Poco hombre

Poco hombre Pedro Lemebel




Resenhas - Poco hombre


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estranhus 15/03/2024

Os textos que compõem essa Antologia, são de uma urgência e urram realidades de um passado, que soam frescas até hoje. Parece um manual escrito por uma bicha sábia para uma bicha neófita, que está mais preocupada com a lacração do que um bem coletivo. A cacura ensina e parece ter paciência, ela não vai desistir da jovem aprendiz.
Interessante frisar o contexto histórico, ilustrando bem a ditadura chilena, passando pela epidemia da Aids e como sobrevivia a comunidade gay da época.
Lemebel é a flor do Atacama, cheia de espinhos e com fluxo leitoso em seu caule. Uma arapuca feroz, com humor, mágoas e  tantas agruras que fazem moldura para sua rica literatura.
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Emy 16/01/2024

"Yo creo que escribir es una forma de luchar, es una forma de decir aquí estoy, este es mi testimonio."
Ao adentrar as páginas de "Poco Hombre", inicialmente me deparei com uma narrativa que, confesso, me pareceu um tanto lenta e desafiadora. A escrita de Pedro Lemebel, de início, apresentava-se como um labirinto que exigia paciência para ser desbravado. No entanto, à medida que mergulhava mais fundo na trama, a poética singular da obra começou a envolver-me, conquistando gradualmente minha atenção.

Através dos capítulos, experimentei uma oscilação de emoções que variavam entre momentos de divertimento e outros de profundo sofrimento. Essa dualidade de sensações, habilmente tecida por Lemebel, revelou-se um elemento crucial na construção de uma experiência literária cativante e multifacetada.

Os capítulos que me divertiam proporcionavam um alívio necessário diante da intensidade de certas passagens mais angustiantes. Lemebel demonstra sua habilidade em manejar diferentes tons, conferindo uma riqueza peculiar à narrativa. A capacidade do autor de transitar entre o humor e a tragédia oferece uma complexidade que enriquece a trama, proporcionando ao leitor uma experiência reflexiva e visceral.

"Poco Hombre" não se limita apenas ao entretenimento; revela-se uma ferramenta poderosa para compreender o desenvolvimento político na América Latina. Ao explorar as nuances da sociedade e sua interação com o cenário político, Lemebel constrói uma narrativa que (trans)cende as fronteiras da ficção, proporcionando uma análise penetrante dos desafios enfrentados pela região.

A obra se revela como uma jornada transformadora, onde a paciência inicialmente exigida pela narrativa é recompensada com uma compreensão mais profunda não apenas dos personagens, mas também da complexa teia política que permeia a América Latina; se trançando com a história também da população LGBTQIA+, uma "minoria" política em poder mas não em força. "Poco Hombre" não é apenas um livro; é uma experiência literária e política que desafia e enriquece, obrigando-nos a refletir sobre as realidades que moldaram além do Chile, a América Latina, ao longo do tempo.
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Vinder 05/11/2023

Livro excelente do Pedro Lemebel. Uma antologia de obras do escritor e ativista chileno. Fazendo críticas sociais e econômicas, com olhar especiais para os marginalizados do terceiro mundo, incluindo a população LGBTQIAPN+. Vale muito.
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Guynaciria 04/08/2023

Poco hombre / Pedro Lemebel / @companhiadasletras

Pedro Lemebel teve um papel importante no ativismo politico durante à ditadura militar, ele se posicionou contra a discriminação sexual no Chile. Sua voz foi ouvida e seu discurso disseminado através da sua escrita.

Ele fez denuncias constantes da forma como os homossexuais, as mulheres e as pessoas tidas como marginalizadas eram tratadas, em relatos escritos em forma de crônicas, cheias de acidez e de um sentimentalismo que cativa o leitor.

Esse livro e dividido em 5 partes, que mesclam bem a revolta com a política neoliberal, e, ao mesmo tempo, com a liberdade que era tomada a força nas vielas, a noite, enquanto se arriscava ter uma faca contra seu corpo, mas, ao mesmo tempo, usufruindo da libertinagem que fazia com que se encontrassem os tipos mais diferentes e interessantes de pessoas.

Outro ponto positivo é o uso de gírias da comunidade LGBTQ+, que enriquecem nosso vocabulário e nos faz ter mais inserção nesse mundo que para muitos leitores e tido como distante.

Estou encantada com a escrita direta e assertiva do autor, que chega a beirar o cinismo muitas vezes, mas que é rica e fluida, envolvente e engraçada.

Mas me conta, você já conhecia esse autor? Fico furioso(a) pela obra?

#pocohombre #companhiadasletras #ditadurachilena #cronicas #parcera2023 #livros
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@emedepaula 12/06/2023

Gueixa mapuche encanta com barroquismo travesti
12 de junho
22h

Acabo a leitura de Poco hombre de Pedro Lemebel. A mãezinha travesti de Paul Preciado. Escritor que forja sua literatura na noite e não na literatura, como aponta Zambra. Imensamente impactado por essa coletânea de suas crônicas barrocas, onde a língua se traveste e oferece o drama do sangue quente latino americano, a acidez mórbida de uma bicha-louca, e o lirismo de um coração de poeta, vagabundo, mendigo. Dividido em 5 partes, essa leitura se desenrola como num desfile ou marcha militante, e a experiência de ler alguns desses textos em voz alta, reanima Pedro, que viveu como ninguém o fervor e a fúria do final do milênio. Atravessando a ditadura chilena e se decepcionando com a democracia neoliberal que tudo prometeu e nada entregou, Lemebel discorre sobre a fauna da urbe, tipos aos quais entregues a própria sorte não chegam a fazer a historiografia oficial. É no barrio, na esquina, no perigo da lâmina no pescoço, no passe da coca, na libertinagem própria da noite que Pedro encontra suas personagens, e que personagens… Há neste livro crônicas de duas ou três páginas que se leem como épicos, tamanho fervor, paixão e devoção ao qual o escritor se entrega. Acho que se eu pudesse tomar algo de emprestado deste livro seria o barroquismo travesty inconfundível, um jeito só dele mas que vive na mimese dos seus gestos frívolos e igualmente dilacerantes. Ao assistir o documentário sobre a vida de Lemebel, me cortou o coração o momento onde vendo fotos suas antigas em um projetor, ele diz que queria ser amado, e que não foi. Isso já no fim de sua vida. Essa fantasia, que nesta noite do dia 12 de junho aparece em todos os cantos, a de amar e ser amado de volta, é uma insígnia desta vida homo-errátique-errante. Um jeito de amar Pedro Lemebel é se debruçar sobre seu texto crítico e poético, se entregar a firulagem e floreios encantadores dessa gueixa mapuche. Que leitura meus amigos. Nada que eu disser vai fazer a justiça.
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