bi 09/07/2020Resenha | Um Dia Estaremos Em PáginasDavi mora em Fortaleza, longe da sua família, pra fazer a sonhada faculdade de comunicação social. Tudo estava bem quando a quarentena que estamos vivendo começa. Ele é demitido e suas aulas passam a ser EAD. Ele tenta se virar do jeito que dá, com seus pensamentos e com tudo que tem acontecido. O que Davi não esperava era que o senhor do apartamento ao lado, um velho ranzinza, será seu maior companheiro nesses dias de solitude.
?.... vivi tempo o suficiente pra saber que paz, paz mesmo a gente nunca tem. Tendo vivido o que vivi, sei que no mínimo estaremos em páginas. Estaremos nos livros de história dos seus filhos e dos meus bisnetos.?
Um conto bem curtinho mas com muito significado. A relação desenvolvida entre Davi e o Seu Emanoel é singela, bonita, sensível e diferente das histórias que estou acostumada a ler. Chorei em muitas partes, absorvendo as conversas de um senhor na casa dos 70 anos e um jovem, uma criança aos olhos do Seu Emanoel.
?Mais novo, quando pensava em 2020, a primeira coisa que vinha à minha mente eram carros voadores e tecnologias que surpreenderiam a todos. Frustração é apenas um terço do que eu sinto. 2018 me ensinou sobre como boa parte da população brasileira é alheia à realidade. 2019 me ensinou como as pessoas não querem aprender ou se redimir. Já em 2020, nada de carros voadores. Apenas a comprovação de que pessoas despreparadas podem facilmente liderar uma nação e fazer com que ela se assista ruir.?
O história acontece num tempo difícil, um tempo que, infelizmente, ainda estamos vivendo e presenciando certos absurdos e o Mateus, de uma forma sútil, colocou toda minha frustração nesse parágrafo que coloquei ali em cima! Foi uma leitura leve, mas com muita carga emocional pra mim. A única coisa que esperava a mais foi no final, onde queria um desfecho que fosse mais da altura do restante do conto.
?A paciência é uma dádiva e a ignorância é uma doença que o homem propaga, mas só ele tem a cura.?