Lurdes 14/12/2023
Cinco dias... até a família, colegas e escola darem falta de Bahadur, de 10 anos.
Bahadur era muito quieto, devido a timidez e gagueira. Apesar de esperto, passava despercebido e costumava se ausentar sem que ninguém percebesse. Sua mãe precisou ficar alguns dias fora e, quando retorna, não o encontra. Começa, então uma busca pelo menino.
Mas não pensem que a polícia se mobiliza na busca. Bahadur vive em uma favela com sua família e a polícia não está preocupada com eles.
Não só Bahadur era invisível, mas toda a comunidade e, se reclamarem muito, ainda correm o risco de serem expulsos de suas casas precárias.
O menino Jai, então, resolve formar uma força tarefa com Pari e Faiz, seus colegas de escola, para investigarem o desaparecimento. Eles se acham preparados já que adoram acompanhar estórias policiais pela TV. Mas encontram muito mais dificuldades do que esperavam.
E pior, começam a acontecer outros desaparecimentos, todos de crianças e adolescentes da favela.
E a polícia?
Nem ai.
O início do livro demorou um pouquinho para engrenar, mas foi ganhando força narrativa e me envolvi cada vez mais.
A autora nos apresenta um belo contexto cultural da Índia, com suas contradições, desigualdades sociais, a sombra das castas, o preconceito, muito voltado aos muçulmanos, o descaso com as comunidades mais desfavorecidas e a reverência das autoridades aos mais privilegiados, considerados acima de qualquer suspeita pois, afinal, são ricos e educados.
Me emocionei muito com as crianças e suas famílias, tão esquecidos, tão frágeis e, ao mesmo tempo, tão fortes.
Recomendo muito a ?eitura, porque é uma estória profunda, com muitas camadas e porque nos dá a oportunidade de conhecer um pouco mais deste país, tão fascinante.
Atualmente a Índia é o país mais populoso do mundo e é um trabalho hercúleo (mas necessário) oferecer condições dignas a todos.