Bit 27/12/2020Benção e MaldiçãoEm Imardin, a cidade onde a história se passa, existe uma grande distinção entre o pobre e o rico, igual ao nosso mundo, indo de extremos da desigualdade social, desde palácios e edifícios suntuosos, até favelas decadentes. Nossa protagonista, Sonea, é uma menina que mesmo que tenha muitas falhas e defeitos, (na verdade é o que a torna mais humana aos nossos olhos), não podemos deixar de admira-la, pois seu medo é real, e mais real ainda é sua coragem em supera-lo. Ela vem das favelas, (o que quebra muito com os padrões que tanto vemos por aí em livros de fantasia), onde o povo mal vive, sobrevive, sem água potável, morrendo de fome, sendo obrigado a ou arranjar algum trabalho como mercador... ou se tornar ladrão. Nas favelas, todos odeiam os magos, vestidos com túnicas caras, botas, cada detalhe mostrando o luxo a qual tem "direito", enquanto o povo morre nas ruas por falta de melhores condições e qualidade de vida. Os magos tem o poder de ajudá-los, e mesmo assim se fecham em seu clã, porque atrás de muralhas não teem nada com se preocupar, porque estão confortáveis demais para ver além de suas vidas luxuosas. Não é nenhuma surpresa então, que os favelados tenham criado uma imagem horrível dos magos, como "seres do mal". E é nesse contexto que Sonea, acidentalmente, descobre possuir dentro de si, uma potência para ser maga. Apartir deste ponto, o desenrolar da história começa; uma perseguição da parte dos magos, acordos e alianças com os tão temidos Ladrões, esconderijos e fugas... Sonea nunca pediu para ter magia, e é ela, acredita, a causa de todos seus males e problemas. Mais para frente Sonea vai se deparar com uma escolha difícil, que não só poderá mudar a sua vida e o seu futuro por completo, mas como a de todo povo de Imardin.
A leitura deste livro, para mim, é bem rápida, a escrita é fluida, e o que a torna especial, é a forma realista em que a autora escolheu as palavras para retratar as diferentes linguagens entre os diferentes círculos sociais, daqueles que não receberam quase nenhuma educação, e daqueles que tem todo privilégio, tempo e dinheiro, para os estudos. O que é interessante de se ver no livro também, é a perspectiva do livro para a retratação da magia, pois em livros de fantasia existe muitas variações desta, e a forma em que a autora descreve em o clã dos magos, é como se a magia fosse uma fonte de poder, que pode facilmente lhe destruir sem o estudo e treino necessário para controlá-la, é como se ela fosse um animal selvagem, impossível de domar completamente, portanto você estará a sua mercê o tempo inteiro, sempre tendo que assumir o controle, e domá-la. Então nessa perspectiva, ela é tanto uma benção, quanto uma maldição; é algo imutável, que nunca deixará o mago, desde o seu nascimento até a sua morte.