Mariana 12/11/2010Este é o primeiro livro que li do João Gilberto Noll, autor que eu tinha muita vontade de ler e não sabia por onde começar. "Hotel Atlântico" caiu nas minhas mãos, mas infelizmente não me convenceu. ]
A linguagem do romance, por um lado, é bem interessante. Na contramão da tendência intimista da literatura oitentista, a narrativa é construída sem adjetivos por um narrador sem sentimentos. Por outro, o enredo me pareceu sem propósito. Nas curtas quase 100 páginas do livro, acompanhamos o narrador viajar sem rumo, sem se apegar às pessoas e as coisas, sempre de repente, sempre em frente, com a morte sempre lhe rondando. E só. O leitor segue a leitura até o final buscando um sentido maior, pelo menos eu não o encontrei, nem depois que amputam a perna do narrador.
O romance pode ser interessante justamente nesse ponto da decadência, da morte que está à espreita, mas não convence no modo como desenvolve esse ponto. A linguagem crua, direta demais, não dá espaço para que o escritor trabalhasse o ritmo da narrativa, de modo que se lê todas as páginas do livro no mesmo fôlego. Como tentativa, é interessante mas não parece ter funcionado.
Outra coisa que me incomodou foi o fato de o narrador sair e de repente transar com qualquer mulher que ele quiser. Sem maiores explicações, ele aborda qualquer uma, joga uma cantada e vai para a cama com ela! Isso me parece um resquício muito machista para um personagem com quem qualquer mulher do mundo, de repente e sem mal conhecer, quer fazer sexo.
Espero que os próximos livros do Noll sejam mais interessantes.