spoiler visualizarjuliasilva 22/07/2023
Nessa obra de Itamar, as raízes indígenas falam por si só; a batalha dos povos originários contra a dominação cultural europeia, relembrando o genocídio dos povos e da cultura local pela presença da Igreja católica no interior baiano
A narrativa lembra bastante a escrita de Torto Arado, com a memória dos povos que originaram as raízes culturais brasileiras e representam a miscigenação atual do nosso país, que enriquece nossa matriz histórica.
A figura de Luzia mostra a resistência contra a dominação eurocêntrica em aldeias indígenas baianas, conectando-se com o passado através das lenas, mitos, feitiços e outros, sendo uma maneira de resistir e demonstrar a importância dos ritos culturais para esses povoados, como essa rotina faz parte da vida dessas pessoas e como liga a vivência deles ao lugar com o passado.
Essa dança da história de Luzia com o arrependimento no final de sua vida de não ter mostrado sua força anteriormente, só reforça a imagem de que nunca é tarde para tornar-se livre das amarras culturais as quais ataram a cultura indígena no passado e no presente, com a sensação de liberdade de poder viver sua cultura livremente, representada pelo autor como o fogo, que queima dentro da personagem, gritando para se libertar finalmente da caixa cultural europeia os quais foram forçados a entrar.
Logo, o autor relembra a grande luta da população tupinambá contra os europeus no litoral, a qual houve grande violência por ambas as partes, mas os indígenas acabaram sofrendo ainda mais devido ao avanço europeu pela costa, sendo forçados a se isolarem no interior do país para sobreviver; a memória dessa batalha queima em todo brasileiro o sentimento nacionalista de pertencimento, de revolta pelo aniquilamento cultural desses povoados, como também o genocídio dessas pessoas; O livro é excelente para nos lembrar da importância de valorizarmos a cultura originária do nosso país, como ela é importante para a nossa história e para a preservação desses povoados atualmente, sendo uma pauta bastante atual; a única crítica ao livro seria realmente a imensa similaridade com Torto Arado no que tange as pautas discutidas, mas isso não torna a narrativa ruim em momento algum, ela enlaça o leitor na maior parte da leitura e nos envolve nessa discussão sobre a preservação cultural indígena que é essencial para a sociedade brasileira atualmente.
nota: 9,7