Kililana Song: Edição integral

Kililana Song: Edição integral Benjamin Flao




Resenhas - Kililana Song: Edição integral


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Felipe Ogawa 17/04/2024

Você já leu uma história que se passa no Quênia?
"Kililana Song", obra de Benjamin Flao, oferece uma experiência frenética em quadrinhos. Este volume integral, situado em Lamu, é um verdadeiro monumento, mas não deixe seu tamanho te intimidar; por conta disso, ele proporciona uma leitura visualmente confortável.

Inicialmente, a HQ retrata o cotidiano de uma criança queniana, entrelaçando-se em seguida com uma trama de proporções gigantescas: uma investigação sobre tráfico de drogas, a opressão colonialista que sufoca Lamu e a exploração desumana dessa cidade turística e seus moradores. O que mais me impressionou foi a qualidade das artes, que, agregada ao roteiro crítico, formam uma tapeçaria anticolonialista, dialogando sobre as consequências de um país explorado, imerso em extremismo religioso e no comércio de drogas e problemas importados pelos gringos.

Esta leitura não apenas testemunha a jornada pessoal do autor, Benjamin, ao viajar por Quênia, mas também convida à reflexão sobre o quão nocivo é o capitalismo.
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Felipe HQs e Mais 16/04/2024

Progresso versus tradição
Benjamin Flao tem um belo dom. Sim, eu sei, ele desenha e pinta as páginas de sua HQ de forma soberba, isso é fato, mas o dom a que me refiro é o de saber contar histórias. O desenhista francês sabe como ninguém contar boas histórias, com personagens cativantes, daqueles que te fazem torcer pelos seus destinos.

'Kililana Song', publicada pela editora Nemo, é fruto da estadia de Flao em Lamu, cidade costeira do Quênia, no início dos anos 2.000. Com a navegação ainda guiada pelos ventos e estrelas, em Lamu os jovens exercem a tradição ancestral de usar os barcos como fonte de renda na pesca, no transporte e no turismo. E nas ruelas de Lamu conhecemos Naim, 11 anos, malandrinho que só, o protagonista da contagiante trama à beira mar.

Com Naim fugindo de seu irmão mais velho, Hassan, um religioso cri-cri, Benjamin vai nos apresentando os demais habitantes da costa ensolarada da região: Mo, Babu e o mudo (mas tagarela!) Selim. Naim e sua trupe conhecem as ruas e as manhas do bairro como ninguém e dele sabem tirar seu sustento.

Em Lamu, também conhecemos figuras exóticas, como traficantes, viciados, picaretas, barqueiros, rebeldes e militares, todos tendo como pano de fundo a beleza do litoral do Quênia. Entretanto, esta beleza também desperta o interesse de empresários dispostos a extrair petróleo na região e nela criar portos, campos de golfe e hotéis em áreas onde a tradição e religiosidade do povo nativo são seculares. Modernidade versus tradição, petróleo versus pesca, eis o dilema que 'Kililana Song' traz ao litoral do Quênia.

A habilidade de Benjamin Flao em contar a história de cada um dos personagens, com cada trama tocando ou invadindo as demais, é algo encatador. Naim é o fio condutor que te leva para explorar consigo telhados, ruas, amizades, mares e, junto dele, entender as críticas de Flao ao progresso. Ele é mesmo necessário?

Eu terminei a edição querendo uma continuação, querendo saber mais da vida de cada uma daquelas pessoas que vive em Lamu. E mais: terminei de ler 'Kililana Song' querendo conhecer outras obras do francês Benjamin Flao. O mar desenhado por ele é estarrecedor de bonito! Seu desenho da postura corporal dos meninos, sobretudo Naim, beira a perfeição! Nunca vi um desenhista retratar tão bem crianças agachadas ao chão, ou relaxadas, conversando e brincando, como Flao. Por favor, Nemo, diga que vem mais HQs de Flao por aí!

E você, conhecia a história de Naim e cia narrada em 'Kililana Song'? Se não, pode garantir a sua, pois é garantia de uma excelente leitura.
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Bastos 12/04/2024

Uma história em quadrinhos muito bonita, poética e exótica. A história é simples, so que é tudo tao bem escrito que voce mergulha nas paginas e nao quer sair, os personagens são todos muito bem escritos, em especial o protagonista Naim, eita moleque malandro kk

A arte é maravilhosa e mágica. Com belos desenhos em aquarela, você consegue sentir o mar, o calor úmido e toda a atmosfera do ambiente.
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Lau 09/04/2024

Pense num quadrinho lindo de morrer: é este aqui

Com um enredo bem entrelaçado, personagens marcantes, curiosos, e ilustrações belíssimas, essa é uma HQ que não se lê, se mergulha - como uma vez um dhow mergulhou nas profundezas do Ocenano Índico que circunda Lamu

O cenário, que envolve tantos nomes de forma tão natural que me fez sentir andando pelo arquipélago guiada por Naim, é - só para fins de comparação - como uma grande vila do Chaves, onde todos se conhecem, todos são memoráveis, e o problema de um é problema de todos. Estamos em uma comunidade onde se compartilha do espaço com certa harmonia e, à exceção dos estrangeiros, existe uma aliança tácita de proteção entre eles ou, ao menos, de uma singular cumplicidade

Há forças externas a Lamu que ameaçam essa comunidade, prontas para passar por cima de qualquer necessidade básica à sobrevivência do povo enquanto isto significar fortuna, ou, assim dizem "não importa a cor do dinheiro" (o que não é uma novidade, bem sabemos). Na história ficam evidentes várias tensões sociais que perpassam a política e a religião sobre o local, mas uma coisa nunca muda: a aliança. Graças a Naim podemos ver que ela não se apresenta somente entre as pessoas, mas entre a natureza e seus espíritos - isto era inabalável

No início, achei suspeito que o autor fosse um francês falando sobre o Quênia, mas quero acreditar que sua vivência ajudou-o a ilustrar a essência dessa cultura que conheço tão pouco. E o desenho que sai das suas mãos é apenas... maravilhoso!
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Will 09/04/2024

Pelas ruelas, histórias
Histórias com crianças espertas sempre me cativam, e aqui não seria diferente. Naim é encantador: travesso, esperto, sabe se virar na realidade que está inserido e entende muito mais do ?mundo adulto? do que os adultos imaginam, mas ao seu jeito.
A arte é um ponto a parte, porque tudo é ao mesmo tempo detalhado e imaginativo. Você consegue ter dimensão do cenário e se ver inserido ali, ao mesmo tempo em que ele abre espaço pra imaginação e para a própria construção de imersão do leitor.
A história, que acontece em diversas frentes, se encontra em pontos variados e que vai desabrochando em novas tramas o tempo todo. O novo e o velho se unem e se duelam, ao mesmo tempo em que discussões sobre conversão religiosa compulsória e preservação sócio-ambiental aparecem de plano de fundo.
Recomendaria para qualquer um que gosta de boas aventuras e de histórias em que crianças são colocadas em mar aberto para a descoberta de um novo mundo, figurativamente ou não.
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