Resposta a Jó

Resposta a Jó Carl Gustav Jung




Resenhas - Resposta a Jó


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tatsu 30/10/2023

(Escrito no dia 06/10/2022)
Um ótimo livro. Consegue ser técnico sem causar fadiga, mas é necessário concentração. Pelo menos para mim, que sou meio avoada, tive de repetir algumas frases várias vezes. Mas enfim, agora falar sobre o conteúdo, né.
Sendo Jó a primeira "leitura consciente" que tive da Bíblia, nada mais justo do que ela levantar vários questionamentos para mim a respeito da dualidade divina, diferenciações de sua consciência e o porquê da justiça repentina que acomete Javé com Jó. Jung clareou muitas coisas na minha cabeça e "resolveu" conflitos como o sacrifício de Jesus, que para mim ainda não fazia tanto sentido. Também achei muito interessantes as conexões que ele faz com várias religiões, principalmente os mitos judaicos encontrados nos primeiros livros do antigo testamento.
Aprendi muito com o livro. Admiro muito Carl Jung e seu modo sucinto de explicar pontos de vista e evidências. Espero ser sábia assim futuramente; fazer tantas conexões frutíferas.
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João 07/10/2021

"A crença em Deus como o Summum Bonum é impossível para uma consciência reflexiva."
Em "Resposta a Jó" Jung comenta sobre os paradoxos de Deus e sobre a cisão entre bem e mal. Ele coloca sobre como Javé apresenta uma consciência irreflexa nos tempos de Jó e como que esse episódio serviu para causar uma transformação em Si; segundo ele, Deus quer tornar-se homem.
É pontuado sobre como Javé agiu de forma injusta e como seu discurso de Onipotência parecia mais um discurso para Si mesmo e não para a frágil e pequena criatura humana. Ao mesmo tempo, essa pequena e frágil criatura parecia conhecer a Deus mais que Ele mesmo, enquanto entende que ali naquela figura estava aquele que o punia e aquele que era capaz de o salvar.
O processo de tomada de consciência dos conteúdos inconscientes pode ser bastante penoso, já que traz conteúdo paradoxal e que não gostaríamos de ter conhecimento sobre. Porém, estar inconsciente vêm se tornando um modo um tanto perigoso nos tempos atuais: “Este (o homem) não pode mais se escusar, apelando para a sua pequenez e nulidade, pois o deus tenebroso colocou-lhe nas mãos a bomba atômica e o material para uma guerra química, dando-lhe assim o poder de despejar a taça da ira apocalíptica sobre seus semelhantes. Como lhe foi posto nas mãos um poder por assim dizer divino, ele não pode mais continuar cego e inconsciente. Deve conhecer a natureza de Deus a fim de compreender-se a si mesmo, chegando deste modo ao conhecimento de Deus”.
Sobre essa questão de conhecer a si e chegar ao conhecimento de Deus, Jung traz que apenas através da Psique conseguimos perceber a ação da divindade, sendo difícil saber se a atuação vem do inconsciente ou de Deus. Deus não é o inconsciente, mas sua imagem estaria no arquétipo do Si-mesmo, no centro.
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Mary Elizabeth 19/08/2021

Caráter Psicodinâmico do Narcisismo
Jung aponta que Jó apresenta o momento em que fica evidente a urgencia de tranformação da representação de Deus na psique coletiva judaica e , por extensão, na consciencia ocidental. Na narrativa, Deus e o Diabo pelejam pela alma de Jó em um embate cósmico.
O Diabo acredita que nenhum homem estaria realmente vinculado a Deus, pois bastaria que frustrações narcísicas lhe ocorrecem para que blasfemasse e quebrasse a ligação com o Onipotente. Este, por sua vez, defende que somente um homem, Jó, é capaz de não realizar a profecia do Diabo, que propõe, então, que Jó seria testado. Deus aceita o desafio e começa a retirar daquele homem todos os símbolos que lhe são caros, como propriedades, saúde e família. Durante um tempo, Jó aceita resignado, até que se revolta contra o criador. Inflado e colérico, Deus volta-se irado para Jó e começa a mostrar seu tamanho e potência, posicionando o homem, então, em sua pequenez em relação à Totalidade.
Jung aponta para a inflação da divindade. Jó parece, por essa perspectiva, mais ética que o próprio Deus. O livro de Jó, assim, indica a necessidade de transformação de Deus, algo que acontecerá com o advento de Jesus, que encarna a nova face do Todo-Poderoso: benevolente, caridosa e compassiva em relação à humanidade sofredora.
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Daniella.DAfonseca 31/03/2021

Saindo da zona de conforto...
Interpretação psicológica do Livro de Jó, enfatizando as relações entre Javé e Jó e o subseqüente surgimento do cristianismo. 
Eu não me identifiquei com o livro ou com as hipóteses e entendimentos sobre a relação de Deus com Jó, com o diabo e com a humanidade.
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Ariel.Souza 17/02/2021

Um ótimo livro para refletir sobre os símbolos do cristianismo e ainda para pensar a ideia dos opostos na divindade partindo da trama da história de Jó.
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fabio.ribas.7 13/12/2019

Carl Jung, sincronicidade e a barata
Há muitos anos, eu li dois livros que impressionaram profundamente minha psiquê, deixando marcas indeléveis. São eles “Freud e Jung – sobre a religião” e “Resposta a Jó”. Este causou-me escândalo pela forma como abordou a Bíblia e o cristianismo e aquele me chamou a atenção pela exposição didática com que tratou o tema que dividiu Freud e Jung.

Dois livros que, obviamente, são frutos do seu tempo, ou melhor, que representam a racionalidade iluminista do homem europeu e sua posterior derrocada. Freud representa o homem moderno na sua escolha pela razão e em sua preocupação científica em delimitar suas pesquisas fazendo um recorte na tez do mundo físico: um homem marcado pela filosofia de Descartes, Hegel e Spinoza. Essa mentalidade do Idealismo forjou perenemente o perfil de Freud e seus estudos, além de explicar a gênese da ruptura entre ele e Carl Jung. Por sua vez, a Psicanálise desenvolvida por Jung trouxe ao divã aquilo que os racionalistas rejeitaram: o poder da religiosidade do ser humano. Todavia, não posso me furtar a dizer que a cena mais impactante do livro “Freud e Jung – sobre a religião” foi a narrativa ali feita sobre um sonho que Jung tivera. Ele sonhara que Deus vinha caminhando num campo, um Deus gigante e que se depara com uma basílica, uma igreja cristã e, então, Deus se posiciona sobre a igreja, desce as calças que vestia, coloca-se de cócoras e defeca sobre ela...

Freud defendia que a causa das neuroses encontrava sua gênese na sexualidade, ou melhor, na repressão da libido humana. Insatisfeito em limitar todas as explicações a este campo, Jung começa a questionar seu professor se não poderia haver outras razões escondidas no campo das religiões, dos mitos e da parapsicologia, por exemplo (Carl Jung buscava orientar suas pesquisas na direção do Oculto, interessava-se por sessões mediúnicas e por precognição). Tudo isso, entretanto, era um verdadeiro absurdo para Freud. Enfim, enquanto Freud permaneceu no campo do provável, coube a Jung abrir as portas da percepção da ciência psicanalítica rumo ao improvável. Em “Resposta a Jó”, Jung nos apresenta um Deus – Javé – destituído de consciência, um Deus amoral! Um Deus que, na verdade, aprende com Jó e com os sofrimentos humanos, um Deus construído, um símbolo. Javé é analisado como um Deus que, junto com os homens, “quer fugir da injustiça cega”. E a grande epifania de Deus, para Jung, foi quando a Igreja Católica Romana decreta o dogma da Imaculada Conceição, elevando Maria à semelhança de um deus e entregando a Javé aquilo que lhe faltava: Maria era a Sofia do AT, a peça fundamental para equilibrar a masculinidade e o patriarcalismo da Santíssima Trindade. Diante desta pequena amostra das ideias desenvolvidas no livro de Jung, não é mera coincidência que a Europa apresente hoje um pós-cristianismo que, na verdade, é muito mais um renascer do antigo panteísmo. A decadência da modernidade freudiana é o advento de um panenteísmo pós-moderno revelado pela psicanálise de Jung no inconsciente de todos nós. Eis, então, dois livros que nos servem de ilustração para compreendermos os eventos ocorridos nos últimos dois séculos na Europa e que se estendeu ao Ocidente: a Modernidade e a Pós-modernidade!

Por estes dias, assisti ao filme “Um método perigoso”, que narra exatamente este período de encontro e desencontro entre Freud e Jung e também a paixão intempestiva entre Jung e uma paciente sua, Sabina Spielrein, que se tornará mais tarde psicanalista, especializada em psicologia infantil. Há uma cena nesse filme que ilustra bem o que eu expliquei no parágrafo anterior. Jung questiona Freud se tudo teria que se restringir à sexualidade e se não se poderia pesquisar a metafísica, a parapsicologia, etc. Freud reage frontalmente a essa posição, mas, precisamente naquele momento da discussão entre os dois, o móvel da Biblioteca da casa de Freud dá um grande estalo. Jung diz ao seu professor que sabia que isso iria ocorrer, porque, nas palavras de Jung, enquanto Freud estava reagindo às suas ideias, ele sentira um fogo, uma queimação em seu estômago. Freud, compreendendo que tudo não passara de mera coincidência, ficou escandalizado com as ideias de seu pupilo, contudo Jung insistiu dizendo que o estalo iria acontecer de novo. Dito e feito! Mal terminara de falar, um novo estalo ocorre diante de Freud em sua estante de livros. Posteriormente, numa carta a Jung, Freud atribui o ocorrido a uma enganação, uma farsa forjada por Jung para desmoralizá-lo.

Para Freud, tudo não passava de meras coincidências. Para Jung, coincidências não existiam. As coisas estão todas ligadas; os fatos que não tem conexão aparente estão conectados, assim como havia pessoas que se percebiam convergir em direção a outras por “coincidências” que denunciavam uma unidade espiritual entre elas e a isso Jung dá o nome de sincronicidade. E é com uma ilustração deste conceito junguiano que encerro este meu texto. Após assistir ao filme “Um método perigoso”, fui à biblioteca da minha casa rever os dois livros que abordei aqui. Ao sair da biblioteca, passei pelo quarto das minhas filhas e vi que, encostada à porta, havia uma enorme barata. Peguei a sandália e aproximei-me bem devagarinho. Num gesto típico dos que tem ódio desses seres nojentos, desferi contra ela uma pesadíssima sandaliada. Depois, ergui a sandália e pude ver a famigerada totalmente destruída, esmagada e com seus líquidos viscosos e brancos espalhados pelo chão. Fui ao banheiro pegar o papel higiênico e retirá-la dali, lançando-a à privada. Porém, para minha surpresa, ao retornar alguns segundos após ter saído da cena de meu crime, aquela barata enorme havia simplesmente... sumido! Procurei atrás da porta, pelo quarto, debaixo das camas, ainda que eu soubesse que aquela busca era em vão, porque vira aquele bicho ser totalmente destruído pela violência do meu golpe. A barata desaparecera... ou, talvez, nunca existira. Teria sido precognição ou sincronicidade? Simples coincidência? Tudo isso acontecendo logo naquela manhã em que eu acabara de ler que Jung costumava sentar à mesa da sua sala, passando longas horas conversando com fantasmas...

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