Leeh 15/10/2023"Viver... é trocar emoções com outras pessoas."Tocante e surpreende são duas palavras que eu usaria para descrever essa história, mas que mesmo assim não definem o suficiente o que eu achei e senti.
"Será que haveria um paraíso em um mundo que tiraria a vida de uma colegial?"
É engraçado identificar logo no início que nosso narrador não é confiável, porque você começa a olhar além do que ele narra. E o fato de ele não ser um narrador confiável fica provado quando só descobrimos o nome dele no final da história, pois durante todo o tempo que falam com ele, o que ele escuta não é seu próprio nome, mas o que ele pensa que os outros acham dele. [colega com quem me dou], [colega de classe meio sombrio], etc.
"Vivi desistindo da relação com pessoas desde o início. Era alguém desnecessário para as pessoas ao meu redor, algo totalmente oposto dela. Só não saberia o que responder se me perguntassem se eu estava bem com isso."
O livro nos narra toda a história de como nosso narrador e Sakura, a garota que vai morrer, começam uma estranha relação depois que ele descobre seu segredo. Os dois são muito diferentes, completamente diferentes. Mas provavelmente por serem tão diferentes, se interessam e sentem curiosidade um pelo outro. Pela maneira como o outro vê o mundo e vê a vida.
"Eu queria saber como essa pessoa tinha sido construída. Queria saber o procedimento que tinha gerado ela - alguém que influenciava as pessoas do entorno e era capaz de ter essa influência, que era o exato oposto do que eu era."
No geral, é um livro leve de se ler. É engraçado, a gente dá risada, a relação dos dois nos deixa com um sorriso no rosto. Eu vi um pouco do meu eu adolescente no narrador - introvertido, recluso, baixa autoestima, escolhe viver longe e tenta conviver bem com isso. E me ver refletida nele, na relação dele com a Sakura, me tocou demais. É até bonito percebermos a falta de tato social que ele tem no início da narrativa e como isso muda ao longo da história, conforme os dois passam mais tempo juntos.
Mas, claro, que com um diário de nome "Convivendo com a Morte", não poderíamos ser felizes pra sempre. Chorei? Sim, muito. Mas enquanto eu esperava que fosse uma história que me falaria sobre a morte e o luto, na verdade eu encontrei aqui uma história que fala sobre viver e sobre o que é a vida.
Com uma sutileza única de adolescentes que ainda estão começando a entender a si mesmos e ao mundo, mas já se deparam com o fim do caminho, Quero Comer Seu Pâncreas me tocou de uma maneira muito profunda. Eu aprendi muito com a Sakura, mas também aprendi muito com nosso narrador. É um livro que eu precisei fechar, chorar e terminar de digerir. É muito bonito, e eu recomendo muito! O título da história, pra mim, é a cereja do bolo.
"- Quando eu morrer, coma meu pâncreas, viu?
- Será que você não vai sobreviver se ficar sem a parte ruim? Quer que eu coma agora?
- Quer que eu viva?
- Muito."