thalita batista 18/05/2024
"Talvez nós realmente sejamos como Aquiles e Pátroclo"
É um livro que começa de um jeito e no meio toma um rumo totalmente oposto de como começou que me prendeu completamente.
Bem, eu vou começar falando do plot, que foi algo que me pegou demais. O livro começa com dois garotos indo para a detenção nas férias de verão e esses dois garotos, Ashton e Evan, acabam se aproximando e demonstrando interesse um no outro. Até ai estava tudo certo, até que é revelado que Ashton está procurando por um amigo que sumiu a meses e que ninguém sabe o paradeiro. E é aí que o livro começa a ter uma atmosfera completamente nova, cheio de mistérios e dúvidas juntamente com os dramas individuais de cada personagem - que falarei mais pra frente porque é algo que preciso comentar.
O plot em si não é nada de outro mundo, é só você juntar as peças que você descobre, mas isso não muda o baque que você sente quando tudo é revelado e vê a crueldade que o ser humano pode ter dentro de si.
Existiram algumas situações que me deixaram desconfortável e cenas explícitas e visuais de violência que me deixam com nojo e a ponto de vomitar ou não conseguir parar de CHORAR, tudo isso combinou para o enredo marcante da história, mas se você for mais sensível aconselho tomar cuidado.
Agora indo para o ponto que eu mais quero: os personagens. Começando pelo protagonista e narrador desse livro, Evan. Eu não gostei nada dele no começo. Eu li junto com uma amiga e ela sabe o quanto eu acheo ele irritante e egoísta, alguém que só ligava para os próprios problemas e que claramente tinha uma certa dependência emocional no Ashton ao ponto de começar a só se importa com ele e nada mais e isso estava destruindo a relação dele com as pessoas, principalmente com seus melhores amigos. Porém, com o tempo, eu comecei a ter empatia por ele, mesmo diversas vezes ele sendo um grande babaca e tomando péssimas decisões, eu entendi que ele era alguém que precisava de ajuda, assim como TODOS os personagens desse livro.
"Você gasta todo o seu tempo se desculpando, mas a única pessoa a quem você precisa se desculpar é você mesmo."
Ashton foi quem eu mais gostei desde o início. Seu fascínio por história e literalmente, principalmente A Ilíada de Homero, me chamou muita atenção e ganhou pontos comigo. Mas assim como Evan, Ash era alguém que passou por muitos problemas. Durante a história é revelado que Ash sofre de transtorno de personalidade bipolar e passa por episódios recorrentes de mania e depressão, o que deu um ar bem melancólico à história a cada vez que esses episódio iam se destacando. Ash ainda sente um grande amor pelo seu amigo desaparecido e faz de tudo para encontrá-lo. Nunca chegamos a conhecer Frazer de verdade sem ser pelos relatos de Ash, porque desde o início era óbvio que o garoto estava morto. Mas toda cena que envolvia ele me dava um aperto no peito, uma tristeza tão grande principalmente quando chegou pela metade do livro que é quando sabendo um pouco mais dele. Foi inevitável não chorar quando tudo foi revelado. Foi um sentimento de perda muito grande.
Sobre o romance de Ashton e Evan eu queria dizer que houve muitos momentos que eu achei que aquilo não daria certo. Era tanta coisa acontecendo, tanta desgraça o tempo todo que juntava com os pensamentos de auto sabotagem do protagonista que me faziam perder as esperanças. O relacionamento deles era tóxico, nenhum estava psicologicamente pronto para ele, o que resultava que os dois sempre acabavam se machucando e se machucando de novo. Ler certos diálogos deles doía demais.
"O Aquiles sempre amou o Pátroclo mais do que o Pátroclo amou o Aquiles."
Por fim, queria dizer que foi uma leitura que no começo não me agradou muito mas que com o tempo me prendeu bastante - mais pelo mistério e a complexidade dos personagens do que por qualquer outra coisa - e eu gostei bastante da leitura. Senti falta da autora desenvolver os personagens secundários, ela acaba jogando informações e plots sobre eles, mas que por fim deixou essa lacuna em aberto e não nos deu respostas sobre eles. Queria saber mais sobre como aqueles dois amigos do Evan que se gostavam se resolveram ou saber mais sobre a Max e os outros. Mas tirando isso e aquilo, foi uma boa leitura, e se você gosta de histórias como Banana Fish e All for the game pode gostar também.