu lugar no mundo, e como irá viver os próximos anos. Nesse momento da vida, seu avó propõe a ele um casamento arranjado com um homem mais velho, viúvo e de boa família, com o qual ele começa a se relacionar. E, assim, vemos, por exemplo, algumas autoreflexões e inseguranças do personagem e daqueles que o cercam. Entretanto, conhecemos Edward, um homem sem prestígio, músico e apaixonante que entra na vida de David. Sinceramente, das três partes, essa foi minha favorita, porque não sabemos no que acreditamos, eu já aceitei que nunca decidirei qual dos possíveis desfechos é o verdadeiro e sobretudo, jamais quero saber quem era o verdadeiro Edward. Eu só espero que o David tenha sido feliz. Não irei desenvolver o arco para além disso, porque não quero dar muitos spoilers. Em síntese, o primeiro enredo fala sobre: família, desejos e decisões.
PARTE II - XX
Na segunda parte, acompanhamos mais um David, que se relaciona com um homem mais velho e endinheirado chamado Charles, cujo relacionamento pode ser visto de forma vertical, pois eles possuem visões diferentes e conhecimentos não compatíveis, tanto por trajetória quanto por origem e possibilidades que lhes foram das ou não ao decorrer da vida. Aqui, podemos dizer, temos um romance que permeia tudo, sexualidade, raça/etnia, idade e classe social. É muito interessante por isso, acompanhar os pensamentos de David e como ele tenta de forma sucedida ou não, encaixar-se no mundo de Charles, ao mesmo tempo que enfrenta, em segredo, resquícios de seu passado e reflete sobre seu pai, sua identidade e a maneira que vive sua vida em comparação aos pensamentos transmitidos a ele por sua avó que, dentre muitas coisas, pensava ou buscava uma identidade havaiana que fizesse jus ao legado de sua linhagem e ao local que ela acreditava que eles deveriam ocupar. Preciso dizer que, essa parte possui dois capítulos e não irei discutir o segundo que, principalmente, aborda a trajetória do pai do David, porque, no geral, ele foi aquele que mais me irritou, tudo porque o Edward dessa geração é um lunático militante que fala uma série de coisas problemáticas e que desconsidera completamente o princípio da etnogênese cultural, do multiculturalismo e da multiculturalidade, isso para tentar produzir uma utopia datada. Em síntese, a segunda parte fala sobre: identidade, origem e vida.
PARTE III - XXI
Na terceira parte, e mais doida de todas, temos um mundo destruído por pandemias virais, na qual acompanhamos Charlie, uma cientista que carrega o legado de seu avó, esposa de Edward e que, em determinado momento, conhece um homem chamado David, basicamente, nesse mundo temos um governo autoritário que controla e verifica tudo. O próprio caos, ao mesmo tempo que acompanhamos Charlie, vemos também através de cartas, o que ocorrer décadas atrás com seus dois avós e seu pai, anos antes de se iniciarem os surgimentos das doenças virais, e como seu avo foi um dos principais responsáveis por elaborar os modelos que formariam o mundo que ela vivência, mas ao mesmo tempo, orquestrou uma série de coisas para garantir sua sobrevivência e mesmo de forma questionável, a própria sobrevivência da humanidade. Outra questão, e, talvez, a principal é o relacionamento dela com seu marido, visto que eles vivem uma dinâmica extremamente insensível e distante, mas ao mesmo tempo com muito companheirismo. Complicado de entender? Sim, mas é assim que rola. O mais babado é quando são revelados alguns segredos e nós percebemos o motivo por trás de tal distância... É o segundo melhor arco. Em síntese, a terceira parte fala sobre: liberdade, segurança e amor.
Por fim, sinceramente, eu gostei muito mais de "Ao Paraíso" que de "Uma Vida Pequena", mas ainda sim, eu não recomendo uma leitura sem preparo psicológico, pois mesmo sendo menos gráfico, ele ainda possui inúmeras discussões sensíveis e gatilhos. Vai de cada um, e, se você decidir ler, esteja avisado, nenhum livro da Hanya te deixa ir sem um preço e, normalmente, esse preço são várias noites sem dormir ou em crise pensando no mundo e na escuridão que existe no interior de nossos seres.
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Victoria942 04/04/2024

Uma história que não precisa de desfecho
Para começar, eu me interessei pela Hanya após o sucesso de ?Uma vida pequena?, que ainda não li. Após ler a sinopse de ?Ao paraíso? decidi começar por este e tive uma grata surpresa. Falar dessa leitura é prazeiroso e ao mesmo tempo desafiador, porque ela nos convida a entender que as ligações que somos tentados a fazer entre as histórias simplesmente não existem. Senti a angústia dos personagens de cada um dos livros e me senti aliviada ao não saber o desfecho, diferente de muitas resenhas que li que acharam isso terrível. O meu livro preferido foi o segundo, mas todos me causaram um sentimento muito parecido, um amor profundo, uma expectativa, uma dúvida, um sonho. Leria outros mil livros da Hanya.
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ThaAs.Haddad 07/03/2023

Confuso, descritivo e levemente poético
Confesso que comecei esse livro com uma grande expectativa de me prender como uma vida pequena mas não foi o que aconteceu. Demorei bastante para pegar o ritmo mas quando peguei terminei bem rápido (uma pena ter sido em mais da metade do livro).
Gostei bastante do livro I, o livro II achei a segunda parte completamente lunática e tive MUITA dificuldade em querer continuar e o melhor é o III que praticamente engoli! Universo sensacional, construção de personagem também, um pouco descritivo demais pro meu gosto e em alguns momentos achei entediante por conta disso. E no começo tive dificuldade em não relacionar um personagem do outro (com o mesmo nome).
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Marciel 24/12/2022

Mais uma vez Hanya Yanagihara se provando um escritora excepcional. Em histórias distintas desenvolvidas em três épocas também distintas - mas ambas com uma carga dramática e emocional - ela nos faz refletir sobre a liberdade em construir nossa própria história; família e nossas raízes; e sobre amar e se sentir amado.
Isso é abordado em três narrativas diferentes, nas quais a conexão entre elas reside, principalmente, na nomeação dos personagens de cada uma delas com os mesmos nomes (o que me confundiu vez ou outra, mas nada que chegasse a estragar a experiência).
Não é um livro pesado ao nível do polêmico "Uma vida pequena". Então, pra quem tem vontade em conhecer a escrita da Yanagihara, mas tem receio em ler esse, pode começar por "Ao paraíso" sem medo.
Um ponto que achei interessante aqui é que ao final de cada história ela não nos dá um final certo (o que muitos não gostam), nos deixando na incerteza do que aconteceu a partir daquele ponto em que a história foi encerrada. O que ela faz é nos apresentar possíveis conclusões. E cabe a nós escolhermos a que melhor nos convém, ou a que consideramos mais possível.
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Priciliana0 14/01/2023

"Até chegar ao paraíso"
Eu tenho muito o que falar sobre esse livro, por isso, resenhá-lo, seria uma tarefa difícil. Preciso conversar sobre ele, debatê-lo, discuti-lo, ouvir opiniões e conclusões, porque... Céus! Que leitura maravilhosa, sensível, sublime e assombrosa.

Vivenciei um mix de emoções durante a leitura, onde oscilei entre dar três estrelas, quatro, quatro e meio, até por fim dar cinco estrelas e favoritá-lo.

Hanya precisa enviar um vale terapia para seus leitores! Essa mulher, a escrita dela, a inteligência a humildade em se cercar de suporte humano e capaz para ajudá-la a criar uma narrativa tão densa, repleta de camadas, com personagens tão humanos em uma distopia ousada.

A última parte me deixou ansiosa, temerosa e esperançosa em iguais proporções. Só lendo para entender. E, eu amei muito minha experiência com esse livro. Já está no meu top melhores livros de 2023.
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lelecanales 27/04/2023

Sinopse: Um jovem herdeiro de uma família renomada resiste ao noivado com o pretendente escolhido por seu avô, após cair nas graças de um charmoso professor de música com parcos recursos. Em uma Manhattan de 1993, assolada pela epidemia de aids, um jovem havaiano vive com seu companheiro muito mais velho e endinheirado, escondendo sua infância conturbada e a história de seu pai. E, em 2093, num mundo devastado por pandemias e sob um governo autoritário, a neta traumatizada de um cientista poderoso tenta viver sem ele ? e solucionar o mistério dos sumiços do marido.
Essas três seções se combinam em uma sinfonia fascinante e engenhosa à medida que temas recorrentes se aprofundam e se relacionam: uma casa em Washington Square Park em Greenwich Village; doenças e tratamentos com custos enormes; riqueza e miséria; a oposição entre fracos e fortes; raça; a definição de família e de nação; os perigos da justiça dos poderosos e dos revolucionários; o desejo de encontrar um paraíso terreno e a percepção gradual de que algo do tipo é impossível. O que une tanto os personagens como esses diferentes Estados Unidos é o ajuste de contas com aquilo que nos torna humanos: o medo, o amor, a vergonha, a falta e a solidão.
Ao paraíso é um exemplo formidável de técnica literária, mas acima de tudo é um romance genial na forma como aborda as emoções. Sua grande força resulta da percepção de Yanagihara sobre o desejo angustiante de proteger aqueles que amamos ? companheiros, amantes, filhos, amigos e até nossos concidadãos ? e sobre a dor que sentimos quando isso não é possível.

Que livro, que leitura. Simplesmente encantada.

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