O mínimo sobre Anarcocapitalismo

O mínimo sobre Anarcocapitalismo Paulo Kogos




Resenhas - O mínimo sobre Anarcocapitalismo


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Lahlavrac 04/02/2024

Um "anarcocapitalista templário" discorre o mínimo sobre anarcocapitalismo
O livro O mínimo sobre anarcocapitalismo, de Paulo Kogos, foi uma boa surpresa.

Confesso que não esperava que o livro resultasse tão pertinente. Embora seja um texto introdutório e muito curto, como é próprio da coleção na qual se insere, ele consegue abarcar um número grande de temas dentro do assunto e apresentar um diálogo e um debate, digamos assim, entre diversos autores e obras de diferentes épocas. Neste livreto, ninguém dirá de Kogos que ele não tem bases para dizer o que diz.

A partir da leitura deste mínimo você poderá discordar de Kogos, mas não desprezá-lo. Seu texto fundamenta e explora as premissas do anarcocapitalismo, expondo uma visão crítica ao papel do Estado em diversas esferas da sociedade. Dividindo sua análise em quatro partes, Kogos aborda questões econômicas, urbanísticas, ambientais, de saúde, educação e estratégias para uma contra-revolução anarcocapitalista.

No âmbito econômico, o autor questiona a eficácia das intervenções estatais na economia, argumentando que, a título de exemplo, a construção de estradas e a regulação estatal muitas vezes negligenciam o potencial econômico local. A ideia de que o investidor privado, motivado pelo lucro, pode desempenhar um papel mais eficiente na construção de infraestruturas é central em seu raciocínio. Kogos ressalta a importância das rotas comerciais precederem a construção de estradas, evidenciando a interconexão entre a economia local e o desenvolvimento de infraestruturas.

Quanto ao urbanismo, o livro expressa forte crítica ao planejamento urbano estatal, que, segundo ele, retira a responsabilidade do indivíduo pelo espaço em que habita. Ele destaca a tendência natural da ação humana em cooperar e aprofundar a divisão do trabalho, resultando na emergência espontânea das cidades como localidades especializadas. O texto expõe forte rejeição à ideia de cidades planejadas centralmente, argumentando que a interferência do poder centralizador corrompe a harmonia entre cidade e campo.

No tocante ao meio ambiente, o autor aborda a relação entre a natureza humana e a exploração de outras espécies. Ele critica leis ambientais que não se fundamentam na preservação dos direitos naturais do homem, enfatizando que o bem-estar humano deve ser o fundamento de qualquer consideração ambiental legítima. Kogos denuncia as falsas doutrinas ecofascistas, particularmente a narrativa das mudanças climáticas antropogênicas, argumentando que medidas como limites de emissão de carbono podem condenar nações inteiras à miséria.

No domínio da saúde, de meu ponto de vista se encontra a parte mais polêmica, conquanto é o setor de maior dificuldade de compreensão do público leigo ou mesmo ignorante. Neste ponto, o autor desafia a noção de que os serviços de saúde são um direito, defendendo que são mercadorias sujeitas às forças do mercado. Ele destaca como a medicina socializada inibe o comportamento profilático e prejudica o diagnóstico precoce, apontando, também, para a superioridade ética do anarcocapitalismo em lidar com epidemias.

Na seara da educação, Kogos argumenta veementemente contra o monopólio estatal, considerando a instrução estatal pior do que a ausência de instrução. Ele critica a doutrinação e a perversão moral e intelectual que ocorrem nas instituições educacionais controladas pelo Estado. O autor defende a eliminação completa da participação estatal na educação, propondo o homeschooling e o unschooling como alternativas desejáveis, ressaltando a importância da liberdade na formação educacional.

Por fim, no que diz respeito a estratégias para uma contra-revolução anarcocapitalista, Kogos destaca a necessidade de resistência às ideologias antimatrimoniais, promovendo valores familiares e comunitários. Ele enfatiza a importância de adquirir conhecimentos práticos, como defesa pessoal e habilidades agrícolas, para alcançar autonomia e resistir ao sistema estabelecido. O autor conclui ressaltando a necessidade de discernir leis justas daquelas injustas, advogando pela desobediência civil como forma de combater a injustiça.

O mínimo sobre anarcocapitalismo não só apresenta o anarcocapitalismo, mas defende-o com unhas e dentes a partir de uma abordagem multifacetada e crítica às instituições estatais, fazendo uma apologia do anarcocapitalismo como um modelo alternativo que enfatiza a autonomia individual, a liberdade e a eficiência do mercado em diversas esferas sociais. As análises de Kogos propõem uma reflexão profunda sobre o papel do Estado e sua influência nas dinâmicas sociais. Mas não só isso. Paulo Kogos faz tudo isso tendo como fator crucial para sua linha de pensamento a fé católica. Uma boa parte de seus argumentos é norteado, em primeiro plano pela doutrina católica, evocando seus santos e doutores para corroborar seu pensamento.

Seu texto, além de ir frontalmente contra o pensamento socialista/comunista, também abarca críticas ao liberalismo e ao libertarianismo, considerado por ele falho e/ou incoerente em diversos aspectos.

Por fim, estamos aqui diante de um bom livro, inteligente, bem embasado, mas que, a meu ver poderia ser mais sutil e de fácil leitura. Entende que a coleção é uma porta de entrada para aqueles que estão na ignorância e que pode ter mais curiosidade do que hábito de leitura. De maneira que se pensado nesse tipo de leitor (iniciante) o livro poderia ter outra linguagem, outra dinâmica facilitadora e pudesse cumprir de maneira ainda melhor o que cumpriu aqui.

Nota: 6,75.
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