spoiler visualizarCamila 23/05/2023
Atual como nunca!
Primeiro livro que leio de uma das irmãs Brontë e posso dizer que fiz uma boa escolha pra iniciar.
A história começa com Ms. Markham contando, por meio de cartas, ao seu amigo Halford, o que houve nos últimos anos em sua vida.
Ele relata, de início, a chegada de uma nova vizinha, inquilina de Wildfell Hall, a viúva chamada Mrs. Helen Graham. Esta por sua vez gerou vários burburinhos na comunidade local, por morar sozinha com seu único filho e preferir não se envolver nas rodas de fofoca da região.
Com o tempo as pessoas foram cada vez sendo intrometidas, a ponto de inventarem que Mrs. Graham tinha um caso com o seu senhorio.
Mr. Markham, que havia se tornado amigo e já apresentava sinais de algo mais, ficou chocado e não queria acreditar nisso e foi ter uma conversa com ela. Ao chegar lá, ele ouve uma conversa atravessada e entende tudo errado, achando realmente que as fofocas eram verdadeiras.
Para desfazer esse grande mal entendido, Mrs. Graham entrega a ele seu próprio diário, a fim de que ele entenda o que ela passou e porque é tão misteriosa.
A partir daí, nós leitores, conhecemos a história dela, que é puro suco de sofrimento!
Eu sofri com cada página que eu lia desse livro, e acredito que por isso que demorei a terminá-lo.
É chocante pensar que o recorte de um grupo de homens machistas e inescrupulosos de 1821- 1827, é a realidade de muitos hoje em dia, no século 21. Dói pensar que muitas mulheres acreditam ainda hoje que precisam manter um casamento a qualquer custo "só" porque ela não apanhou e marido é o provedor da família.
No livro, Helen, muito jovem e sonhadora, casou-se com Mr. Arthur Huntingdon sabendo que ele não era "flor que se cheire", por ser irresponsável e imaturo, mas ela achou que seria capaz de mudá-lo, que seria alguém a quem ele daria ouvidos.
Pobre Helen! Sofreu todas as humilhações possíveis, foi menosprezada e diminuída a um lixo dentro de sua própria casa, dia após dia.
Naquela época, apesar de nos fazer sentir raiva a permissividade da Helen, ela fez o que poderia ser feito, não haveria outras opções. Fiquei muito contente com o final, confesso que meu coração estava apertado.
Por ser um livro cristão, a autora quis passar a mensagem que quem deposita sua confiança em Deus, haverá de ser recompensado, o que eu concordo, pois ainda bem, que nos dias atuais, além de confiar em Deus, as mulheres sendo cristãs ou não, sabem que possuem e devem usar seus direitos perante a sociedade.
Entendo a sociedade daquela época terem refutado esse livro, afinal eles não queriam verdades escancaradas e sinto muito, muito mesmo, por Anne Brontë não ter tido o verdadeiro reconhecimento por sua obra em vida.
Com certeza é um livro que descreve muito bem como muitas mulheres sofreram nas mãos de maridos e sociedade machistas mas que desde aquela época, existiam pessoas que estavam alertas quanto a isso.