Morda meu coração na esquina

Morda meu coração na esquina Roberto Piva




Resenhas - Morda meu coração na esquina


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Adriana Scarpin 23/06/2023

Se Rita Lee era Santa Rita de Sampa, Roberto Piva é o Exu Paulistano.
Talvez Piva é o poeta brasileiro com o qual mais me identifique e meu segundo favorito aqui da terrinha (perde pra Hilda Hilst), relendo essa edição de sua poesia completa da Companhia das Letras isso fica ainda mais evidente.
Comprei essa edição por praticidade de ser volume único (acaso eu queira levar em viagens), porque não tem muita coisa nova em relação à trilogia de livros lançada pela Editora Globo em fins dos 2000. Tem um texto novo do Claudio Willer, uma nova introdução do Alcir Pecora, e 14 poemas do Piva que podem ou não estar "acabados".
Enfim, Piva sempre foi e será uma força retumbante com seu surrealismo beatnik, sua pulsão carnal, seu anarquismo na literatura e na vida.

Plus: Enquanto eu estava terminando de ler na praça um senhor se aproximou me pedindo pra comprar seu livro, dei uma olhada na capa e espontaneamente dei uma gargalhada. Estava eu vestida com uma camiseta com a sweet transvestite Frank N. Furter estampada e lendo o maior poeta queer do país e o cara me oferece um livro chamado O Baile dos Machões. Quem conhece os homens da minha cidade sabe que esse título não é irônico, depois me senti mal por ter rido na cara dele, mas havia claros sinais que talvez seu livro não fosse a minha praia. Rá!
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Ronaldo Thomé 29/09/2023

URRANDO NOS POLIEDROS DA JUSTIÇA
Fenomenal! Roberto Piva foi uma descoberta, lá na minha adolescência, há quase 20 anos, enquanto eu assistia o antigo programa Entre Linhas, na TV Cultura. De cara, fui arrebatado por aquelas poesias insanas e sonhadoras, que não se pareciam com nada do que eu conhecia.

Piva tem enorme influência da literatura beatnik e do surrealismo; sua poesia é transgressora, libertária e anárquica. Em seus primeiros livros, vemos que seus textos se parecem quase com experiências xamânicas, visões, devaneios e pesadelos. O autor mistura o real e o imaginário de forma impressionante, quase como se ele realmente estivesse vivendo aqueles transes. Sua poesia nessa época é profundamente urbana, evocando imagens e ambientes que sugerem o caos e a febre da noite de São Paulo.

Elementos como a sexualidade, a embriaguez, a luta contra o poder dominante e a arte como meio de catarse, em relação à vida (Piva tem influência de vários filósofos, entre eles Nietzsche).

Piva (assim como Ana C. César) proporciona inúmeros significados, ainda que seu texto não seja denso ou cansativo. Em muitos momentos, ele se posiciona como se fosse um louco, berrando a plenos pulmões no meio das avenidas da metrópole; em outros é intimista, celebrando o desejo sexual proibido, para depois mandar às favas a moral e bons costumes. 

Definitivamente, um retrato marginal, fantasioso e atemporal do surrealismo na poesia (ainda que fora de sua época), Piva é um dos melhores poetas do país, e a partir de agora, mais um dos meus favoritos da vida!

Em tempo: o primeiro livro de Piva (Paranoia) completa 60 ANOS em 2023! Parabéns, Piva\o/

Indicado para: quem quer conhecer a poesia surrealista, com influências do xamanismo e misticismo e, ainda assim, cética e desvairada.

Nota: outro livro que merece MUITO mais que 10,0!


Dica: leia ouvindo Meeting of the Spirits, da Mahavishnu Orchestra! 
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Café 13/03/2023

Poesia de linguagem mais culta e profunda
Muito bem escrito, porém não é bem meu tipo de livro, por isso a classificação.

Creio que será melhor avaliado pelos amantes de clássicos da literatura brasileira, tendo em vista o padrão de escrita.
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hy.lancaster 23/04/2023

Nem todo livro é pra gente
Esse livro de poemas do Piva tem qualidade literária e alguns trechos que me chamaram atenção, mas não comoção. Nem todo livro vai mexer com a gente e esse foi um desses candidatos que, vez ou ou outra, nos interpelam o caminho.

Recomendo a quem gosta desse tipo de construção literária e esteja afim com o autor e suas produções; a quem desconhece, é uma oportunidade de averiguar se lhe remexe as entranhas.

A mim, no entanto, foi um livro bastante parado com algumas boas citações e menções espiritualistas que me tomaram atenção por alguns minutos.
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