O ruído de uma época

O ruído de uma época Ariana Harwicz
Ariana Harwicz




Resenhas - O ruído de uma época


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Carol 20/06/2024

Impressões da Carol
Livro: O ruído de uma época {2023}
Autora: Ariana Harwicz {Argentina, 1977-}
Tradução: Silvia Massimini Félix
Editora: Instante
144p.

Por meio de aforismos, pensatas, ensaios curtos e uma troca de correspondências com o tradutor Adan Kovacsics, Ariana Harwicz reflete um dos temas que mais engajam leitores nos debates, em clubes de leitura e nas redes sociais afora: com quais critérios julgamos a qualidade de um livro? A obra, que fala por si, ou a figura do autor, essa celebridade?

"Se este livro tem algum sentido, é o de afirmar a necessidade do paradoxo". A autora não tem medo de ofender certas suscetibilidades, em sua defesa por uma escrita livre de amarras morais e por uma recepção literária nuançada, menos reducionista.

A pena de Ariana Harwicz lança várias labaredas:

"Há uma reconversão forçada na literatura: uma inquisição. Está se reescrevendo a literatura infantil e também a história, uma revanche em que opera uma instrumentalização das minorias." p. 14

"Não deveriam dar um prêmio literário a um(a) escritor(a) por seus compromissos políticos públicos, por seu posicionamento de defesa dos direitos humanos. O âmbito público é uma fraude." p.17

"Um romance não é uma audiência judicial." p.31

"O que importa é a fé na obra, não a recepção da época." p.47

"Dizer que tudo é relativo e nunca ser capaz de expressar uma ideia de maneira decisiva nem sempre é sinal de lucidez." p. 105

Eu poderia continuar elencando aqui os muitos trechos que sublinhei durante a leitura. Aprecio demais o autor que banca seus argumentos. Ariana Harwicz afirma sua insatisfação com o cenário literário atual - os compadrios, as censuras e autocensuras, os falsos consensos, os "cancelamentos" - de forma assertiva, honesta, dando a cara a tapa.

Apesar de ser leitora entusiasmada de biografias de artistas, costumo separar autor e obra, sem grandes problemas. Pessoas cretinas fazem boa arte. Contextualização é vida. O mundo não é preto e branco. Higienizar uma obra é estrangular a realidade e não tem condão de mudar o passado. São alguns dos aforismos nos quais acredito.

Leiam Ariana Harwicz. Vale o incômodo.
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