Leandro.Martins 30/05/2024
Realismo, ironias e pessimismo. Machado de Assis puro.
Eu não sei porque demorei tanto a ler a minha primeira obra de Machado de Assis. Talvez por ter sido obrigado a ler quando era mais novo e não ter gostado na época. Talvez por entender hoje, que Machado de Assis deve ser lido na idade correta, quando temos maturidade pra isso. Pois bem, minha curiosidade atual se deu antes do zum zum zum que levou Machado a se tornar top 100 de livros procurados mundo afora nesta época em que escrevo. Há um ou dois anos, as redes sociais trouxeram o debate que permeia esse livro e, apesar se conhecer a peleja, nunca tinha formado opinião. E convenhamos, amigos, é por óbvio que você já lê o livro decidido a concordar com uma das hipóteses da contenda.
Quando lemos uma obra realista, precisamos entender que esta obra está cercada de um olhar um tanto pessimista, mas é possível tirarmos momentos de risos sinceros. Machado de Assis é um mestre da ironia, do humor nem tão sutil assim, mas sempre levando o leitor a entender a posição que é tomada pelo seu personagem principal. Essa obra tem a visão de Bentinho sobre o que aconteceu com sua vida. Ele é o protagonista da sua própria história, e seu olhar enviesado e cismado, faz com que o leitor tenha prejuízo na sua conclusão, pois não temos como ver a leitura do ponto de vista da Capitu. E se você quer ler este livro e chegou a essa resenha na expectativa de que a maior polêmica seja resolvida por uma opinião de leitor, desculpe, mas você precisará ler o livro para entender o que eu estou falando. Porque dá sim para entender o que se passa na cabeça de Bentinho. O amor pode nos cegar, mas o ciúme pode ser ainda pior do que a cegueira. Pode nos fazer enxergar coisas que talvez sequer existam.
Após esse livro, darei um tempo do realismo de Machado, mas logo logo voltarei a ele, vou procurar em breve a leitura de Memórias Póstumas. E saber o que está acontecendo com o mundo todo que o está lendo neste momento.