Mournet 16/04/2024
O Fantasma de Prateado
Apesar de gostar de contos de fadas, é inegável que Julia Quinn não conseguiu disfarçar que esta história é inspirada - e devo dizer que isso não me agrada nem um pouco.
Com uma boa mão de Cinderela, devo dizer que achei o início corrido demais, mas ao mesmo tempo algo que eu leria facilmente em um livro da Disney para crianças. As mulheres daquela época com certeza desejariam viver um conto de fadas, porém devo dizer que, neste livro, isso é levado ao extremo, o que retirou parte de minha empatia pela protagonista por já esperar um final feliz. Existem inspirações e existem cópias, e em um determinado momento até esqueci qual era o nome real da protagonista.
Porém, devo dizer que o humor de Benedict me agradou bastante, e o carinho dele por Penélope é encantador - acho bastante charmoso como todos os irmãos Bridgerton parecem tratá-la como membro da família. Ainda assim, como artista… esperava algo mais dramático da narração dele.
Felizmente, após o clichê de Cinderela, consegui sentir uma centelha de simpatia por Sophie, além do sangue gelar sempre que ela era maltratada pela madrasta. Só odiei, novamente, o roteiro do salvador sendo colocado apenas para que o personagem tenha um de seus momentos de glória, além de Julia Quinn não saber outra vez em quais momentos o homem deveria sentir desejo por alguém. Pelo amor, mulher, você está escrevendo um humano, não um animal. Apenas aqui, é perceptível que o título do livro não condiz com seu conteúdo. Enquanto o interesse de Benedict em ‘A Dama de Prateado’ parece amável, o interesse dele por Sophie parece apenas o de um animal ansioso para procriar. Tenho a impressão que Julia Quinn tenta forçar a inimizade sempre, como se fosse uma via fácil de obter tensão - o que, em minha opinião, é uma jogada amadora. Tenho a impressão de confundir Anthony e Benedict diversas vezes, espero não acontecer o mesmo com Colin.
E, como sempre, parece que os irmãos Bridgerton tem seu momento do livro de alcançar o ápice da misoginia. E olhe que o livro tem como público alvo as mulheres!
Minhas considerações finais? O enredo inicial do livro, sobre o baile de máscaras, é inútil. Julia Quinn parece ter uma capacidade incrível de fazer os inícios de seus livros serem totalmente deslocados da realidade de seus desfechos. Não leiam esperando uma releitura de Cinderela, e sim apenas uma menção honrosa no início, apesar do final ser um tanto quanto fantasioso demais para o meu gosto.