Beirut Station

Beirut Station Paul Vidich




Resenhas - Beirut Station


1 encontrados | exibindo 1 a 1


Spy Books Brasil 08/02/2024

O stress da vida dupla em território hostil
Eu nunca havia lido nada escrito por Paul Vidich antes deste Beirut Station. Via de regra, eu gosto de iniciar a leitura de um autor novo em ordem de publicação. Desta vez, porém, a idissioncrasia deste que vos escreve foi desrespeitada.

Beirut Station é o sexto romance de Vidich. É o mais recente, lançado em outubro do ano passado (2023). Por que comecei por ele? Não tenho uma resposta pronta...

Talvez o fato de se passar no Líbano, um dos países mais sacrificados pelas infindáveis guerras entre árabes e israelenses, tenha atiçado a minha curiosidade. Sem mecionar os incessantes abusos das potências europeias que por lá estiveram antes que a criação de Israel pusesse um pavio no barril de pólvora que sempre caracterizou o Oriente Médio.

A história se passa em 2006, no início da guerra iniciada por Israel depois que dois soldados das Forças de Defesa Interna (IDF) foram sequestrados na fronteira pelo Hezbollah. Mas aí, já estamos entrando na trama. Vamos conhecê-la.

A trama - Beirute, 2006. Analise Hahn Assad, uma jovem de origem libanesa nascida nos Estados Unidos, está no último dia de seu tour pela capital do Líbano. Oficialmente ela trabalha para o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, o ACNUR.

O posto na ONU, porém, é uma cobertura não oficial para seu verdadeiro trabalho no país. Atuar como uma oficial de ligação da CIA numa operação conjunta com o Mossad, o serviço secreto israelense. O objetivo é eliminar um líder do Hezbollah acusado de assassinar, em 1985, o então chefe da CIA em Beirute, William Buckley.

O papel de Analise em seu último dia será identificar positivamente, na rua, a presença do terrorista no carro que um comando remoto mandará pelos ares nas ruas de Beirute. A operação, porém, não é concluída e Analise precisa estender sua permanência.

No processo de montar uma nova emboscada, ela vai acabar enredada numa teia de traições e vinganças particulares que envolvem autoridades libanesas, seu contato no Mossad, e acabará sem saber quem são ou onde estão seus verdadeiros inimigos.

As personagens - A história toda é construída sobre o estresse e as dúvidas que vão se acumulando no dia a dia de Analise Assad, a protagonista do livro.

Embora estejamos diante de um caso de narrador onisciente, contando a história em terceira pessoa, o ponto de vista da narrativa está sempre atrelado ao de Analise. É pelos sentimentos dela que experimentamos o preço emocional da vida dupla de uma espiã. Esse, aliás é o subtítulo do livro: Two lives of a spy. É pelos olhos e análises de Analise que vamos descobrindo ou duvidando de duplicidades e comportamentos erráticos das personagens com quem ela interage.

Entre os coadjuvantes, é fundamental destacar três presenças masculinas que gravitam em torno da existência de Analise.

Um deles é o chefe da estação da CIA em Beirute, Richard Aldrich, e portanto superior direto de Analise na operação. Cabe a ele a decisão final de acionar o detonador que vai varrer do mapa a existência de Qassem, o terrorista do Hezbollah que o Mossad e a CIA querem assassinar. Aldrich é um espião remanescente dos tempos da Guerra Fria e começa a suspeitar da idoneidade e das verdadeiras intenções de seus colegas do Mossad.

David Baumann, o elo de ligação entre Analise e o Mossad, é um operador que se passa por correspondente de guerra da Agência France-Presse. Ele carrega documentos sulafricanos, mas em algum momento vamos descobrir que se trata de uma personagem muito mais complexa, cheio de segredos em seu passado e motivações que podem colocar a segurança da própria Analise em risco.

Finalmente, temos o jornalista americano Charles Corbin, correspondente do The New York Times, com quem Analise inicia um caso romântico. Corbin é o tipico repórter bisbolheteiro que começa a desconfiar da verdadeira identidade de Baumann. Alimentado por oficiais da inteligência libanesa, ele vai pressionar Analise por mais informações.

Recomendação de leitura - Beirut Station é um livro tenso, de leitura rápida e prazeirosa. O estilo de Vidich me lembrou um pouco o do escritor israelense Reicher Atir, autor de The English Teacher, embora Paul Vidich e Atir não tenham nada em comum. Atir é um ex-oficial de inteligência do Mossad enquanto Paul era um alto executivo no grupo Grupo Warner, onde chegou a vice-presidente executivo, responsável pela estratégia digital global antes de se aposentar e se dedicar em tempo integral à escrita de novelas de espionagem.

site: spybooksbrasil.wordpress.com
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR