ritita
28/06/2021Religiões e mulheres....Eu já havia lido o sufocante livro As meninas de Cabul, então sem nada saber deste, fiquei curiosa e comprei. O outro livro fala das meninas que são tratadas como bacha posh que apenas fingem, se vestem, se comportam e trabalham como um menino por um certo período para ajudar na sobrevivência de sua família, depois são realocadas em seu gênero de nascença, então, a princípio, não entendi porque do trelelê.
Por que? Porque aqui Nádia não finge ser menino, ela transforma-se num menino até o início da vida adulta, faz serviços braçais pesados afeitos aos homens, só tem amigos homens - lá os meninos não se juntam às meninas, veste-se o tempo todo como menino e sofre por ter peitos (sempre escondidos sob uma aterrorizante faixa e várias camadas de roupas), e não ter pelos - todos os dias faz riscos com cinza como um incipiente bigodinho.
Ela não toma banhos públicos - comum aos afegãos homens, tem um imenso medo de ser descoberta, perder seus empregos e o pouco alimento que leva à família, e não pode frequentar a escola por conta de seus documentos femininos.
Enfim, um sofrimento hediondo, atroz e pérfido somente por conta da religião afegã, onde as mulheres são apenas reprodutoras.
Que agonia! Senti os medos dela, sofri com ela até seu resgate pessoal.
Atualmente Nadia vive na Catalunha, Espanha. Ela continua a passar por cirurgias reparadoras e atua como escritora, palestrante e defensora dos direitos das mulheres muçulmanas
Sei se recomendo, não. Só para quem se interessa por histórias femininas muito fortes.