Michelle Trevisani 19/02/2023
Muito bom!
Eu amo contos. É um estilo literário que me agrada demais. Comecei me apaixonando por Luis Fernando Veríssimo e sempre que tenho oportunidade, leio livros assim. Quando recebi o convite da Gabriela Roman para ler o seu livro, não pensei duas vezes ao aceitar. O que eu não esperava ao lê-lo, era que ele iria me despertar tantas reflexões.
Com uma entonação distópica, o livro baila entre realidade e ficção. Muito do que o livro carrega infelizmente é algo não tão distante, inclusive que acontece diariamente mas de menor teor.
O livro é dividido em 5 contos: De olhos fechados; Smart home; A missão da mulher; O último homem na Terra; Meu coração em suas mãos. O primeiro fala de um mundo assolado por um vírus e como é viver recluso por causa dele; o segundo nos mostra um mundo onde realidades virtuais ao invés de nos servirem, mandam e controlam nossa vida; o terceiro trata de temas sensíveis como discussão da liberdade dos corpos femininos e como isso interfere nas escolhas das mulheres; o quarto trata de um mundo onde mulheres governam - todos os homens foram mortos, restando apenas um; e o último tem como tema principal os devaneios de uma mulher que precisa aprender a viver com uma nova condição: pernas biônicas no lugar das suas verdadeiras.
Sem poupar o leitor, Gabriela é direta em suas linhas. Seu desejo é provocar. É mostrar com suas histórias o quão longe o ser humano pode ir de sua humanidade. O quando somos codependentes e mesmo assim não cuidamos de nossas relações. O como somos constantemente oprimidos, as minorias, as mulheres, os diferentes. Seu livro é instigante, cru e certeiro. Um livro que não mede palavras, que as regurgita e mostra o lado mais duro do ser humano.
Mergulhei nesse livro e me deixei tocar pelas histórias. Recomendo muito para você que também não se deixa intimidar por linhas duras e sinceras. Esse livro é uma crítica à sociedade muito bem feita.