Imperfeitos

Imperfeitos Julie Goldchmit




Resenhas - Imperfeitos


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Carla.Parreira 04/05/2024

Imperfeitos: um relato íntimo de como a inclusão e a diversidade podem transformar vidas e impactar o mercado de trabalho (Julie Goldchmit). Melhores trechos: "...Não deve ser fácil! Já ouvi falar que o estresse da mãe de uma pessoa autista é maior que o de um soldado no campo de batalha... Quando aprendemos a respeitar, não precisamos de ninguém para nos ensinar a amar nossos semelhantes (parafraseando Albert Schweitzer, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1952). O respeito aproxima os corações, criando oportunidades e ampliando as perspectivas da vida... Este é o coração do diagnóstico do transtorno do espectro autista: assim como as placas de trânsito estão para sinalizar caminhos e prevenir acidentes, as pistas sociais têm a mesma função, mostram os caminhos dos relacionamentos e previnem atribulações sociais... Por uma questão evolutiva, o nosso cérebro foi programado para o tempo todo estar em alerta e no modo sobrevivência. Por isso, tendemos a nos distanciar de tudo aquilo que não conhecemos, que nos parece diferente, pois não sabemos ao certo se isso pode nos oferecer perigo ou não. NO ENTANTO, A DISCRIMINAÇÃO NÃO É ACEITÁVEL E DEVE SER COMBATIDA PELAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO. Nas primeiras fases da vida, a criança reproduz tudo o que aprende dentro de casa. Toda vez que pergunta aos pais por que uma pessoa está na cadeira de rodas, eles costumam usar expressões capacitistas, como: 'Ela é especial', 'Não chegue perto dela', 'Ela é doente', 'Não fique olhando', 'Ela tem problema' — além de termos depreciativos como 'mongol', quando se referem a alguém com deficiência intelectual... Até os meus quinze anos, vivi sem saber que tinha autismo e sendo muitas vezes mal interpretada. Pessoas com TEA têm dificuldades de se colocar no lugar do outro. A minha psicóloga diz que é uma falha na teoria da mente, ou seja, uma deficiência cognitiva que me impede de formular teorias sobre a mente do outro. Em outras palavras, eu não consigo imaginar o que o outro está pensando ou sentindo... Dentro de um ano, passei por três equipes. Mesmo com todas as tentativas, não consegui me adaptar ao ambiente. Eu precisava de algo mais palpável, algo que me permitisse ver, na prática, o que de fato estava fazendo. E todas as atividades continuavam sendo muito abstratas para mim. Além disso, eu não me sentia tão acolhida e pensava que aquele não era o lugar certo para mim. Eu me sentia culpada por não gostar do que eu fazia... Aprendi que, quanto mais falamos sobre o assunto, mais ele se torna normal para as pessoas. As conversas e treinamentos que o grupo promovia internamente eram muito importantes para que pudéssemos falar sobre a deficiência de maneira aberta e sem preconceitos. Foi então que sugeri que fizéssemos uma live para conversar um pouco sobre autismo, um assunto que é pouco debatido na nossa sociedade... As pessoas que têm alguma deficiência costumam sempre trazer ideias novas por terem vivido experiências que muitos desconhecem. No meu caso, por não conseguir esconder a minha deficiência, era impossível não reparar que eu era diferente do padrão das pessoas nos lugares em que trabalhei. Por isso, qualquer atitude preconceituosa ficava muito evidente. Lá, eles tiveram outro posicionamento: ao invés de tentarem me moldar ao padrão da empresa, eles escutaram a minha história e me permitiram ser quem eu sou. ASSIM, ACABEI ME TORNANDO SÍMBOLO DA IDEIA DE QUE TODOS NÓS PODEMOS SER QUEM SOMOS. ESSE MODELO COMEÇOU A SER REPLICADO PARA OUTRAS PESSOAS QUE CHEGAVAM NA EMPRESA. O PROGRAMA DE RECEPÇÃO DE NOVOS COLABORADORES PASSOU A SER MAIS HUMANO E INDIVIDUALIZADO. Quando comecei a trabalhar lá, eles estavam organizando um movimento pela diversidade e equidade, de onde surgiu a ideia de criar o grupo de afinidades de pessoas com deficiência. O objetivo era criar um espaço de acolhimento, inclusivo e com equidade na empresa onde pudéssemos nos ajudar, compartilhando vivências, dores e necessidades..."
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Juno.Cruvinel 28/12/2023

Leitura importante!!
Tenho a oportunidade de conhecer a Julie do trabalho, mesmo não sendo da mesma área acompanho seu trabalho que já me inspirava muito, com o livro me trouxe ainda mais inspiração e entendimento dos desafios que ela passou.. é incrível ver a dedicação dela e quantas boas pessoas aparecerem no livro!

Espero que essa realidade seja cada vez mais comum!!
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Gabi Rosemberg 22/12/2023

Leitura necessária
Ler ?Imperfeitos? me fez refletir muito sobre a importância das relações pessoais e o impacto delas. Chorei, dei risada sozinha, fiquei chateada com muitas situações relatadas no livro, e acima de tudo me emocionei muito! Recomendo demais
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Cristina117 20/12/2023

Empatia
Um livro onde a diversidade tem lugar de fala. Julie nos conta com docilidade o seu ponto de vista em relação a um mundo em desenvolvimento para receber o diferente. A determinação dela lembra a teoria de Vygotski sobre a zona de desenvolvimento proximal. Se resume na  distância da capacidade de resolver algo sem auxílio, e o nível de desenvolvimento de resolver com auxilio, porém com a autonomia potencialmente atingivel, só precisando amadurecer os conhecimentos prévios. Aquece o coração saber que há muita gente disposta ser rede de apoio, e famílias empenhadas a proporcionar qualidade de vida encarando tanto preconceito. Uma leitura de despertar a empatia tão essencial para viver numa sociedade melhor.
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Rafaela 06/08/2023

Provocador e convidativo!
Nesse livro Julie nos conta, a partir da sua perspectiva, o que é viver na pela de uma pessoa com deficiência do Brasil. Julie é autista e lutou bravamente para conquistar o seu lugar no mercado de trabalho, com muitos perrengues, desafios e também encontrando muita gente boa pelo caminho.

Além de trazer as suas histórias, ela também nos presenteia com muitos dados importantes sobre a realidade das pessoas com deficiência no Brasil através de uma colaboração com outros autores.

Leiam! Julie conseguiu construir uma narrativa fluida, gostosa de ler, muito educativa e sem papas na língua. Recomendo!
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Christiane 20/07/2023

Esta é a história de Julie, uma jovem inteligente, capaz, dedicada, persistente, "mas" que tem autismo. Este "mas" nem deveria ser colocado na frase, mas infelizmente todos que não se encaixam naquilo que é denominado como sendo normal e comum, são considerados como anormais, deficientes, doentes, com problemas etc. A grande dificuldade de se aceitar que pessoas podem ser e são diferentes, inclusive as ditas normais.
Julie tem uma família que a acolheu e nunca a vitimizou, eles a protegeram do que era preciso, mas a incentivaram a seguir sua vida, a sempre tentar, a nunca desistir, mesmo com todos os obstáculos, e não foram poucos, mesmo diante da maldade humana, mesmo quando ela tinha crises imensas de ansiedade. Quando ela era pequena, um médico disse que ela provavelmente nunca falaria e nunca andaria, e sua mãe nem ouviu este veredicto, ela estava convencida de que iria ser capaz de fazer com que sua filha falasse e andasse, e conseguiu.
O período escolar foi difícil, Julie tinha diferenças com as outras crianças em seu ritmo de aprendizado, diferenças mentais referentes a lógica de ver e compreender, e as escolas mesmo com inclusão não tem preparo, raras são as exceções. E além disto ela sofreu bullying, mas conseguiu ir até o final do ensino médio. A faculdade não foi considerada uma boa opção diante de tudo que já haviam visto e vivenciado, é um lugar de autonomia, um lugar que não ofereceria segurança para ela. Então optaram por ela trabalhar.
Julie nos relata todas suas dificuldades neste percurso, as empresas até prezam a diversidade, mas não se preocupam com inclusão. Ela foi mal tratada por uma chefe que foi cruel com ela, mas também teve outra que lhe ensinou muito e a compreendeu. Quando precisou sair deste trabalho porque a sede do Banco se mudou, ela ficou meses a procura de outro emprego e enfrentou o preconceito, as dificuldades e a não compreensão de recrutadores e RH em relação a pessoas ditas deficientes. É praticamente preencher as cotas exigidas por lei e ponto final. Mas um dia ela conseguiu, um emprego em uma grande empresa que tinha tudo que ela precisava, todo o apoio, a estrutura, a compreensão, a rede de apoio necessária. E finalmente pode também contribuir com seu trabalho, como havia feito no banco. Um trabalho que de fato era necessário para a empresa e que ela era capaz de fazer e bem feito. Ela encontrou pessoas maravilhosas em seu percurso, verdadeiras amigas, mas também encontrou o que há de pior no ser humano preconceituoso.
O livro também traz apartes com as leis e considerações sobre pessoas que são diferentes, como autistas, pessoas com deficiências físicas e mentais, conforme são nomeadas, mas que continuam sendo seres humanos, sujeitos de suas vidas e capazes de produzir, criar, trabalhar, estudar, desde que encontrem o ambiente correto para elas.
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