Klaus 22/11/2023
Bom, mas tinha potencial para ser melhor
Seria um livro 4 estrelas se não fosse por 3 motivos:
1 - Muito curto. Não é culpa da autora, pois se trata de uma coleção de livros que justamente objetivam apresentar uma versão "resumida" de um assunto para que pessoas que não sabem nada sobre ele passem a saber alguma coisa. A questão é que Paula não precisaria ter escrito o livro especificamente para essa coleção, e assim poderia ter mais liberdade para explorar o assunto. Aliás, fica aqui uma dica: expandir esse livrinho para um livrão, com umas 150, 200 ou mais páginas. É algo a se pensar, pois leitores não faltariam, já que o assunto é bem interessante.
2 - Erros. O livro parece ter sido feito de forma apressada (ou não teve revisão profissional, uma etapa essencial para livros lançados oficialmente, por editoras). Há alguns (poucos) erros de escrita, mas o que incomoda mesmo são os erros factuais, geralmente ligados a datas. Por exemplo, a convenção de Sêneca Falls foi em 1848, não 1948. É só um número de diferença, mas faz uma grande diferença. Outro exemplo: o livro que propeliu a terceira onda do feminismo foi lançado por Judith Butler em 1990, não 2019. Esse segundo é o ano de lançamento do livro da Ana Campagnolo, que justamente critica o feminismo (ambos têm a palavra "subversão" no título, então a confusão pode ter acontecido por isso). Erros acontecem, é normal, mas eu contei vários desse tipo num livro tão pequeno, então certamente isso não causa uma boa impressão, pois compromete a credibilidade.
3 - Religião. É comum os argumentos dos ativistas LGBT e afins serem rebatidos com argumentos religiosos, mas o apelo à religião não só não refuta o grupo oposto como soa forçado, enviesado e vazio. O que refuta a ideologia de gênero é a ciência, portanto a discussão deveria se ater apenas a justificativas pautadas na biologia e cia, não na moral judaico-cristã ou na Bíblia. Tendo dito isso, é preciso reconhecer que a autora não foi proselitista, tampouco foi muito explícita em relação às suas próprias crenças (o deslize mais óbvio é o provérbio bíblico que encerra a obra, que é compreensível, mas desnecessário).
Em resumo, é um bom livro, que eu certamente recomendo para quem se interessa pela área. Apenas sinto que o potencial não foi 100% aproveitado. Uma segunda edição, revisada e atualizada, pode corrigir os problemas mencionados e aumentar minha nota de avaliação.