spoiler visualizarVanessa.Sardenberg 27/03/2023
“Essa é minha família, eu a encontrei, estava aqui. É pequena e despedaçada, mas é boa.” - Stitch.
Se tivesse uma frase para definir a Kiara nesse livro, o que é grande parte da história, escolheria esta: “Essa é minha família, eu a encontrei, estava aqui. É pequena e despedaçada, mas é boa”, Stitch.
Esse livro é mágico, ele trata de muitas questões importantes, é rápido, não enrola, tem ação, conflito, crítica e desentendimentos. A construção do relacionamento dos parceiros é lenta, demorada e é muito legal a forma que a autora faz isso respeitando o espaço e traumas de cada um. Kyller é uma personagem que conseguimos nos identificar muito porque ela sofre algo q é comum no mundo real, eu como carioca que viveu anos no nordeste se sente um pouco na pele dela. Certamente nem se compara à questão principal racial mas comentários pejorativos e desdenhamento sobre as pessoas do Estado q morei são comuns e frequentes. muitas vezes "inconscientes". Não direcionadas a mim, por ter nascido no sudeste, mas fere quando se direcionam indiretamente aos meus amigos e família.
O enredo é bem legal mescla um pouco o universo da Sarah J Maas, jogos vorazes e tal, mas ela constrói de forma bem original os acontecimentos. Cada consequência recebe um motivo estratégico e coerente, algo difícil de se encontrar nos livros de fantasia, muitas vezes a informação fica só jogada lá kk. Meu maior apego é a relação da Kiara, quimera de estimação da Kyller, com seus tutores. Desde o início é ressaltado esse amor e carinho e a linha tênue que é a vida da Kyller por ser de uma nação inimiga, raça distinta e o fenótipo dela. Ela é isolada e constantemente afetada e violentada por isso. Combatidos Inclusive cada vez mais esses nós e travamentos ao longo do livro, até para poder ficar com o parceiro dela.
Outro tópco bastante relevante e legal é como ela é uma chave importante para retratar a relação de Zion com Serguei, onde uma criação tóxica impactou no relacionamento de pai e filho, criando raiva, rancor, mágoa, traumas, falta de confiança etc. Com o tempo, Zion começa a entender as motivações do pai, ao mesmo tempo em q ele reconhece suas falhas, defeitos e tenta melhorar. Enfim, muito triste porque eles tinham muito o que conviver ainda.
Minhas crítica negativas se dizem mais a forma que a autora lida com as interações de amizade da Kyller, ela apresenta muitos personagens legais mas a que eu achei mais trabalhada , interessante e profunda foi a Adele que inclusive era sua inimiga por muito tempo. Acho que trazer as relações de amizade da Kyller com mais profundidade, diálogos, interações , inclusive com seu professor no hospital, Ambrose, seria muito bom para a gente criar um elo afetivo com todos, algo que não consegui formar. Parabenizo a autora por conseguir criar esse elo entre o casal principal, com o Serguei e Kiara, mas talvez fosse mais produtivo apresentar menos secundários com mais foco, porque eu vi potencial entre Kyller e Aish, assim como com Breno e Hiro mas não vi de fato acontecer, porém, aguardamos os próximos livros. Até então foi tudo muito legal e bonito e superficial nas relações da Kyller fora da sua parceria e com Kiara (exceto no inicio com Breno q sensa).
Então, é isso, recomendo a leitura, tenho poucas ressalvas mas aguardo ansiosamente o próximo