JoaoVictorOF 18/03/2024
Yee está mais precoupado em acariciar o próprio ego do que construir uma história satisfatória
Meu desagrado com a escrita e as escolhas do autor vinham se acumulando desde os livros da Kyoshi e agora o balde transbordou: o ranço venceu.
Já tinha pontuado em resenhas anteriores o quanto F. C. Yee parece interessado em retirar qualquer magia e encanto que o universo de Avatar oferece para focar na parte mais mundana e sórdida, para a minha incredulidade. Ele tem um fascínio por explorar a politicagem, as maquinações, os acordos econômicos, as traições. A impressão que tenho é que ele quer se tornar o Gerge R. R. Martin desse universo. Não chega nem perto.
Um voo menos ambicioso teria resultado em uma história simples, porém gostosa de acompanhar. O que temos em vez disso é um requentado do enredo que sobrou do primeiro livro, dolorasamente repetitivo, lotado de personagens pouco memoráveis e com caracterizações fracas a serviço de um enredo insatisfatório. Tudo tem que ser tenebroso; nada pode ser genuinamente positivo e leve. Nada ilustra melhor essa tara por complicações desnecessárias para mim do que a perversão que se vê aqui da Ordem do Lótus Branco. É um vício de tentar surpreender o leitor a cada página, uns twists que não acrescentam quase nada. A própria escrita é ambiciosa além da conta para uma fantasia YA e isso também me cansou.
Só salvo desses livros a protagonista e seu nem tão fiel escudeiro. Yangchen e Kavik são os únicos pontos de luz em meio a esse breu, mas sofrem pela falta de desenvolvimento. Suas questões pessoais ficam quase de escanteio em meio à muvuca da trama principal. O livro teria se beneficiado muito em ser uma história focada em seus personagens ao invés do enredo.
Enfim, eu espero que o envolvimento de Yee nas novels termine por aqui mesmo. Não acho que ele seja um autor terrível, simplesmente acredito que ele deveria canalizar sua criatividade para um outro objeto, um que seja mais compatível com seu estilo e interesses.