Filhos do Sertão

Filhos do Sertão Sebastião Kelvi Dantas




Resenhas - Filhos do Sertão


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Dri 16/03/2024

? Cosme e Damião são irmãos que foram sentenciados a uma vida difícil e sofrida: perderam a mãe muito cedo e de forma trágica, e, dessa dor, fizeram surgir um desejo muito forte de vingança.

? Em meio a esta triste e tortuosa jornada, o cangaço surge em seus caminhos, e os garotos decidem fazer dele o seu novo "lar", onde um laço/sentimento de identificação nasce das histórias que cada integrante carrega, cercada de muita tristeza e violência também.

? Assim, Cosme e Damião tomam uma nova identidade para si, mergulhando numa estrada de desespero e angústia.

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Pelo olhar de Damião, mais conhecido como Diabo Cego, vamos acompanhar as asperezas de um sertão marcado por injustiças, desigualdade e pobreza, que torna a trajetória desse povo alegre, carismático, dotado de muita força e que mora no Nordeste, uma eterna busca por sobrevivência.

A ambientação é construída de forma muito singular, trazendo características particulares da região, como sua cultura e costumes (algo que adorei observar). A narrativa em primeira pessoa nos faz imergir por completo na história desses sertanejos, entendendo suas aflições, mágoas e o remorso que só fazia crescer ao longo dos capítulos.

Adorei as partes em que o autor explora os sonhos "proféticos" de Damião, e a maneira como expõe os sentimentos de cada personagem, sempre com muita honestidade com o leitor.

Vale ressaltar, contudo, que essa é uma narrativa marcada por muito sofrimento, cenas extramente pesadas e violentas. Não esperem um final feliz, o autor é bem sincero com os rumos e escolhas tomadas pelos protagonistas. Aqui enxergamos como a busca pela verdade pode ser devastadora e que viver uma vida permeada por ódio e vingança acaba fazendo de você um reflexo daquilo que mais despreza.

Recomendo a leitura àqueles que realmente querem mergulhar em uma trama marcada por fortes emoções e cenas sangrentas ??
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Pedro 16/12/2023

Uma obra nordestina sem igual
Uma história carregada de ação e aventura do início ao fim.
Com narração em primeira pessoa através de Damião, somos inseridos em uma história com personagens dubios e a cada nova página nos pegamos ávidos para concluir a leitura.
O regionalismo está presente na obra como um todo. E achei uma sacada de mestre do Sebastião em trabalhar um tom informal nos diálogos e algo mais formal na narração, dessa forma ajuda na compreensão dos leitores que não estão acostumado com as gírias e o modo de falar do nosso nordeste.
Acompanhar a trajetória dos personagens é algo lindo de se ver, mesmo se tratando de cangaceiros.
O autor desenvolveu todos os personagens com maestria e foi incrível saber sobre como cada um deles entrou para o bando do Capitão Juazeiro.
Por temos a narração em primeira pessoa, é normal criar um vínculo maior com Damião. E ver seus medos, anseios e sede de vingança faz com que o leitor fique completamente preso a história e torcendo para que ele chegue aos seus objetivos.
Em "Filhos do Sertão" somos agraciados com uma história com referências que vão desde o "Auto da Compadecida" até figuras carimbadas da cultura nordestina. Numa trama que envolve vingança, traição, luto e o drama vivido pelo povo do sertão nordestino, sem deixar de lado uma poderosa reflexão e crítica sobre o descaso da sociedade e da força policial. Um livro minuciosamente trabalhado para entregar ao leitor uma verdadeira obra-prima.
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Taize @viagemliteral 04/08/2023

Queria poder dizer que esse livro fala apenas sobre as malezas do sertão nordestino, ou a felicidade de fazer parte dele.
Quando iniciamos a leitura, até parece isso; começamos a nos divertir com os xingamentos de Damião - que são tão usados aqui na minha região.
Mas, ao adentrar mais fundo na história, percebemos que vai além do entretenimento; ela fala sobre as dores da vida, das despedidas para eternidade, da revolta, da sede de vingança, das traições daqueles a quem confiamos nossas vidas.

As vidas dos irmãos Cosme e Damião mudaram para sempre quando sua mãe foi assassinada e eles precisaram contar com a sorte.

A sorte veio com os nomes de Seu Bié e dona Maria, que os encontraram na estrada e os criaram como se fossem seus filhos.

Mas os meninos tinham ânsia por vingança, e ao crescerem, entraram para o cangaço, pois só assim criariam forças para descobrir quem foram os assassinos e vingar sua morte mãe.

Porém, como é sabido, a vida no cangaço não é de flores, inocentes são mortos, traições acontecem a todo momento, e para a surpresa de Damião - agora conhecido como Diab0 Cego, por ter perdido seu olho tropeçando num pé de mandacaru quando criança - , as cobras que tanto apareciam em seus sonhos vieram para a sua realidade, tornando sua vida uma carnificina sem igual.

"...eu tento apegar o resto de esperança que me resta na sua existência, para que haja sentido nas coisas que eu faço, e espero que exista alguma coisa depois que a luz do meu olho apagar."

Bem, preciso deixar claro que nesse livro contém cenas de violência e morte bem detalhadas, então se você for sensível, vai com calma!

A vida não foi fácil para Cosme e Damião, principalmente para Damião que tinha uma personalidade mais forte; no entanto é fácil a gente se apegar a ele e torcer para que seus planos dêem certo, pois é perceptível que todo aquele rancor é em decorrência dos traumas vividos durante sua infância.

Apesar da obra trazer como pano de fundo a violência, traição, luto e vingança, ela consegue nos emocionar com a história dos meninos, com a dor de não poder ter a mãe, com o pesar de não ter uma mão estendida, ou a perspectiva de formar uma família.

Temos personagens bem desenvolvidos, uma ambientação sertaneja, com sua cultura e cores que tornam tudo ainda mais intenso e real; a escrita do autor é impecável, e conseguimos perceber o quanto ele pesquisou e estudou para trazer as características do cangaço e do sertão nordestino para nos proporcionar uma leitura gostosa e palpável.
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Loneta 23/10/2023minha estante
Muito obrigado por ler, fico muito feliz e honrado que tenha gostado!! :)




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