MarcosQz 25/08/2023
"O medo chegou como uma nuvem."
Elesbão e a forca que nasce é o primeiro relato do livro, que já começa a com um horror que arrepia a alma, retornando ao período escravista de 1830. Logo de cara o susto pelo horror causado por simples prazer e ódio. O conto seguinte é quase uma continuação, não menos horrível. O que nos faz entender um pouco mais, pelo horror, porque Campinas ainda é considerada, como diz no livro, uma cidade "provinciana, escravagista e aristocrática".
Maria Jandira dos Santos é uma história triste, de amor e horror, de brigas e desejos e de covardia por algo que não possuímos de verdade: o nome. Até mesmo Hilda Hilst está presente nessa coletânea de horror, com as vozes dos mortos que procurava.
O Cemitério da Saudade é uma personagem à parte com suas histórias e relatos que ao mesmo tempo são maravilhosos e horripilantes. Carlos Gomes, grande maestro desprezado em sua própria cidade, também está no livro, assim como sua mãe, distantes em seus assombros.
Até mesmo a prefeitura da cidade é palco de assombrações. Thyago de Souza, Silo Sotil e Matheus Hass com suas artes incríveis recontam a história de Campinas de forma única e inusitada, uma forma de conhecer a cidade, sua formação e construção, de forma bem diferente da ensinada nas escolas.
Assombrações de Campinas é uma obra maravilhosa, carregada não só de histórias assombradas, mas também de histórias e relatos de amor e tristezas do povo que aqui passou e que, talvez, continuem a passar enquanto procuram seus descansos.