Bruna 15/05/2023
Esse livro tem contos excelentes, que usam a estrutura corretamente para nos mostrar um pedaço de uma história maior com uma conclusão. São contos que realmente utilizam o subgênero solarpunk em sua narrativa, mostrando ações e alternativas sustentáveis para vivermos e salvarmos o planeta. Uma mistura de distopia e utopia. É um gênero muito bom, que traz uma visão de esperança a partir de ideias que podem ser exploradas desde já.
Já outros contos não usam muito bem essa estrutura, mostram um pedaço de uma história sem conclusão, como se fosse de um universo bem maior criado pelo autor. Serve mais para vermos algumas ideias interessantes mas não há uma história em si. Mas isso é normal em qualquer livro de contos.
O que eu não curti mesmo foi o texto final sobre as diferenças entre cyber, steam e solarpunk. Não havia necessidade de ser tão crítico aos dois primeiros como outros gêneros como a própria ficção científica e a fantasia. Ele utilizou de diversos textos e análises para atacar esse gêneros e elevar a importância do solarpunk. O prefácio é ótimo e fala todas as características e mostra como o solarpunk é interessante, viável e até útil sem atacar os outros. Já o texto no final pra fazer isso chega a atacar as pessoas e os leitores como se a leitura e produção de qualquer outro gênero fosse somente escapista, mais do mesmo ou preguiçoso, como se só o solarpunk fosse um gênero útil e interessante, porque nele se pode ter resultado reais no futuro enquanto os outros só fica em nostalgia, reclamação e não fazem diferença.
Como leitora, achei isso uma baboseira sem fim, uma arrogância da parte dele. Ficar medindo utilidade de histórias e os gêneros é em si inútil e ridículo, uma visão extrema e até mesmo capitalista. Não escrevemos ou lemos apenas por utilidade, lemos apesar disso, literatura vai além. Uma pena que um escritor tenha essa visão.
Eu estava gostando do livro e realmente queria indicar para mais pessoas já que temos pouca produção desse gênero, mas se for para ter esse tipo de visão, prefiro não indicar.