Almost Transparent Blue

Almost Transparent Blue Ryu Murakami




Resenhas - Almost Transparent Blue


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Thainara 31/08/2020

Almost transparent blue é um livro com um narrador personagem que mais observa do que participa da história, o livro é completamente linear pra complementar a ideia da vida monótona dos personagens e por vezes é difícil distinguir de quem é o discurso, quem está falando. Num Japão dos anos 70 cru e degradante, aqui vamos acompanhar a vida rotineira do narrador Ryu e o seu grupo de amigos viciados em drogas e sexo. O livro tem várias cenas de sexo grupal detalhadas e humilhantes nas quais os personagens, buscando viver a vida ao máximo, ironicamente sempre estão no piloto automático, nunca aparentando ter a realização do que vivem, estão sempre dissociando na sua própria existência. O personagem narrador, Ryu, vai um pouco além, parece mais consciente de si quando cai em profunda reflexão ao observar pequenas formas de vida. Foi um livro incomodo pra mim, pois tudo é narrado como algo completamente normal advindo da vontade dos próprios personagens. É humilhante, é triste, a raça humana na sua versão mais insignificante e deteriorada.
Com certeza não tive maturidade literária suficiente para entender nem metade do que o autor escreveu. Vale a pena a leitura.
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Rick-a-book 31/08/2010

Juventude Transviada


1976. O mundo era bem diferente naquele tempo. Os anos 60 haviam deixado toda a herança “paz e amor” de que tanto ouvimos falar e o preço a pagar por isso foi que muitas das crianças e adolescentes crescidos naquele meio hip se tornaram os adultos que acreditavam que o amor livre e o uso indiscriminado de drogas era um direito a ser usufruído, e isso quando não achavam que se tratava da coisa mais trivial sobre a terra. Mas isto é apenas uma generalização, assim como o relato trazido por Murakami Ryu neste livro que foi sua primeira obra e a mais conhecida de sua autoria. Logo após ter sido lançado, o livro causou furor no Japão, tanto pelo conteúdo mostrando cruamente o lado degradado da juventude japonesa, quanto pela forma agressiva com que isso fora feito.

Almost Transparent Blue é uma mescla muito bem dosada de alienismo e depravação, nas palavras de um artigo da Newsweek, “Almost Transparent Blue é uma mistura de Laranja-mecânica e O Estrangeiro.” Concordo em parte: as sensações advindas do livro diferem das que são recuperadas através das outras duas obras. Ryu – o personagem principal e, provavelmente, o próprio autor –, um rapaz bissexual de 19 anos, por exemplo, tem raros momentos de diálogo interno ou de reflexão profunda. Ele é um mero espectador, muito bem, mas o que ele poderia estar pensando ou esperando do que ele presencia, fica a cargo do leitor. A experiência é válida.

O livro não tem uma divisão clara em capítulos ou qualquer outra forma. Os relatos correm livremente e sem muita fixidez na estrutura. O que ajuda é que a narrativa é linear. A monotonia da vida sedentária do protagonista e de seus amigos viciados em drogas leves e pesadas e em sexo – quase sempre grupal – ajuda a delinear o que se imagina que tenha a sido a juventude sexo, drogas e rock’n roll daquele tempo, ainda que, obviamente, talvez aquilo não tenha sido tão comum quanto se queira fazer acreditar.

Almost Transparent Blue é definitivamente um desses livros de autores japoneses que acaba com a enfadonha e nada criativa tentativa de manter a aura de Japão feudal, isto é, de um país mitológico habitado por guerreiros que vivem pela lei da espada e mulheres adornadas nos mais belos trajes de seda, ambos vivendo em um mar de pétalas cor-de-rosa vindas das flores de cerejeiras. E pode? Bem, no Japão, o que não pode?
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