Thiago 25/04/2021
Essencial para conhecer a história do Brasil
Um dos principais livros de História do Brasil, essencial para compreender o período colonial e de formação do estado brasileiro. Quem se interessou e gostou de Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, certamente vai encontrar muito conteúdo relevante neste livro. São leituras que "conversam".
Muitas críticas existem sobre essa obra de que seria uma história contada de branco para brancos. De fato a obra apresenta algumas falhas, como no capítulo 2, página 63 e 64, em que diz:
"... O escravo das plantações e das minas não eram simples manancial de energia, um carvão humano à espera de que a época industrial o substituísse pelo combustível. Com frequência as suas relações com os donos oscilavam da situação de dependente para de protegido, e até de solidário e afim..."
Continuando, o autor trata de situações em que ocorreram discriminação em razão da cor, expondo a seguinte crítica:
"...Mas resoluções como essa... Estavam condenados a ficar no papel e não perturbavam seriamente a tendência da população para um abandono de todas as barreiras sociais, políticas e econômicas entre brancos e homens de cor, livres e escravos."
A opinião exageradamente esperançosa, mas fundada na plasticidade social dos portugueses e na carência de orgulho racial, infelizmente, não se concretizou.
O posfácio da obra, escrito por Evaldo Cabral de Mello, muito esclarece esses pontos, ao expor que o autor, em muitos momentos, por excesso de erudição, deixou o papel meramente historiador e antropológico, para se aprofundar em críticas de caráter social e ideológico. Tanto que o texto sofreu forte revisão em 1947, contudo permanecendo ainda alguns trechos que não o afastaram tanto do original.
Contudo, a obra apresenta excelente leitura do que podemos chamar de personalidade coletiva do brasileiro ou latino-americano:
"A ideia de uma espécie de entidade imaterial e impessoal, pairando sobre os indivíduos e presidindo os seus destinos, é dificilmente inteligível para os povos da América Latina.
É frequente imaginarmos prezar os princípios democráticos e liberais quando, em realidade, lutamos por um personalismo ou contra outro."
Livro de 1936, e perfeitamente adequada a descrição idiossincrática do nosso povo, até hoje.