Resenhas - No Limiar do Inferno

Tatianees 16/10/2023

Eis um ótimo livro para o mês do Halloween.
No limiar do inferno é um livro que dá para ler em uma única pegada, porém você não vai conseguir ler sem parar para refletir.
Esse livro é uma mistura de drama, ação, suspense, terror e mistério.
Mario é um latino pobre, ele ver seu mundo desabar quando sua filha pequena fica muito doente. Para pagar o tratamento dela, ele aceita se tornar matador de aluguel.
De uma hora para outra, ele se vê envolvido numa guerra entre cartéis de drogas. E, além das armas de fogo, eles também utilizam de magia negra e demônios para combaterem os inimigos.
Durante todo o livro acompanhamos os pensamentos de Mario, refletindo sobre família, religião, dor e perda, bem e mal.
O final do livro foi tudo o que eu não esperava. Teve uma reviravolta muito chocante.
"O problema da humanidade é que ela é sempre pior do que o pior que se possa imaginar."

Dudu126 05/05/2024

No geral é uma leitura fluida que entrega tensão e alguns bons momentos de horror. Muito bom, recomendo a leitura.

Daniel Bitencourt 26/09/2023

Pesado
Com toda certeza um dos livros mais explícitos que já li (claro, desconsiderando True Crime), certas partes do livro são muito gráficas, porém em nada atrapalha a história.

É um livro sobre perdas, sobre vingança, sobre morte.
Gostei da forma como o livro foi escrito misturando em algumas partes o espanhol.

É uma história forte e muito pesada, com um desfecho muito surpreendente, mistura sobrenatural, misticismo e crenças pessoais de forma muito intrincada.
Recomendo a leitura!

Anderson Rodrigues 06/10/2023

"Deus é o copiloto, mas quem te leva para casa é o Diabo"...
Uma história carregada de violência.
Ódio e tristeza é destrinchada de todas maneiras possível ao longo das páginas, e isso é só um combustível para os personagens adentrarem em mundo obscuro, banhado em sangue que os Cartéis governam. Achei toda construção narrativa de Gabino a forma como ele vai desenvolvendo o sobrenatural ao poucos fazendo você ficar grudado nas páginas para saber que merda está acontecendo muito boa só algumas coisas repetitivas ligada a desvaneio do personagem que poderia ser excluída, mas nada que estrague a leitura.

MaatSantos 27/02/2024

Os fins justificam os meios?
Mario é um homem que está passando por um inferno em sua vida, tendo sua filha acamada em um hospital com leucemia, ele se encontra em desespero com sua mulher, acumulando dívidas e desgastando seu casamento cada vez mais.
Desesperado para salvar sua filha, o protagonista entra em trabalhos sujos, envolvendo drogas e assassinatos. Gostei muito do rumo que toma a historia, pois o cenário de cartéis e trabalhos sujos que "peões" desempenham foi mostrado de uma perspectiva muito boa.
Além de toda a ação e conflitos que são apresentados, a jornada de Mario e os outros peões também se depara com coisas sinistras e irreais, algumas com justificativas no divino e no diabo, o qual para mim não foi um absurdo, por se encaixa muito bem em mexicanos devotos à Deus e até mesmo mafiosos que vivem ao lado do diabo em seus trabalhos.
Apesar disso, gostaria que tudo fosse mais pé no chão, porque toda a história já aborda temas muito bons, como traição, xenofobia e até mesmo a questão do bem e o mal estarem presentes na jornada de Mario, exercendo influência no que ele deveria fazer, e até que ponto poderia ir.

Juju 12/09/2023

O Diabo Te Leva Para Casa
Mario é um homem desesperado e completamente tomado pelo mais puro ímpeto ensandecido de salvar a vida da única filha prestes a morrer de câncer em um hospital no Texas. Hospital este cujas contas astronômicas ele não consegue pagar, hospital este em que os médicos soam falsos e enxergam a pobre Anita somente como uma cobaia fascinante a ser examinada e testada, hospital este que agora faz as vezes de seu lar, enquanto o núcleo de sua família aos poucos desmorona bem como sua própria vida. Desempregado, Mario aceita qualquer serviço e acontece que seu velho amigo Brian sabe exatamente o que lhe oferecer, e é assim que o mesmo se converte em um assassino de aluguel. O que em tese deveria ser uma tarefa difícil, logo assume um viés catártico na vida de um homem que tem tudo a perder, puxar o gatilho é quase um alívio para a raiva e para a impotência que habitam em seu peito. A dor e a culpa nunca vão embora, porém são as lembranças e os prospectos de um futuro melhor que motivam Mario a embarcar em uma última missão. Para além da fronteira entre Estados Unidos e o México, uma rixa entre cartéis se desenrola, e é em meio a todo esse caos que três homens unidos por seus próprios fantasmas poderão obter algum lucro e sair com tanto dinheiro nos bolsos que nada mais importará depois. Vida nova para Mario, Brian e Juanca. Bem longe dali. Isto é, se forem capazes de sobreviver aos perigos sombrios que lhes aguardam à espreita, afinal, eles nem sempre são humanos.

Gabino Iglesias é um escritor, jornalista, professor e crítico literário natural de Porto Rico. Autor de dois grandes sucessos (Zero Saints e Coyote Songs), possui vários de seus textos e resenhas publicados em veículos de prestígio como o New York Times. No Limiar do Inferno recebeu dois prêmios em 2022 (Bram Stoker e Shirley Jackson Award) e já teve seus direitos adquiridos pela Sony Pictures para ser convertido em um filme.
A obra é um thriller noir bastante original que mistura vários elementos do sobrenatural, inseridos a princípio de maneira sutil ao serem correlacionados às crenças tradicionais do povo latino, mais precisamente as crenças mexicanas. Figuras ominosas como La Huesuda (a morte) e El Milagrito (O Milagre em tradução livre). Em resumo, este é um livro que aborda dor, perda e luto de uma maneira diferente. A violência é uma válvula de escape que o personagem principal - Mario - encontra para liberar seus demônios interiores que lhe assombram a todo momento. Um homem destroçado e agora vazio que vive no passado, torcendo para que suas ações lhe tragam um futuro, sem saber exatamente o que esperar deste, uma vez que a morte está sempre a um passo de distância. Um conforto ou talvez martírio, dependendo do ponto de vista. O autor é muito competente ao elucidar o cenário, o pano de fundo em que se passa a sua obra: estradas arrasadas, carcomidas, áridas, casas decrépitas com túneis misteriosos e frios, habitados por criaturas estranhas e sedentas. Tudo isso denuncia uma realidade sobre a qual pouco refletimos, mas palpável para aqueles tão próximos ao muro que separa as drogas do famigerado sonho americano. Diferenças gritantes, o preconceito enraizado, a xenofobia descarada pela pele bronzeada, o sotaque carregado, o inglês espanholado. E é ali, nesse Inferno, nesse limbo, no limiar de seu abismo que Mario busca seu último fio de esperança, agarrando-se a ele como um tolo desesperado. Confiando em um traficante viciado em metanfetamina e um membro de cartel, sendo que ambos teriam todos os motivos do mundo para meter uma bala em sua cabeça e vice-versa.

O livro é surpreendentemente intrigante, ainda que se estenda bastante para entregar o seu ápice. Algumas cenas realmente boas e de gelar a espinha, outras secundárias e que poderiam ter sido encurtadas, principalmente algumas reflexões e devaneios repetitivos de Mario. No geral é uma leitura fluida que entrega tensão e alguns bons momentos de horror. Acredito que a adaptação para as telas tem tudo para ser um grande sucesso, caso saibam dosar bem. Essa foi minha primeira experiência com o autor que é super acessível (falei com ele pelo Instagram) e espero que a Darkside traga seus outros livros até nós, com certeza lerei.

Gabriel.Sacramento 20/02/2024

Incrível
Um livro cru, pessimista e seco, muito fundamentado na realidade de um imigrante em um país racista, com diálogos afiados sobre a realidade da desigualdade social e racial da terra da liberdade. Simplesmente uma das obras mais incríveis que já li, pois é boa como ficção e tem esse subtexto político poderosíssimo.

Como ficção especificamente, temos nada menos que um ótimo livro noir com doses sobrenaturais, com personagens cativantes e uma trama empolgante. Tudo funciona, nada se perde. A jornada engole o leitor com um aviso de que as coisas ficarão feias, como uma viagem no automático em alta velocidade e sem cinto de segurança. Simplesmente fechamos os olhos e esperamos pelo menos pior.