spoiler visualizarVitus 19/09/2012
Este livro é um meio a meio quando analisamos do ponto de vista atual.
E digo isso porque gostaria de começar pelo que mais me “travou” a leitura: muito do livro, especialmente o segundo tomo, faz referência a fatos que se deram à época: ou é crítica a determinadas instituições, ou é análise de conjunturas locais e temporais que não possuem relevância para os contemporâneos a menos que se trate de historiadores – aqui é importante notar as percepções que o autor tinha de uma coisa ou outra para melhor entender o modo como o movimento nacional-socialista se comportou em seu primeiro período.
O segundo ponto desfavorável foi a qualidade do texto. Poucos são os erros, é verdade, e a maioria é de digitação. Mas me torrou a visão ler “nacionais-socialistas” de vez em quando – erro crasso.
Tirando isso, o livro pode ser dividido na análise dos seguintes temas:
-A questão racial, em que Hitler explica, em linhas simples, a doutrina racial da ideologia e sua relevância. Aqui é importante notar que a concepção de “homem ariano” foge completamente ao que o senso comum compreende acerca deste conceito. A identificação do negro como inferior não é algo que parta de um comparativo com a figura do alemão e é uma constatação que perdurava na cabeça da maioria das pessoas àquele tempo. O que é importante notar aqui é o matiz espiritual que o racismo hitlerista possui em comparação com o racismo puro e simples ou com o racismo científico. Para os que querem melhor entender esse conceito, eu os remeto aos escritos de Nimrod de Rosário. Toda perquirição do mesmo é inútil de acordo com as idéias falidas que se tem de raça e racismo atualmente, muitas das quais, em sua obsessão igualitarista, pecam até na seara da ciência, que tão cheias de milho no papo dizem defender.
-A questão política. Aqui é de central importância separar o nacional-socialismo do espectro político direita-esquerda, liberalismo-marxismo. O nacional-socialismo destaca-se disso e faz questão de afirmar sua incompatibilidade com o que define como “doutrinas falidas” – daí sai o aspecto revolucionário do movimento. Mais importante que lembrar o nojo absoluto que tem do marxismo – o que Hitler vê como instrumento do judaísmo – é importante ver como ataca o que se entende por “direita”: o conjunto liberal-conservador que, na visão do autor, é visto como impotente, pusilânime e até cúmplice do marxismo; isso sem falar do entendimento de que o capitalismo é a outra face da moeda da doutrina de conquista dos povos judaica.
A questão relativa à forma do Estado e dos direitos dos cidadãos é esboçada em linhas gerais do ponto de vista formal. Do ponto de vista material, tudo deve obedecer o imperativo de sobrevivência da raça e de seu desenvolvimento. Daí a ênfase ao militarismo.
A descrição da luta com a frente vermelha vou deixar para o próximo ponto de relevância.
-Propaganda e militância. Hitler compreende profundamente o poder da propaganda e seu método de emprego. Não sei se é o que funda essa concepção ou se conseqüência dela, mas a compreensão hitlerista da sociedade de massas unida à assunção de que o destino da humanidade é guiado por poucos homens e poucas idéias é base fundamental da ideologia, de seu modus operandi e um tapa na cara do princípio segundo o qual todos os homens são iguais.
A luta com a frente vermelha é violenta, na qual são necessários o pulso e o vigor, a coragem. Daí advém muitas críticas aos partidos burgueses, impotentes em relação ao modus operandi violento e obsessivo das esquerdas – o que ainda nos dias de hoje figura-se com verdade. Os nacional-socialistas, em contrário, compreenderam isso de antemão e incorporaram isso à sua propaganda, a seus comícios – o que, extrinsecamente, acaba nos dando a imagem que o movimento tem ainda hoje, mas sem a qual não teria sido possível a conquista do poder.
Mais que isso – ao contrário da sociedade atual – a afirmação da qualidade absolutamente intolerante e fanática da ideologia se dava em função de sua característica universal e da necessidade de sobrevivência.
Hitler acerta em cheio quando diz que toda doutrina universal é manifestamente intolerante e que assim devia comportar-se o nacional-socialismo. Aponta os marxistas como exemplo, uma ideologia claramente intolerante – posto que o inimigo político é tido como algo a ser extirpado e a sociedade, que deve ser o barro para suas mãos, é compreendida como algo a ser abolido e reinventado.
A necessidade de sobrevivência obedece a insignificância que aquele país possuía no contexto da política internacional à época aliada à necessidade de afirmação da identidade nacional como é típica de regimes fascistas.
Não vou colocar aqui as minhas opiniões pessoais acerca de judeus – eu certamente seria banido do site. Vou apenas dizer que a redundância dos ataques aos judeus é fundamentada. Realmente os autores da revolução de outubro de 18 eram em sua maioria judeus, o mesmo procedendo em relação à maioria dos ideólogos e integrantes relevantes do movimento marxista. Para quem teve formação lendo não apenas os jornais de movimentos völkisch, como também literatura germânica, não se deve surpreender que se chegue a tal conclusão. Some-se isso aos fatos supra-citados.
Em resumo, este livro é inútil para todos aqueles que não forem além do que os média e as instituições atuais têm a dizer acerca de nacional-socialismo. A própria compreensão do livro fica prejudicada e, muitas vezes, equivocada.
A compreensão do que Hitler tem a dizer sobre propaganda pode ser a primeira quebra de preconceitos [ah, essa palavra tão usada me desagrada!]necessária para a leitura e compreensão adequadas do escrito.
Não sejam estúpidos de esperar alguma maravilha estilística. Hitler se expressa através de palavra que são “difíceis” nos dias de hoje. O importante é notar que Mein Kampf, grosso modo, é um panfleto político para educação do movimento. Aos que quiserem estilo literário eu mesmo recomendo alguns livros – antes empreguem nisso seu tempo ao invés de ficar fazendo críticas estapafúrdias.