Resgatar a função social da economia

Resgatar a função social da economia Ladislau Dowbor




Resenhas - RESGATAR A FUNÇÃO SOCIAL DA ECONOMIA


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alex santos 22/07/2023

POR UMA ECONOMIA QUE PENSE NAS PESSOAS
Dowbor demonstra como o poder capitalista se desloca, primeiro, da terra (feudalismo) para a indústria (capitalismo industrial), e,  atualmente, para o setor financeiro (especulação improdutiva).
A forma de apropriação da renda dos mais pobres, antes pela mais-valia, agora se dá pelos "drenos" modernos e tecnológicos, que movimentam fortunas, grão por grão.
Mas ele nos mostra saídas, formuladas por uma concepção de economia que se alinha ao que defende Maria da Conceição Tavares, uma ciência política, voltada para as pessoas.
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Tiago.Cecconello 27/10/2022

Ladislau, o velhinho sangue bom
Ladislau é, sem dúvida, um dos maiores economistas do Brasil. Apesar da idade, apresenta um desejo de mudança e revolução juvenis e abissais que chegam a arrepiar e inspirar as nossas utopias mais distantes.

De prosa simples e leve, quase em tom de bate papo informal, porém enfática, Ladislau nos mostra um bom caminho para seguir se quisermos melhorar e salvar o planeta.

Em tempos de pouco estudo e muita gritaria, de um apego irracional a teorias econômicas simplórias, degradantes e fracassadas, como o Neoliberalismo, este livro é uma tentativa honesta e humana de ajudar a humanidade.

Só não enxerga os problemas do mundo atual quem não quer estudar. E muitos sabem quais são, mas fingem não saber.

Está na hora de acordarmos, de mandarmos Karnal e a monja coen, com seu discurso atômico de eu interior para a 🤬 #$%!& , e sermos mais sociais e jacobinos.
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Barrera 07/10/2022

grifos meu
pg 33 A manipulação dos desejos e das frustrações das pessoas, por exemplo, que ainda chamamos inocentemente de marketing, transformou-se em um gigante econômico.

pg 39 Como escreveu Martin Wolf, economista chefe do Financial Times, este sistema perdeu a sua legitimidade. É um gigante financeiro, mas com pés de barro por travar o desenvolvimento. Cabe a nós batalhar por uma sociedade que faça sentido, olhando o potencial colaborativo que se abre com a revolução digital. Construir o futuro é mais promissor do que tentar consertar o passado. A história da humanidade tem sido dominada por minorias que se apropriam do excedente social e que geram sucessivas narrativas ou contos de fadas para justificar a exploração. E para os que não acreditam em contos de fadas, naturalmente, há o porrete. Mecanismos de exploração, narrativas e o porrete continuam ativos. É tempo de nos civilizarmos.

pg 40 III – A SUBUTILIZAÇÃO DOS POTENCIAIS EXISTENTES

O capitalismo financeiro é eficiente em extrair recursos, mas deixou de ser um eficiente organizador dos processos produtivos. Pode ser eficiente no nível interno de organização de uma empresa, no sentido de maximização do retorno financeiro, mas a sua ineficiência sistêmica é simplesmente impressionante. Keynes, já nos anos 1930,espantava-se de tanta gente parada com tanta coisa por fazer. Hoje, essa compreensão é mais atual do que nunca. Aguardar que os mercados “resolvam”, reduzindo impostos, eliminando mecanismos de regulação, fechando os olhos sobre os desastres ambientais e sobre a desigualdade explosiva que provocam, é um contrassenso. A inclusão produtiva se organiza aproveitando todos os recursos, tanto os mecanismos de mercado, como o planejamento e regulação públicos, e os sistemas participativos da sociedade civil.

pg 41 Um argumento ideológico vergonhoso sempre buscou justificar a desigualdade com a falta de iniciativa dos pobres: o pobre não precisa que lhe ensinem disposição para trabalhar, precisa de oportunidades. Isso envolve planejamento e iniciativas públicas, em vez de discursos ideológicos.

pg 44 A dinâmica econômica da China, ou da Coreia do Sul, por exemplo, não constitui um milagre, tratou-se simplesmente de assegurar a orientação dos recursos financeiros para atividades produtivas. Um relatório da ONU resume a questão: “A prosperidade para todos não pode ser assegurada por políticos com visão de austeridade, corporações centradas no rentismo e banqueiros especulativos. O que necessitamos urgentemente agora é um novo pacto global.” O dinheiro tem de voltar a ser útil.

pg 46 No conjunto, a impressionante subutilização de fatores de produção no Brasil elucida a dimensão central da paralisia econômica e social: a perda de produtividade sistêmica. São imensos recursos parados ou drenados de forma improdutiva, enquanto o Estado, que é o principal articulador do conjunto, é imobilizado. As soluções residem na organização da sinergia: juntar a terra parada e as pessoas paradas, mobilizar finanças para assegurar o apoio científico tecnológico e a compra de insumos correspondentes, assegurar renda que dinamize a demanda para a produção crescente. Não há mistérios quanto às medidas a tomar. Em vez de bobagens como Estado mínimo, privatização, juros elevados, prioridade às exportações ou teto de gastos, medidas que apenas enriquecem elites improdutivas, trata-se de orientar os recursos para onde terão efeitos multiplicadores. O denominador comum dos países que funcionam, mesmo com sistemas políticos diferenciados, é o de orientar a economia para o bem-estar das famílias, mobilizando para isso não só as empresas, como o Estado e as organizações da sociedade civil.

pg 49 Temos os recursos financeiros, desenvolvemos todas as tecnologias necessárias de transferência e controle, e sabemos que é politicamente certo, humanamente justo e economicamente eficiente. Temos de assegurar um fluxo estável, previsível de renda para base da sociedade. Em particular, sabemos que num país de imensos recursos subutilizados, dinamizar a economia pela demanda agregada é fundamental, e os recursos financeiros retornam com sobras. Sugerir que se as pessoas tiverem uma renda básica, elas irão “se encostar” é um preconceito intolerável, inclusive desmentido pelos fatos: trata-se de um piso (floor, em inglês, é mais explícito) que permite que todos possam construir suas vidas.

pg 57 3) Racionalização da gestão: o processo decisório
Temos os recursos financeiros e tecnológicos, sabemos o que deve ser feito – em nível global trata-se de buscar uma sociedade economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente sustentável – e inclusive temos os detalhamentos nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáve, 169 metas e 230 indicadores. Conhecemos os nossos dramas, a fome, as insuficiências e desigualdade na educação, os dramas da saúde, a destruição ambiental, o caos financeiro e tantos problemas que enfrentamos. Sistematizar, quantificar e divulgar os nossos problemas é fundamental, mas quando temos uma convergência de tantas dinâmicas críticas, temos de pensar não só nos dramas, mas nos processos de gestão que os geram, ou que impedem que sejam enfrentados. Com simplificações ideológicas absurdas como esperar que os mercados resolvam, Estado mínimo, privatizações, desvio de dinheiro público para o serviço da dívida, e sobretudo a priorização generalizada de ganhos financeiros, temos uma crise do próprio processo de solução de problemas. A impotência institucional que assola o país tem de ser enfrentada, gerando a governança necessária, racionalizando o processo decisório da sociedade.

pg 58 Somos sociedades demasiado complexas para sermos geridos por simplificações ideológicas como o neoliberalismo.

pg 58 Podemos chamar isso de sistemas mistos e articulados de gestão. Não se trata de simplificações ideológicas, e sim da aplicação do bom senso. Privatizar a Petrobrás e submeter o conjunto do país às oscilações dos mercados internacionais, quando temos a matéria prima e a cadeia técnica completa nas nossas mãos é compreensível pelos interesses envolvidos, mas é um desastre para o país, e uma idde recursos naturais devem servir para financiar o desenvolvimento, não rentismo de acionistas.
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