hafronita 13/01/2024
A dança triunfal de 'Entre ponteiros & eclipses'
O enigma se inicia como o Oráculo: como uma garota, inicialmente negada, conquista o triplo? Um acaso desencadeia um caso peculiar. No desespero, o que significa verdadeiramente prosperar? Uma mente inquieta reflete sobre o mundo e suas injustiças. O que é um ser amaldiçoado senão um cativo de sua própria monstruosidade? E quando essa monstruosidade revela-se como o despertar da paixão? Existe algo superior a uma história de amor intensa e dramática? Uma conversa amigável tem o poder de aliviar anos de pressão no coração. A vida, por vezes, parece uma bagunça digna de uma peça trágica de grande sucesso. Os flertes, antes apenas provocativos, transformam-se após a fuga. O ato de gentileza, por mais simples, pode redimir e revelar a verdadeira essência empática da alma.
Em Caladuna, os ponteiros do tempo dançam como símbolos de opulência. O coração de Lefertahri palpita, momentaneamente esquecendo-se dos rumores sobre a criatura nas montanhas. Não sabe ao que temer, mesmo confrontando, ela também era uma. Ela se entrega ao destino como uma folha à deriva, sem escolher o jardim para onde será levada. Cada passo é uma dança leve, como se pairasse sobre o solo, desprovida de pensamentos racionais, apenas conectada primariamente ao mundo à sua volta. Seu corpo espectral parece uma marionete guiada pelo instinto, uma correnteza invisível. Apenas não estava em seus planos, humano ou não, se conectar tanto com a criatura nas montanhas, que logo descobriu seu nome: Alanis.
Naquele emaranhado de cartas, conflitos e melodias, as dúvidas surgem como visitantes indesejados do coração. O amor rejeitado, a redenção de uma cidade e o reencontro com uma família distante surpreendem a cada virar de página. Com uma escrita minuciosa, envolvente e várias perspectivas sobre o que e como as coisas se desdobram, é irresistível não continuar, avançar e concluir a contagem dos livros no mesmo dia, preso na trama cativante que se desenrola.
A história, em poucas páginas, nos leva em uma montanha-russa emocional. Digo isso porque a trama é repleta de ápices, revelações e altos e baixos, que são esclarecidos após os eventos. O coração palpita à medida que tudo se encaixa; em rápidas leituras, sentimo-nos como dominós, derrubando cada verdade do passado e enterrando-a para um novo presente. O romance provocativo acende memórias em Alanis, despertando sentimentos de apego, compaixão e talvez até raiva em quem possa estar lendo.Testemunhar alguém que poderia ter a melhor versão de si se depreciando por ações passadas é doloroso. Num cenário centrado em um governo que ignora problemas em prol de uma personificação de país controlado, somos envolvidos por uma trama fantasiosa e romântica, tecendo um acordo entre perdoar o passado, aceitar a própria essência e enfrentar um futuro incerto. Este renomado conto reconfortante deixa uma pulga atrás da orelha: e a continuação?