SouDulce 08/06/2024"Tristeza nem que seja um pouco a gente já nasce carregando"Nesse livro de Lilia Guerra, Sá Narinha desenvolve sua vida em Fim do Mundo, um local periférico como muitos existentes no Brasil. É dentro dessa comunidade que acompanhamos os dilemas e as amizades de Sá Narinha, uma senhora desilundida com a maternidade, mas cheia de pensamentos.
A autora costura nessa trama diversas histórias entrelaçadas com a própria história da protagonista, entrando e saindo de diversas histórias. A trama começa num enterro, e personagens saem e entram e serão desenvolvidos - outros mais e outros menos - durante a história. A narrativa carrega a oralidade dos subúrbios periféricos e desenvolve diversos pensamentos sobre vida social, humanidade, racismo, religião, feminicídio, tudo sob a perspectiva de Sá Narinha, uma empregada doméstica que tem um filho sozinha que mora com a irmã que acaba criando esse seu filho enquanto ela trabalha em várias casas de classe média na região central.
O livro tem um bom desenvolvimento dos temas, mas muitas vezes as diversas histórias recortadas confundem quem não grava muito nome de personagens - e eles são muitos - e sobre suas situações. Entretanto, se não houver esse tipo de preocupação, vai se encantar com a linguagem poética usada, mesmo falando sobre problemas clichês de quem vive na periferia, suas dificuldades diárias, como essas pessoas são vistas pela sociedade e principalmente as relações dessas pessoas com os objetos.
Achei o final uma tentativa agridoce de finalizar a história. Não é necessariamente uma crítica, mas pareceu meio do nada, mas gostei da história e me emocionei com algumas reflexões sobre como é difícil morar em um local periférico.