Eros Kerouak 30/08/2023minha estanteBom, comercialmente o livro é um sucesso, o que é bem surpreendente para uma obra com essa temática. Tem livros com a mesma temática que acho muito melhores inclusive, só que com muito menos gente leu, aí o que adianta?
Outro mérito do livro é promover debates, isso é importante. As pessoas não deveriam levar para o lado pessoal, você também não deveria.
O debate sobre a psicanálise tem sido bastante acalorado entre os psicólogos no meio acadêmico, acho interessante isso estar chegando ao grande público também.
Sustentar que a psicanálise é uma ciência com C maiúsculo é uma posição bastante difícil de manter. O que fica bastante evidente no fato de os psicanalistas nem estarem tentando mais isso. Na verdade, o que observo agora quando os psicanalistas vão defender a psicanálise, é uma estratégia oposta a essa. Dizem que a psicanálise não é uma ciência mesmo, que nunca pretendeu ser, e que isso não é demérito nenhum, afinal nem tudo precisa ser ciência. Em se tratando especificamente da psicanálise, acredito sinceramente que esse argumento pode ser válido. Realmente, nem tudo precisa ser ciência. O grande problema para os psicanalistas, é que a psicologia não vai deixar de ser uma ciência. Eles ficam bastante confortáveis de fugir para o status da não ciência como forma de escapar do estigma de pseudociência, desde que isso não implique que existe uma psicologia que é uma ciência a qual a psicanálise não faz parte. Assim sendo, dizem que uma psicologia científica é impossível, e acusam os psicólogos que buscam uma abordagem mais científica de positivistas, reducionistas, cientificistas, entre outros istas. O fato é, para não cair na pseudociência a psicanálise pode mudar para a caixa da não ciência, mas não vai conseguir carregar a psicologia inteira junto, os psicanalistas vão ter aceitar que continuará existindo uma psicologia que é ciência.
Voltando para práticas como homeopatia, acupuntura, astrologia, etc. Essas são pseudociências, e ao contrário da psicanálise, mesmo se seus praticamentes começarem a dizer que não tem pretensão de ser ciência, continuaram sendo pseudociência. O motivo, diferentemente da psicanálise, essas práticas se baseiam em afirmação de natureza muito mais concreta. São afirmações testáveis em nada metafísicas. Defender que esses charlatanismos tem alguma eficácia, além de efeito placebo, é equivalente a defender que a Terra é plana. Essa é a principal razão dos psicanalistas terem ficado tão ofendidos, pior do que o conteúdo do livro em si, é ver a obra do Freud no mesmo saco de charlatanismos tão evidentes.