Claudinei 10/05/2024
A alta fantasia brasileira está cada vez melhor...
O próspero reino de Minalkar foi sitiado e tomado por um exército de Orcs. A ajuda dos aliados não chegou ao Rei Edmund VI, que, para manter a esperança de vida ao seu reino, conseguiu enviar alguns refugiados ao reino vizinho de Alferius. Seu sogro prometeu receber seu povo caso sua filha, a Rainha Lucrecia, estivesse entre eles. Assim, cabe a Argus, irmão de Edmund VI e comandante do exército Minalkariano, conduzir esses remanescentes até o país vizinho. Entre eles está o recém-nascido Rubyo, filho bastardo do rei, que crescerá sob os cuidados de seu tio, sendo instruído por ele na arte da Edor, técnica de combate Minalkariana, e educado na ciência e magia pelo mestre Olaf, para um dia retomar o reino e a dignidade de seu povo. Entre as muitas ameaças que o garoto enfrentará está também a de sua madrasta, Lucrecia, que jamais aceitou o fato do coração de Edmund ter pertencido a uma plebeia e fará de tudo para que Rubyo jamais alcance seus objetivos.
Com essa premissa, adentramos o mundo fantástico de "O Jogo do Rei – Em Busca da Coroa", uma alta fantasia nacional escrita pelo autor Reyves Lorenzoni. Esse gênero tem revelado ótimos autores por aqui, e com toda certeza, Reyves é um deles. Não sei se é o primeiro livro do autor, mas se for, começou com o pé direito. Um universo habilmente criado, personagens carismáticos e uma trama envolvente que desenvolve o protagonista desde a tenra idade, destacando bem seu amadurecimento em todas as fases da vida pelas quais passa. Logo de início, a curiosidade do leitor já é atiçada com o enredo da história: como um garoto vivendo à margem da miséria, lutando dia após dia para sobreviver, conseguirá reunir recursos para reaver um reino novamente?
Cada fim de capítulo traz a necessidade de querer entender como as situações e desafios que vão surgindo no caminho do herói serão resolvidos, segurando o leitor em suas páginas, torcendo pelo protagonista. Os personagens secundários também são excelentes; são eles que auxiliarão e serão responsáveis, de certa forma, para que Rubyo torne-se o que precisa para ser um rei que resgate seu reino e seu povo, cada qual passando ao jovem qualidades e habilidades a fim de fortalecê-lo. Argus ensina-o a ser um excelente guerreiro, Mestre Olaf faz com que o jovem pense e aja como um rei justo, além de lhe passar seu conhecimento tanto em magia como em filosofia, e por último, mas não menos importante, seu amigo Gary, que, mesmo vivendo em condições extremas, mostra ao rapaz que se deve enfrentar as adversidades da vida sempre com otimismo.
Obviamente, um enredo assim traria uma grande jornada de aventura, cheia de perigos e emoções, onde Rubyo, com ajuda de seus amigos, colocará em prática tudo o que aprendeu desde a infância. E essa será uma nova virada de chave em sua vida, pois percorrer novos caminhos dará ao jovem uma visão mais ampla do mundo e do peso da responsabilidade que carrega desde seu nascimento. Nessa mesma jornada, Reyves trabalhou bem os elementos de alta fantasia, com referências claras a grandes nomes como Tolkien e Patrick Rothfuss, por exemplo.
Nem tudo são flores, claro, e o autor não fica livre de, em alguns momentos, o livro ter sido previsível, mas nada que estrague a boa narrativa da obra. Acredito que nenhum autor consiga escapar de certos clichês, mas fica claro que Reyves tem muito potencial em sua escrita e, com certeza, evoluirá ainda mais em seus próximos livros, já que esse é o primeiro da série de um universo com perspectiva de muita expansão. Reyves usou a estrutura narrativa, ou parte dela aparentemente, da jornada do herói de Joseph Campbell, descrevendo muito bem cada etapa da mesma, trazendo como resultado final um épico fantástico. O livro conta ainda com ilustrações geradas por IA na versão do Kindle.
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