A vida sem amarras

A vida sem amarras Michael A. Singer




Resenhas - A vida sem amarras


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Carla.Parreira 16/03/2024

A vida sem amarras (Michael A. Singer). Melhores trechos: "...Buda afirmou que a vida é sofrimento. Ele não estava sendo negativo. A vida é, sim, sofrimento. Seja você rico, pobre, doente, saudável, jovem ou velho – não importa. É claro que existem momentos em que não estamos sofrendo, mas passamos a maior parte do tempo nos esforçando para ficar bem. É basicamente isso. Você ainda vai acabar percebendo que foi isso que fez a vida inteira: tentar ficar bem. Era por isso que chorava quando era pequeno: não estava se sentindo bem. Por isso queria determinado brinquedo: achava que se sentiria melhor com o presente. Por isso quis se casar com uma pessoa especial. Por isso quis fazer aquela viagem para a Europa ou para o Havaí. Chega uma hora em que você constata que tudo o que sempre fez foi tentar ficar bem aí dentro. Primeiro você reflete sobre o que lhe faria bem, depois sai em busca daquilo. Mas o que significa ficar bem? Primeiro, significa facilitar sua convivência com seus pensamentos e emoções. Alguns são agradáveis, outros nem tanto. Você gosta dos agradáveis, a grande questão é essa. Você quer que seus pensamentos sejam sempre positivos, otimistas, belos. O problema é que existe uma realidade lá fora que pode tomar conta de tudo e afetar seus pensamentos e emoções. Por isso a vida às vezes é tão esmagadora... Por mais avassalador que seja o mundo lá fora, não é só ele que você vivencia. Existem também os pensamentos. Ouvimos nossos pensamentos dizerem coisas como: 'Não sei se eu gosto disso. Nem sequer entendi por que ela fez tal coisa.' Ou então: 'Uau! Queria um carro desses. Se fosse meu, eu sairia por aí rodando o país inteiro.' Se lhe perguntassem quem está dizendo tudo isso dentro da sua cabeça, você provavelmente responderia que é você mesmo. Mas não é. São seus pensamentos; você apenas os está notando. Pensamentos são mais uma das suas percepções. Você nota o mundo que chega de fora e nota os pensamentos que são gerados aí dentro. Mas de onde vêm os pensamentos? Vamos detalhar essa questão mais adiante; por enquanto, entenda que os pensamentos e o mundo exterior são duas das três coisas que você experimenta dentro de si. A terceira são os sentimentos ou emoções. Alguns surgem de repente, como o medo. A mente pode dizer: 'Estou com medo', mas, se você não sentir medo de verdade, o impacto será muito menor. O problema é realmente vivenciar a emoção do medo. Alguns sentimentos são agradáveis: 'Estou sentindo o maior amor que já senti na vida.' Você gosta desse sentimento. Outros são desagradáveis: 'Estou sentindo medo, vergonha e culpa, tudo ao mesmo tempo.' Ninguém gosta de sentir isso, não é mesmo? Quantos momentos estão acontecendo no mundo agora sem que você os esteja observando? E no universo inteiro? Admita: esses momentos não têm nada a ver com você. Eles pertencem a si mesmos e a tudo que os cerca. Não foi você quem os criou, e não é você quem os faz ir e vir. Eles simplesmente estão por aí. O momento diante de você é apenas outro momento no universo que existe mesmo quando você não está olhando para ele. Não é nada pessoal. No entanto, o momento diante de você não parece impessoal, muito pelo contrário. E é isso que às vezes causa tantos problemas. Você sofre quando o momento não é como você desejava e se alegra quando ele lhe agrada. Como veremos mais adiante, isso acontece por causa de algo que você mesmo traz – não é algo intrínseco ao momento. Um instante no universo é simplesmente um instante no universo; é você quem leva suas preferências para cada um deles e lhes confere um caráter pessoal. Estamos apenas começando a ver como é difícil abrir mão da nossa maneira habitual de ver as coisas. Não é difícil aceitar que o oceano não tem nada a ver conosco e que podemos simplesmente admirá-lo. Afinal, geralmente não nos identificamos tanto assim com o oceano como fazemos com outros aspectos do nosso dia a dia. Mas não se engane: sua relação com o que está diante de você é sempre a mesma, esteja você observando o mar ou sua própria rotina. Essas coisas estão acontecendo por acaso num determinado momento, num lugar específico do universo, e calhou de você estar observando. Nada disso é pessoal. Mas, como insistimos em personalizar tudo, continuemos nossa exploração do mundo exterior examinando de onde ele vem e por que ele é assim... O que estamos explorando aqui é mais profundo do que a maioria das pessoas quer enxergar, mas é a verdade. Você criou na sua mente ideias sobre o que é bom e o que é mau com base em impressões armazenadas. Agora acha com todas as suas forças que o mundo deveria ser de determinada maneira. Obviamente essa não é uma crença fundamentada na realidade. Enquanto fizer isso, você terá muita dificuldade na vida. Experiências não são sofrimento; são experiências. Mas vamos sofrer se elas não corresponderem à nossa noção rígida de como as coisas devem ser. O sofrimento é causado pela discrepância entre a expectativa mental e a realidade que se desenrola à nossa frente. Quando há discrepância entre o desejo que alimentamos e a realidade que se apresenta, sofremos. Já falamos sobre a primeira nobre verdade de Buda: a vida é sofrimento. Agora chegamos à segunda nobre verdade: a causa do sofrimento é o desejo. Em outras palavras, a causa do sofrimento é a preferência, a necessidade de decidir como você quer que as coisas sejam e ficar chateado quando não são como deseja. Não é surpresa que Buda estivesse certo. Eventos não causam sofrimento mental ou emocional – é você quem causa a si mesmo sofrimento mental e emocional a respeito desses eventos. Se não fizer isso, é porque está deixando as coisas serem do jeito que são. Lembre-se sempre: foram necessários 13,8 bilhões de anos para que cada coisa se desenrolasse de modo que o momento à sua frente fosse possível... A energia armazenada em nossa mente está sempre tentando se libertar de um jeito ou de outro. Quando essa liberação tem potencial para criar um pesadelo insuportável, a mente encontra outra maneira de simbolizar o que está tentando expressar. Em vez de sonhar com o acidente de carro que matou seu irmão caçula, você sonha com passarinhos voando quando, de repente, uma águia avança sobre eles e leva embora um dos passarinhos. Você está disposto a assistir a isso, mas não está disposto a ver um acidente de carro envolvendo uma pessoa amada. Isso tudo é muito real. Sua mente brilhante está lhe fazendo um favor. E ela faz isso na tentativa de se manter saudável e liberar pelo menos um pouco da energia reprimida. É a simbologia dos sonhos... A mente cria pensamentos enquanto dormimos pela mesma razão que cria pensamentos automáticos quando estamos acordados. Em ambos os casos, não é você quem está criando essa atividade mental de propósito. É sua própria mente que está tentando liberar energias bloqueadas. O elo comum entre os estados de vigília e de sonho é a sua consciência, que está a par de ambos... O objetivo desta jornada que estamos realizando juntos não é mudar seus pensamentos nem suas emoções; é ajudar você a assumir o lugar do Eu e aceitar as mudanças à medida que ocorrerem. Quando você assume essa posição, as emoções mudam, você nota que elas estão mudando, mas você não vai a lugar algum. Simplesmente continua sendo aquele que nota as emoções, ouve os pensamentos e observa através dos olhos... O coração é muito mais sensível do que a mente, e temos muito menos controle sobre ele... A mente se torna o esconderijo da alma quando ela tenta fugir do coração. Para transcender essa tendência de se esconder no coração ou na mente, perceba que a consciência que vivencia o que está acontecendo aí dentro é a mesma, em todos os momentos... Sua psique é o resultado de todos os seus bloqueios e de como a energia consegue contorná-los. Como as flutuações no fluxo de energia fazem seu coração mudar, seus pensamentos mudam também... Por isso nosso humor varia tanto, e por isso nosso comportamento é instável. Quando o fluxo de energia precisa encontrar um caminho estreito em torno dos obstáculos que armazenamos dentro de nós, nossa visão de mundo também fica limitada. Nossa personalidade, incluindo tudo o que nos agrada ou desagrada, é simplesmente a expressão do caminho que a energia conseguiu encontrar para fluir. Nossa habilidade de sentir amor, alegria e inspiração é determinada pela quantidade de energia que consegue passar pelos bloqueios... Se você estiver conversando com alguém e essa pessoa tocar num assunto que ative seus bloqueios, pode ser que seu coração se feche. Se sua reação imediata for dar as costas e evitar essa pessoa no futuro, você estará deixando os bloqueios regerem a sua vida. Da mesma forma, se alguém conversar com você sobre um assunto que abra seu coração, de uma hora para outra vocês podem virar melhores amigos... Esse é um tema de suma importância. Esses padrões armazenados vão determinar para onde você vai, quais serão suas inspirações, com quem vai se casar, e se vai ou não se divorciar. Não é você quem tem as rédeas da sua vida, são seus samskaras. Se sua consciência não estiver muito centrada na posição de testemunha, você vai seguir seus pensamentos e emoções, que, por sua vez, são determinados por seus samskaras. Você certamente já passou por isso. Basta uma mudança nos padrões de energia que quem pelo coração para tudo mudar também. Quando menos se espera, você está terminando um relacionamento ou pedindo demissão. Os padrões armazenados representam a parte mais inferior do nosso ser. Resultam da falta de maturidade, ou da falta de evolução para lidar com os acontecimentos diários. Esses padrões ficaram presos dentro de nós e passaram a definir o fluxo de energia e toda a nossa percepção sobre a vida... O problema é que nossos bloqueios conflitantes são tantos que não vemos com nitidez o que precisamos fazer. Também pudera! Você consulta seu caos interior e ainda espera uma resposta clara? O que notamos é que esses pensamentos e emoções continuam mudando nosso interior o tempo todo. O mais importante aqui não é saber o que fazer, é se indagar: 'Quem está percebendo tudo isso?' A mesma consciência está a par de todo esse processo que ocorre dentro de você... Quando você se torna um único observador – a única testemunha de tudo isso que está acontecendo –, podemos dizer que você está centrado. única solução duradoura é perceber que quem está notando tudo isso é o mesmo Eu. Você é aquele que está ciente de que seus pensamentos e emoções estão mudando. E isso acontece o tempo todo. Relaxe e se permita ser aquele que observa. Seja Um enquanto enxerga muitos. Eis o caminho para a autorrealização... Em algum momento, você acorda. Percebe que quer sentir amor. Não é que você queira amar alguém ou ser amado, quer apenas sentir amor o tempo todo. Quando não depende de nada nem de ninguém, o amor pode durar para sempre. É o que chamamos de amor incondicional... Nada do que você já tenha vivenciado lhe proporcionou satisfação total durante muito tempo. Você sempre precisou de mais. Disse a vida inteira: 'Se eu conseguir isso que eu quero, e se conseguir evitar aquilo que não quero, vou ficar bem.' As listas de desejos sempre estiveram presentes na sua vida. Quando você vai perceber que isso não funciona? Se você vem tentando a mesma estratégia a cada minuto da sua vida sem nenhum resultado duradouro, é óbvio que isso nunca vai funcionar. Por que não ir diretamente à raiz do problema? Tente dizer: 'O que eu quero é sentir amor e alegria. O que eu quero é que, a cada momento, eu possa sentir o bem-estar completo e absoluto. O que eu quero é sentir inspiração em tudo o que eu fizer.' Agora, sim, temos uma lista... Desde que o amor esteja sempre fluindo livremente dentro de você, será um prazer compartilhá-lo com o outro. Esse amor não se baseia em necessidades ou expectativas, é um amor puro que deseja expressar a si mesmo, incondicionalmente. Como chegar a esse estado de bem-estar e amor incondicional? Em vez de tentar fazer com que o mundo corresponda aos seus bloqueios, você precisa se esforçar para deixá-los de lado. Esse é o segredo do verdadeiro crescimento espiritual. Essa é a verdadeira mudança de paradigma. Sem os samskaras, nada bloqueará seu fluxo de energia interior. Você sentirá amor, alegria e inspiração o tempo todo. Se estiver disposto a se entregar ao momento que se apresenta à sua frente, você terá a oportunidade de se inspirar em tudo. O simples fato de as coisas existirem bastará para comovê-lo. Você só tem duas opções: ou dedica a vida a fazer com que o mundo corresponda aos seus samskaras, ou dedica a vida a deixá-los de lado. Se escolher a segunda opção, você não terá uma vida mundana e outra espiritual, terá uma única vida. Trabalho, retiros de meditação, tirar o lixo, varrer a casa, dirigir, tomar banho, tudo será igual. Todas as atividades terão algo em comum: você estará abandonando seus bloqueios. Você verá os benefícios em todas as situações – quando estiver trabalhando, levando os filhos à escola, guardando as compras do supermercado ou fazendo qualquer outra coisa. A cada instante da sua vida, você desfrutará naturalmente de tudo o que existe e deixará de lado o que o impede de fazer isso. Quando abandonar os desejos e medos que o limitam, você ficará bem o tempo todo. Abrir mão de si mesmo, em vez de estar acorrentado a si mesmo, é a verdadeira mudança de paradigma... O mantra é uma dádiva. É como se fossem férias inesperadas. Se você fizer o trabalho necessário para incutir o mantra numa camada da mente, ele vai mudar sua vida. Em primeiro lugar, não precisa ser um mantra tradicional em sânscrito como Om Namah Shivaya ou Om Mani Padme Hum. Pode ser um nome ou palavra que você use para se referir a Deus, como Jesus, Adonai ou Alá. Na verdade, Deus, Deus, Deus é um mantra muito poderoso. Se achar que tudo isso é religioso demais para o seu gosto, experimente algo como: Estou sempre bem, estou sempre bem, estou sempre bem... A técnica do pensamento positivo envolve criar pensamentos agradáveis para substituir os mais incômodos. A técnica do mantra envolve criar uma camada mental que seja um ambiente pacídico e estável para nos elevarmos acima das camadas inferiores. Já a técnica da consciência testemunha consiste em simplesmente perceber que você está percebendo o que a mente está fazendo. Você não precisa interagir com a mente. Não precisa fazer nada. Basta ser aquele que percebe que a mente está criando pensamentos, e que você está ciente deles. Para isso, você não pode se deixar perturbar pelos pensamentos que estão sendo criados. Se os pensamentos o incomodarem, você deixará o lugar da observação objetiva e tentará mudar a mente. Para alcançar a consciência testemunha, é preciso estar disposto a deixar os pensamentos serem o que são e simplesmente estar ciente de que você está ciente deles... Você deve ocupar a posição da consciência, aí dentro, assistindo ao balé da mente e do coração. E esse lugar aí dentro é muito natural. Se não se deixar sugar pelos pensamentos e emoções, você vai conseguir relaxar e apenas observar. Não pense sobre isso. Assim que notar o que estiver acontecendo, relaxe. Relaxe os ombros, a barriga, as nádegas e, o mais importante, relaxe o coração... As pessoas costumam perguntar se a mente continuará tagarelando mesmo depois de estarem em paz com ela. A mente só está tagarelando porque você não se sente bem, então ela tenta descobrir um jeito de fazer as coisas como você quer. Quando você está bem aí dentro, não há muito sobre o que falar. Quando está na presença de alguém que você ama, não pensa em como encontrar o amor. Simplesmente vivencia a beleza desse sentimento. Da mesma forma, quando você se sente bem aí dentro, não pensa no que precisa fazer para ficar bem. Apenas relaxa num estado de calma, paz e bem-estar. Mas para isso é preciso estar bem com seus pensamentos e emoções. Relaxar na presença deles é um bom começo para se sentir bem em relação a eles. Se não conseguir relaxar intencionalmente diante de pensamentos e emoções, você vai ter que fazer alguma coisa a respeito. Será engolido por eles e tentará fazer algo para corrigir o que o incomoda. Melhor simplesmente relaxar e dar aos samskaras o espaço necessário para se libertarem. Ao relaxar e voltar à consciência testemunha, você se rende à realidade do que está acontecendo... Agora, afaste-se do ruído que tudo isso produz. A mente e as emoções fazem barulho, mas isso não é problema. Relaxe e se afaste do barulho... Nada é mais valioso do que uma experiência totalmente processada e integrada ao nosso ser... Mudar seu relacionamento com a própria mente é parte importante da jornada espiritual. Não conseguimos fazer isso lutando com a mente e resistindo aos pensamentos. Precisamos aprender a não dar ouvidos a ela. Você é a consciência, e sua mente é o objeto dessa consciência. Então você deve ser capaz de desviar sua atenção para outro lugar, mesmo quando a mente tagarela o tempo inteiro. E a maneira mais fácil de fazer isso é prestando atenção em outra coisa. Uma técnica de meditação muito comum é notar a própria respiração. Observe como você respira. O objetivo é praticar o controle da atenção para que ela volte a ser sua. O objeto da sua atenção determina suas experiências de vida..."
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