Jennifer.Ernesto 16/01/2024
Subjetividades objetivas
Djaimilia Pereira de Almeida, angolana e escritora, em 3 ensaios provoca os seus leitores às suas reflexões sobre o que é ser uma escritora negra hoje, de acordo com ela. O ponto focal do primeiro ensaio são diversas perguntas sobre como ela se sente sendo uma escritora negra, e que, a partir deste ensaio, é que ela percebeu que ter nascido nos anos 80 é o que a possibilitou escrever. Se tivesse nascido antes, isso não seria possível, seja pelo passado colonial, ou quaisquer outros processos da colonização que marquem a sua pele. No segundo ensaio, a escritora dialoga com a Stephanie Borges sobre a escrita, seu lugar no mundo, o ensaio anterior, e as influências na escrita de Djaimilia. No terceiro e último, um ensaio um pouco mais complexo - não que os anteriores não o fossem, mas a escritora desponta a falar sobre o que gostaria de se aprofundar em tese de doutoramento, mas acaba por se aprofundar na ficção, entendendo que este seria um melhor lugar. Ela afirma que ser hospitaleira com os seus leitores e criar um ambiente para imaginação e indagação é o que ela busca fazer, sem demagogias. Esse é o seu intuito com a ficção.
Entendo que é um livro que instiga, esse é o papel dos ensaios. Apenas essa leitura não é suficiente para digerir sua complexidade. Agora, eu quero muito ler a literatura de Djaimilia. Ler seus ensaios me instigou. Além disso, ela dialoga com diversos autores brasileiros, com ênfase em Carolina Maria de Jesus. Adorei!