ritita 05/05/2023Livro para rir e pensar.Faltando alguns anos para a idade de Helena, confesso que nunca uma leitura me incomodou tanto, não pelas peripécias sexuais de Helena - vovó arretada sô; mas pela intensa e certeira visão que a sociedade, incluindo aí a família têm dos idosos.
Na história, os filhos de Helena também já estão entrando na velhice, mas ainda com o conceito tão comum que "velhos são os outros"*, apenas a neta tida como rebelde consegue entender a visão da avó.
Qualquer atitude ou fala que não esteja no "manual dos velhos", é encarada com risinhos ou olhares atônitos.
A narrativa é uma delícia de ler - de início dei altas gargalhada com Helana e seus hábitos sexuais, mas depois a leitura cai na realidade dos velhos que querem viver até o dia que forem embora em sua totalidade.
Alguns trechos dos muitos que marquei:
..."Meu melhor amigo e meu vizinho jeitoso a dispurarem o amor que eu não estava disposta a dar? Porquê, meu Deus? Não quero! Deixem-se disso! Preciso de vocês como antes: um amigo e um amante ocasional...!.
... Os ossos já não aguentam o peso dos desgostos, rancores ou arrependimentos...".
... A vida tem infinitas paragens, mas corre em sentido único. Não espera nem volta atrás. O que quer que queiramos viver tem de ser vivido agora...".
A despeito da hilariedade das conversas, terminei o livro mal, pensando nas inúmeras possibilidades de chegar aos 100 anos sem independência para poder fazer as coisas que desejo.
* Título do excelente livro de Andrea Pachá.