LaryShelf 16/08/2023
Potencial desperdiçado
O livro é o típico clichê americano: bad boy faz aposta de beijar a garota mais tímida da faculdade... até perceber que ela não é tão tímida assim.
A questão é que a premissa é boa! Além da autora trazer uma inversão de papéis onde a garota é a misteriosa e sarcástica com uma vida oculta e o garoto é aquele que deixa as emoções mais expostas ela ainda nos trouxe a visão do garoto no livro, suas emoções e pensamentos o que, em livros desse gênero, normalmente temos o foco na visão feminina. Pensando nesse enredo e na carga emocional que os dois protagonistas tinham no passado (ele com "daddy issues" e cursando algo que odiava por causa do pai quando queria ser artista e ela com um antigo relacionamento traumático que a fez se fechar completamente para qualquer interação mais profunda alémde sua bissexualidade) o livro tinha muito potencial para ser um sucesso.
O problema? A autora!
Primeiro, uma escrita extremamente fraca e rasa. Ela não se aprofundou em nada! Nem nos traumas dos personagens, nem na construção do relacionamento deles, nem mesmo no clímax da história. Tudo foi basicamente jogado para o leitor como uma verdade absoluta, sem aquela sensibilidade e cuidado que nos faz descobrir por si mesmo como cada personagem é e como age. A autora narrava as sensações e emoções dos personagens, sem aquela descrição detalhada e que é importante para conhecermos e nos conectarmos com eles. Ou seja, você não consegue se apegar verdadeiramente a ninguém ali porque tudo é muito mecânico e frio. Elie deixou de ser um mistério no capítulo 2 enquanto Ben se tornou apenas um cara chato e possessivo.
Segundo, a personalidade dos personagens oscilam como se eles fossem bipolares! Elie se mostra o livro inteiro alguém forte, independentemente e inabalável pra no final, de repente, virar uma garota insegura e medrosa. Claro que podemos colocar a culpa na paixão e tudo mais, mas a questão é que ela toma atitudes que a Elie do início do livro não tomaria, mesmo numa decepção amorosa! Além disso, o trauma do relacionamento passado dela era uma besteira! A autora faz parece algo grande como traição ou abuso, pra no fim ser meros ciúmes! É meio que uma tempestade em copo d'água. Outra coisa sem pé nem cabeça foi a aparição repentina da Casey que passa o livro todo sendo apenas uma ex sem importância do Ben pra, do nada, reaparecer no fim fazendo ciúmes pra Elsie e 2 capítulos depois elas se tornam amigas e Casey até ajuda a Elsie a encontrar o Ben! Algo totalmente sem desenvolvimento! E temos o Ben, um cara de vinte um anos que não tem coragem de falar pro pai dele o que realmente quer fazer da vida com medo da reação do pai que é dado como um carrasco frio e irredutível em sua decisão pra nos últimos capítulos finalmente falar o que sente e o pai dele aceitar facilmente, EM DUAS FRASES ELE SIMPLESMENTE ACEITOU E FEZ AS PAZES COM O FILHO! Pode até não ter sido a intensão da autora, mas tudo isso apenas mostra uma preguiça de desenvolver melhor os relações no livro.
Outra coisa chata foi a forma que ela empurra os rótulos nos leitores. A cada poucas palavras Elsie tinha que reafirmar que fazia psicologia, Ben e todos ao redor faziam questão de repetir que "ele é um bad boy". Mais uma prova que a autora preferia jogar as informações como verdadeiras ao invés de expor as características e ações que comprovariam Elsie como psicóloga e Ben como um bad boy, deixando ao leitor o direito de construir por si mesmo uma relação com esses personagens e não impor isso a ele!
Esse realmente foi um livro que prometeu tudo com aquela sinopse, mas não entregou nada. As 2,5 estrelas são apenas pelo que o enredo poderia ter sido. Não recomendo.