spoiler visualizarNick 28/05/2023
A Bruxa do Rock
Biografias são sempre livros complicados e de certa forma, principalmente se você gosta desse trabalho quase jornalístico, de pesquisar, marcar, escutar algumas músicas especificas (no caso de uma biografia sobre uma artista da música), e que, particularmente falando, é como acredito ser a melhor forma. Usar aquele livro como uma enciclopédia, uma bíblia de tal artista/banda/atleta ou pessoa publica de forma geral, sendo a biografia autorizada ou não.
Aqui temos um trabalho e tanto, feito pelo já conhecido biógrafo, jornalista e historiador musical Stephen Davis. É bem escrita (apesar de alguns pontos que irei dizer posteriormente), com ênfase em Nicks, apesar do Fleetwood Mac estar presente em quase todo o livro, valorizando a artista que é, contando suas histórias e problemas, sem aliviar em alguns assuntos, como o abuso de droga e talvez, uma superficialidade (não artisticamente falando), um mundo da fantasia que ela vivia até seu encontro com soldados feridos em um hospital, que diz no livro, ter mudado sua vida completamente.
É lindo ver mais sobre a história de Stevie Nicks, entender suas músicas, compreender mesmo que, minimamente, sua trajetória até hoje. Incrível quantas vezes ela recebeu uma negativa em sua carreira, desde ?pequenos problemas? como falta de grana para a carreira musical e banda para cantar, até a violência e perseguição que sofreu durante sua permanência no Fleetwood Mac e antes desta era, na banda que tinha com Lindsey, chamada Buckingham Nicks.
Lindsey Buckingham, musicalmente falando, é fantástico, com solos incríveis, músicas profundas, e mesmo tendo Peter Green como um dos fundadores do Fleetwood (logo ele deixou o grupo para trilhar outros caminhos), e sendo um gênio na guitarra, Lindsey ainda conseguiu fazer a diferença na banda. Sua união com Stevie neste período e ainda que conturbada, na era Fleetwood, deu origem a duetos, letras, e histórias criadas pelos fãs que ajudaram a manter a chama acesa, a magia do Fleetwood Mac perante ao casal do momento. E que, mesmo após o rompimento do casal, e a conturbada vida de Stevie na banda, quase que totalmente por culpa de Lindsey, eles ainda fariam belas letras e belas músicas.
Infelizmente ele fez muita besteira. Pressão psicológica, má vontade para tocar as músicas de Stevie e até violência física, fazem parte dessa história também triste, entre Stevie e Lindsey. A verdade é que ambos não estavam preparados para lidar com todo aquele sucesso, e sem o cuidado psicológico como se tem hoje, o caos era iminente (já vinha se arrastando esses abusos de Lindsey desde Buckingham Nicks). E permaneceram por longos anos, de diferentes formas, e de modo frustrantemente passivo, a banda não tomava muitas atitudes. É uma parte pesada do livro, mas necessária para entender algumas coisas.
O conteúdo em si do livro, é interessantíssimo, complexo, com muitas histórias, momentos, com detalhamento de todos os álbuns e trabalhos de Stevie Nicks. É de fato, algo feito com carinho. Agora, quando falamos de outros aspectos, deixa a desejar. O livro tenta o tempo todo digamos que, tirar o crédito do Fleetwood. Não é algo tão claro, mas se você conhece um pouco mais o Fleetwood, sabe da sua importância na história, você percebe esse certo ?menosprezo?, ou quase isso, pela banda. E eu sei que não é algo intencional, já que o escritor deste livro já tinha feito livros sobre a banda e sobre o Mick Fleetwood, baterista e cofundador. Acredito que seja algo natural já que, é um livro sobre ela, e não sobre a banda, o foco é ela, e não a banda.
O fato de ser uma Biografia não autorizada, contribui para isso acontecer, para ter assuntos ásperos, e para citar histórias chocantes que talvez a própria não iria contar em um livro tão detalhadamente, já que contou em diversas entrevistas. Outro ponto negativo, são as datas de algumas fotos que estão presentes quase que, no meio do livro, e são erros grosseiros, como o ano de entrada do Fleetwood no Hall da Fama, e a foto nitidamente de outra época. O mesmo acontece com uma foto no Grammy Awards, que diz ser de 1998 e na verdade foi em 1978. Está nem uma pesquisa muito profunda seria necessária, a Stevie está tão jovem, com aquele ar de inocência e empolgada pelo ?começo? da sua carreira. Algumas palavras fora de nexo, repetidas, e tentativas de usar palavras não tão corriqueiras para relatar algo, ficou nitidamente forçado. Mas isso eu não posso dizer que é um erro na tradução ou se foi feito desta forma na versão em Inglês.
Outro ponto negativo é a qualidade gráfica. É realmente muito básico, folhas finas, capa quase da mesma gramatura. O que tem um pouco mais de qualidade são as fotos, que estão em folhas diferentes. Foi um trabalho que faltou carinho da editora.
Concluindo, é um bom livro, foi maravilhoso conhecer mais você, Stevie Nicks. Uma carreira maravilhosa, apesar de tudo, uma artista única no Rock, passando por décadas na música, ainda mantendo-se ativa e relevante. Não é para qualquer pessoa.