Resenhas - Uma Porta Estreita

Melo 28/10/2022

Leitura Estática, Apenas o Fim interessa
Talvez vá soar crua e rude demais ao dizer isto: o livro não me impressionou e nem gostei assim tanto dele.
Não acompanhei os antigos livros de Joanne Harris, e talvez isso seja uma desvantagem para mim, mas a verdade é que não me senti minimamente atraída pelos personagens que se encontravam nesta história. Inclusive, senti-me bastante traída pelo plot que se compromete a trazer e que nos consegue enganar um pouco. De uma história que se pensa retratar de como uma mulher alcança o topo e o mérito no meio de uma sociedade rodeada por homens, o que temos é uma mulher que manipula as jogadas a seu favor, doa a quem doer, e sem manter sequer a moralidade acerca dos sentimentos dos outros. Na verdade, a conclusão a que cheguei, enquanto lia o livro, é que a protagonista é uma sociopata ou psicopata. Porque é impossível que alguém reaja da forma como ela o faz, inclusive para com a filha. Quem quer que tenha aqueles tipos de pensamentos pelo próprio sangue não está mentalmente são para ser considerado um benefício à comunidade.
Outra coisa que me massacrou bastante a cabeça foi a forma com que a narrativa se expressou. As voltas que a protagonista deu ao relatar o seu passado a Straitley não me deixaram interessada no que ela contava, muito ao contrário de Roy. Na realidade, deixaram-me foi aborrecida ao ponto de ter necessidade de parar de ler porque já não aguentava com ela a contar eventos que, de alguma forma, eram importantes para alcançar os seus objetivos, mas que alcançavam alturas em que já não se aguentava continuar a ler. Quanto mais o Roy a ouvir aquilo por dias a fio e a querer por mais.
Talvez a parte que me tenha prendido mais foi o final. Exatamente por aquilo que era: o final. Onde os mistérios começaram a fazer completamente sentido e pudemos finalmente confirmar quais os crimes que Rebecca conhecia. Tiveram algumas coisas que me surpreenderam acerca de como a escritora amarrou os nós? Sim, completamente. Nunca teria chegado até aquele ponto. Mas é esse o único mérito que reconheço na leitura e em algumas das análises feitas pela protagonista. Pois o resto? Não foi das melhores leituras do ano.