Lurdes 07/05/2023
Nossa!
Difícil achar palavras para definir Friday Black, bem como os sentimentos que me provocou.
Livro incrível que eleva à nona potência a violência da sociedade branca e capitalista, explicitando o racismo, a opressão, e escancarando o quanto a sociedade pode ser cruel e desumana.
São 12 contos, com pitadas distópicas e surrealistas e, ao mesmo tempo, tão assustadoramente familiares.
No primeiro conto, Os cinco de Finkelstein, cinco crianças negras são decapitadas com uma motosserra por um "cidadão de bem" que se sentiu ameaçado por elas e é inocentado.
Esta narrativa já arrasa com a gente e já vai nos preparando para o que vem pela frente.
Vamos conhecer estórias e personagens que nos tiram do eixo, como o vendedor que trabalha em uma Black Friday insana em que conseguir comprar os bens de consumo desejados pode ser mais importante do que qualquer outra coisa, incluindo a vida.
Ou o personagem cujo emprego é ser alvo em um parque temático, numa vibe Westworld que usa, ao invés de robôs, seres humanos de verdade.
E o adolescente que não passou por seleção genética e portanto não possui habilidades especiais e que se sente deslocado, precisando de doses extras de injeções de "Bem Estar".
O autor é brilhante e não poupa munição.
É uma leitura dura, crua, que nos deixa com o coração apertado.
Tenho lido muitas narrativas anti racistas que sempre são doloridas, revoltantes, mas acho que nenhuma havia sido tão contundente quanto esta.
Talvez por ser tão contemporânea.
Gostei demais da escrita do autor, que flui em meio ao caos.
Recomendo!