@livretoencantado 09/12/2023
Romance avassalador e repleto de reflexões!
"Sou forte, eu resisto, sem promessas e sem exigências."
Eis que conhecemos Freya, uma garota brasileira sonhadora, corajosa e determinada em busca de realizar seus sonhos. Acompanhamos sua chegada a Londres, tão deslumbrante que não percebe que sua vida está a segundos de virar de ponta-cabeça.
Desde o encontro com Scot, dias conturbados se fazem presentes. Ele é invasivo, abusiv* e crê que ela é sua propriedade.
"Nossa Senhorinha da Paciência, dai-me forças", como diria Freya. Temos que ter paciência para não invadir as páginas do livro e simplesmente olhar na cara do Scot e mandá-lo para um lugar nada bonito, se é que me entende.
Freya tem aquele ar de menina/mulher inocente, descobrindo o poder do primeiro amor e da primeira decepção. Aquela que se entrega a uma paixão avassaladora em um curto espaço de tempo, vive tudo intensamente, mas as consequências são inevitáveis.
Um rebuliço de sentimentos se apossou de mim durante a leitura, e nem todos foram bons. Ao momento em que queremos proteger a Freya de tudo e de todos, queremos dar-lhe um sermão daqueles para que possa abrir os olhos e enxergar as coisas como elas verdadeiramente são.
No entanto, é impossível não analisar o lado de que a manipulação de Scot é bem precisa, ao meu ver, beirando a psicopatia. Ele é tóxic*, como se a Freya fosse um mero marionete em suas mãos, isso não é fácil de ler com calma, a raiva consome a gente.
Os alertas que acompanhamos dos dias que Freya passa com Scot são quase palpáveis, mesmo que ela se sinta incomodada com algumas atitudes dele e perceba o quanto ele está sendo escroto, ela não se afasta, o medo de perdê-lo faz a sua cabeça.
Já em Oxford, Freya irá estudar Literatura, pois após muitos estudos conseguiu uma bolsa na universidade. Lá ela conhece Rick, um cara bem simpático e atencioso. Ele é protetor, notável sua preocupação para que Freya seja como ela é, que não deixe seus sonhos de lado, mas é impossível não sentir ali um cadinho de sentimento de posse.
A escrita da autora é muito perspicaz e cativante, logo na primeira página já pegamos um embalo e só conseguimos parar de ler ao chegar no fim. A leitura é bem fluida, intensa, que trata de temas necessários como a importância de abrir os olhos ao chegar em um lugar novo, como outro país, e confiar cegamente na primeira pessoa que te abordar no aeroporto. Isso é perigoso, temos que ser mais alertas.
Outro tema pertinente é o fato de os pais escolherem pelos filhos o destino de carreira a seguir e não os deixam ter voz, fazendo o que mais se identificam.
A mensagem em si que o livro nos passa sobre viver a vida, a importância do autoconhecimento, autoestima, de estar atenta às bandeiras da relação tóxica, a necessidade de ter uma rede de apoio também em relação ao medo de novidades e mudanças.
Freya é uma personagem em construção de si mesma, com suas falhas, seus acertos, e não podemos negar, ingênua demais. O amor-próprio tem sempre que vir em primeiro lugar, aí estaremos preparados para amar o outro devidamente.
Fique longe de quem não quer que você seja apenas você, que queira te mudar em benefício próprio e não para o seu bem. A vida possui armadilhas no caminho e é impossível sempre sabermos de todas elas.
Não é sempre que o relacionamento abusivo vai ter agressão física, mas a manipulação é um foco do abusador, não esqueça disso.