Ursa_Menor 31/08/2021
Eu nunca tinha lido nenhum estudo sobre a caça às bruxas na Europa e gostei bastante da forma como a autora argumenta e examina todas as variáveis que tornaram esse acontecimento tão importante para a consolidação de um modelo capitalista, mesmo que seja pouco estudado academicamente. Começando pela posse da terra, os cercamentos, o surgimento da propriedade privada atrelado a uma política de disciplinamento dos corpos, principalmente os corpos femininos, entendemos como a mulher vai perdendo seu poder sobre o pouco privilégio que tinha, até mesmo com relação ao seu poder de reprodução. A mulher é a mais afetada pela perda da terra, além disso, sofre com a crescente perseguição feita pela igreja e com o aval do Estado, mas não deixa de se configurar como protagonista de revoltas e movimentos de resistência contra o terror da inquisição e da caça às chamadas bruxas, mulheres acusadas de feitiçaria por ainda manterem o controle sobre sua reprodução. Além de analisar o cenário europeu, a autora também cita alguns casos da América e da África, mesmo que seja de forma mais superficial, sem uma análise mais profunda.