Vidas Sem Margens

Vidas Sem Margens Alice Casimiro Lopes




Resenhas - Vidas Sem Margens


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Fernanda Sheila 27/04/2024

A dois, a três, a sós, em família
Na minha concepção, "Vidas sem Margens" é uma obra sobre a vida. Sobre o cotidiano e sobre momentos e acontecimentos simples.
Cada conto tem sua peculiaridade, alguns com finais em aberto, para que você interprete da sua forma. Outros com início, meio e fim bem claros.
Certos contos tiveram o poder de me fazer sentir desconforto com a leitura, talvez fosse a intenção. Entre eles, o último me causou um incômodo de certa forma, com a repetição de uma história tão triste.
Recomendo a leitura, é um livro que você pode ler aos poucos, sem pressa para concluir.
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fev 03/03/2024

A maioria dos contos é muito boa. A escrita é sensacional. Redondinha e perfeita. As palavras estão no lugar certo. O último conto é uma aula de escrita e um exemplo do porquê amo ler contos. Recomendo.
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alineaimee 10/05/2023

Escritora-leitora
?Tal como não me lembro das palavras de todos os livros, sobram-me apenas fragmentos de sensações e ideias de nossa vida a dois. Certa vez li que a memória das pessoas é como uma obra de arte. Inventamos à medida que acumulamos. Acumulamos muito sem poder acessar tudo. Como os livros. Começaram a se multiplicar de tal maneira que precisamos usar o sótão para guardar parte deles. Minha coleção de dedicatórias ficou em um baú em marchetaria, presente dele, e nunca mais cresceu. Não é possível guardar tantos livros, não é possível reter tantas lembranças. Seria insuportável reter todo o sofrimento e o amor na memória.?

Dentre as muitas metáforas que Jorge Luis Borges utilizou para se referir ao universo está a do livro ? de todas, a imagem que mais se lhe aderiu. Escritor-leitor, o contista argentino se empenhara em criar uma obra onde a literatura fosse tematizada enquanto um grande abismo de páginas que se continham, se replicavam, se espelhavam.

É num universo de mesmo tipo que adentramos ao ler o livro de estreia na ficção da educadora carioca Alice Casimiro Lopes. ?Vidas sem margens?, publicado pela editora Oito e Meio em 2022, é uma coletânea de vinte contos que nos estende um espelho para que vejamos refletido aquele que perpassa o livro em diferentes camadas: o texto. Nestas histórias, há tanto escritores quanto leitores ? de livros, de situações, de pessoas ?, e a autora se revela, ela também, uma escritora para quem a invenção literária enquanto tema nunca se perde. Além do diálogo com outros escritores, como Elena Ferrante, Dino Buzzati e John Wiliams, há personagens que escrevem, que editam, que revisam, que leem, assim como há os que sonham, os que lembram, os que deliram, em outro nível de leitura/escritura.

Acompanhando tantos legentes e escreventes está uma multiplicidade de desejos: irrealizados, proibidos, obsessivos, condenáveis, inusitados, surpreendentes, cuja potência levará seus detentores, se não a ultrapassar as tais margens anunciadas no título, a assediá-las.

Dividido em quatro partes ? ?A dois?, ?A três?, ?A sós? e ?Em família? ? o livro nos apresenta diferentes versões de interioridades e trocas, cuja riqueza faz saltar das entrelinhas a impressionante capacidade de observação da autora. Lopes extrai momentos singulares e fascinantes da vida mais modesta, o que soma mais um sentido à ausência de margens. Restrito nas bordas da página, o texto da autora, na verdade, reflete imensidões: personagens nuançados, densos, descritos com uma generosidade que em lugar de limitá-los em moralismos e determinismos, sustenta-os na riqueza de suas ambiguidades.

[ Resenha publicada em instagram.com/alineaimee ]
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luizhenrique.dourado.1 08/04/2023

Potente, denso, alta qualidade literária!
Os contos de Alice são profundos, densos, falam sobre as relações pessoais da vida de uma forma sensível, sem nunca ser explícita, a contação da história no subtexto talvez seja um dos maiores méritos do livro que, aliás, são muitos. Qualquer singelo evento, como a volta tormentosa do trabalho para casa no conto "Sapatos" vira um arrebato literário. Há contos que possuem o tal "punch", uma revelação, mas outros se bastam pelo sabor da caminhada. É difícil escolher favoritos, não há um conto que não seja bom, mas muitos alcançam a excelência. São contos que precisam ser digeridos depois, pois ficam, pesam, não de uma forma ruim, pesam pois nos provocam, mexem alguma coisa lá dentro. Talvez a maior força da literatura, ainda mais que outras artes, seja mover o interior do público e Alice domina esse poder. A autora mostra uma bagagem de leitura e escrita, é um livro que sequer parece ser o primeiro lançamento, é madura, a ponto de fechar a coletânea com um conto que trabalha com 4 versões da mesma história, mexendo os pontos de vista diante de uma visão crítica do editor, numa gostosa e inventiva brincadeira de metalinguagem. É difícil não achar o "editor" do conto muito exigente, pois todas as versões em que ele propõe melhorias, praticamente já dariam um conto por si só. Há contos com um verniz de sinistro como "A mulher daquela casa", "Lorelai" ou "Intimidade" há outros com toque de sensualidade como "Concerto para piano e orquestra de violões", mas o colorido é tão sutil, tão bem trabalhado que não se perde a conexão entre eles, há um fio condutor claro. Me propus a escolher 5 entre os 20, mas não consegui, então vão 6 (já arduamente enxugados, outros lutaram para entrar), seriam: Vidas sem Margens, Destruição em Vermelho e Branco, Um homem singular, Quarta-feira de Cinzas, Lorelai, Sapatos e Últimos dias. É um livro de contos que tem as qualidades que os grandes concursos nacionais costumam apreciar e premiar, une boas histórias, profundas, literárias. Por favor, Alice, inscreva! Recomendo demais, que livro de estreia! No aguardo do próximo.
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