Josi 01/05/2024
Esse livro encantador nos traz a história de um jovem indígena em busca de seu destino, em uma verdadeira jornada de autoconhecimento e aceitação.
Terceiro filho do cacique de sua aldeia, o garoto foi rejeitado pela mãe no nascimento, devido as dores provocadas no parto, e apenas o acaso (ou destino) o impediu de ser abandonado logo em seus primeiros instantes de vida, como era costume em sua cultura.
O garoto foi criado não para ser guerreiro, posição que ele possui ciência de não ter vocação alguma para ocupar, até pela sua constituição franzina e as rígidas tradições sobre a linha sucessória, mas para se tornar um pajé, o líder espiritual da aldeia.
Guiado por dois mestres, ele passa por uma longa preparação para dominar os mistérios e conhecimentos que envolvem a vida como pajé. Mas ele só estará pronto para assumir seu destino e guiar seu povo com toda a sabedoria adquirida quando aprender também a perdoar, a si mesmo e àqueles que o magoaram no passado.
A narrativa assume um tom íntimo e pessoal, acentuado pela narração em primeira pessoa, que faz o relato soar como uma autobiografia.
Com uma linguagem simples e envolvente, o protagonista descreve os sentimentos conflituosos que tem pelo seu povo, em especial por sua mãe, devido a dificuldade de crescer se sentindo rejeitado e excluído por não corresponder às expectativas e padrões da comunidade.
É comovente sua jornada para superar o rancor e desenvolver seu dom, que o permitirá assumir uma posição em que sua personalidade solitária e reflexiva será vista com respeito, não como uma maldição.
Apesar de classificada como literatura infantojuvenil, essa é uma obra para leitores de todas as idades, que possibilita conhecer, através de um olhar sensível e uma linguagem acessível, um pouco sobre os costumes, tradições e práticas comuns aos nossos povos originários, além de nos dar uma boa perspectiva sobre o respeito e a ligação mística destes com a natureza que os cerca.