Marcos Ogre 14/05/2024
Em A Era das Aranhas, de Rafael Delboni, o leitor é apresentado a um universo em que a magia e a religião tecem todas as intrigas que movem o mundo. Centrado no reino de Demétria, que é governado por uma política matriarcal, acompanhamos o desdobramento dos primeiros passos de uma profecia de mau agouro, que prevê a vinda de uma era sombria e desafiadora para a rainha e seu povo.
Como guias nessa jornada, o leitor segura as mãos da Rainha Luydmila, uma referência para sua população, mas que se vê ameaçada pelas tramas do destino; de Mizarrah, uma nova líder estrangeira, que gradualmente cresce em sua influência e poder; e do grande protagonista e melhor personagem do livro, o Tecedor de Memórias Xa-sael, um mago poderoso e de índole questionável, mas extremamente fiel à sua deusa.
O universo fantástico de Delboni está carregado de simbolismos e de referências que, embora rastreáveis, ainda assim favorecem a originalidade de sua criação. Nota-se um carinho desde a escolha dos nomes das criaturas fantásticas até o funcionamento da magia por seus dominadores. No que diz respeito ao tom, a fantasia épica e a fantasia sombria são os maiores elementos norteadores, embora haja pitadas de horror, principalmente devido aos mosntros que o habitam.
Dos personagens, é impossível não destacar Xa-sael, que fica no meio termo entre o desprezível e o fascinante. É como ver uma aranha selvagem se movimentando: a sensação de perigo iminente e a beleza de seus passos milimetricamente pensados tornam impossível não se prender na teia de sua trajetória. Da mesma forma, o enredo do pequeno Lucien atiça a curiosidade do leitor para os próximos volumes, pois parece o início de uma história que o leitor mal pôde pincelar.
Se há uma crítica que devo ressaltar é que a obra é bem curta, menos de 200 páginas, o que, para o público de fantasia, pode inquietar o quero-mais de uma saga ainda não concluída. Fico na expectativa para os próximos volumes, aguardando o desenvolvimento de muitos personagens interessantes e o aprofundamento na crítica realidade que se estabeleceu no Reino de Demétria.