danilo_barbosa 21/01/2023Ao mencionar o nome de Pepe Mujica e seu papel na história política da América Latina, é notável como os adjetivos ligados à sua figura sempre são de um homem simples e justo, cuja seriedade e compromisso ao Uruguai são notáveis. Um homem vindo do campo, que se tornou um exemplo como governante em muitos aspectos.
Mas qual foi a inspiração para essa atitude para com os outros? Existe alguma inspiração para que a empatia, a simplicidade e o bem ao próximo sejam tão essenciais na sua trajetória?
É utilizando desse personagem real, admirado e tão humano, que a escritora Carolina de Robertis escreveu “O presidente e o sapo”, unindo à sua trajetória elementos de realismo mágico, numa prosa cheia de poesia e momentos de reflexão.
Durante uma entrevista feita na sua casa por uma jornalista europeia, Pepe mescla às respostas dadas pensamentos e lembranças. Algumas, inclusive, que nunca contou a ninguém: de quando esteve preso, foi torturado, perdendo a noção dos dias e a vontade de viver… E foi resgatado do limbo emocional por um sapo.
A ideia pode parecer absurda, um devaneio, mas ali no correr das páginas, o anfíbio age como uma espécie de conselheiro, “o mestre” na Jornada do Herói, capaz de lhe dar a base necessária para sobreviver e seguir em frente.
O livro é cheio de trechos ótimos e emocionantes, e outros que muitos podem achar monótonos ou maçantes. Tudo vai depender de como o seu momento vai se encaixar com a leitura. Os capítulos se intercalam entre a entrevista e o cárcere, nem sempre seguindo uma cronologia. Muita coisa é só pincelada, gerando uma curiosidade que não é saciada.
Um fato é inevitável: quando fechamos o livro, dá ainda mais vontade de conhecer Pepe Mujica, sentar aos seus pés no jardim que cultiva com a esposa e ouvir suas histórias. E saber que aquele homem, com todas suas qualidades e defeitos, fez o melhor que podia para que cada pessoa fosse tratada com respeito e igualdade.