Germinal

Germinal Émile Zola




Resenhas - Germinal


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Bia 04/04/2021

Livro maravilhoso
Poucos livros traduzem tão bem o abismo entre classes e o ciclo da pobreza de uma forma tão humana, impactante e lúdica.
Para mim, foi impossível ler sem se emocionar, comover ou simpatizar com os personagens, suas naturezas, aflições e aspirações.
Uma obra belíssimamente escrita. Uma tragédia pra despertar o que ainda temos de humano e empático nessa vida.
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Mima 20/07/2020

Unidos, destruiremos a burguesia
? "Pelo fogo, pelo veneno, pelo punhal. O salteador é o verdadeiro herói, o vingador popular, o revolucionário em ação, sem frases tiradas dos livros. E preciso que uma série de horríveis atentados aterre os poderosos e acorde o povo".

Um grito sobre as desigualdade na sociedade francesa, a opressão e a ganância da burguesia sobre o proletariado, esmagado frente a sua miséria..
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Benjamin.Thauront 02/03/2020

Germinal
?Germinal? (1885) de Émile Zola dispensa, assim como o seu autor, apresentações. Sabem? O cara que disse: ?A civilização jamais alcançará a perfeição até que a última pedra da última igreja caia sobre o último padre?. Nada ainda? Gente!! O pai do naturalismo! Lembram do ?J´accuse? sobre o ?caso Dreyfus?. Hein?
Enfim... jovem e obrigado a trabalhar em qualquer coisa para se sustentar, Zola observou a dureza da vida dos que, como ele, eram pobres, e fez um projeto de vinte romance, que ele escreveria ao longo de 22 anos, narrando as desaventuras e decadência moral e material da família Rougon-Macquart. Concentrados no Segundo Império, o período que se estende de 1851 à 1870 e nos quais (digo isso não porque seja um furo de reportagem, mas para aqueles que filaram essa aula de História) Napoleão III esteve no poder na França. Mas na verdade, ele acompanha a família e agregados durante três (ou quatro, ou cinco, dependendo como se conta) gerações.
A família Rougon-Macquard é perseguida por duas mazelas: a loucura e o alcoolismo. Zola, com muita veemência e talento, os segue nos quatro cantos da França (quatro cantos de um hexágono ? e eu reclamando dos que perderam aula de história) nos mais variados corpos de profissões que um pobre de então podia ocupar.
?Germinal?, décimo-terceiro livro da série de vinte, trata dos mineiros de carvão do norte da França que vivem uma honesta pobreza regada à cachaça até que os ideais do socialismo, trazidos por Etienne Lantier (Renaud no filme de 1993 ? será que fazem filmes de TODOS os livros? Desse fizeram uns cinco!). Os protagonistas principais são o casal Maheu (Gérard Depardieu e Miou-Miou), seus ancestrais, seus filhos, seus vizinhos.
Diante das exigências dos donos da mina, uma greve é deflagrada e se arrasta por longas semanas. É uma queda de braço na qual ninguém pode ceder: nem os trabalhadores, que desceram abaixo do limite da miséria; nem os capitalistas, pois as minas da região pertencem a donos diferentes em árdua competição, que correm o risco de falir e serem comprados por concorrentes mais sólidos, ou cujos mineiros não aderiram à greve.
Zola como sempre estudou in-loco o seu assunto, e a greve que ele pinta, com o seu massacre final, ocorreu de fato. A inundação da mina, também, em outras circunstâncias e outros lugares. Inclusive, fiquei surpreso da cara de pau de Hector Malot que conta uma situação análoga em ?Sans famille?. Mineiros de carvão ficam três semanas presos sob a terra por causa de uma inundação. Qual não foi a minha surpresa ao checar as datas: ?Sans famille? é de 1878: sete anos anterior à ?Germinal?.
Realista ao extremo, magistralmente escrito numa linguagem simples, precisa e ao mesmo tempo forte, que usa o vocabulário, a nomenclatura e as idiossincrasias dos mineiros, ?Germinal? continua atual. A luta dos trabalhadores contra o capital, que eles começavam a ter esperanças de ganhar um dia (e que estamos terminando de perder), abre caminho para todos os avanços sociais adquiridos no século XX apesar das duas Guerras Mundiais, da Descolonização, e do atual ultraliberalismo... A cena final do livro, com Lantier, um dos poucos sobreviventes, partindo numa manhã de primavera pela mesma estrada que o vira chegar durante o inverno, simboliza o nascimento de uma nova esperança oferecida pela organização de novos sindicatos, mais fortes e atuantes e dá sentido ao título do livro: germinal era o mês do calendário republicano (da Revolução Francesa) correspondente aos meses de março e abril, à volta do sol, das flores e da bonança.
Mas não estou aqui para falar de política.
Apesar da enorme fama e sucesso financeiro que o acompanharam a partir de ?L´assomoir? (tema de uma das nossas próximas palestras), Zola não era feliz. Ele tinha uma vida dupla. Depois de vinte anos de casamento, Émile e Alexandrine (que mudou o seu nome para Gabrielle, ninguém sabe porque, mas talvez para fugir até da lembrança de um passado muito duro), uma antiga lavadeira, se entristeciam com a sua esterilidade. O fato é inclusive estranho, pois Alexandrine tivera uma filha natural antes do casamento que ela tivera que abandonar por causa de miséria financeira, e Zola teve outros filhos depois, como logo veremos.
Émile então se apaixonou por Jeanne, a lavadeira do casal, e teve dois filhos com ela. Durante três anos, ele consegue manter um sigilo quase absoluto até que uma carta anônima o denunciou à sua esposa. Ele escreve nesse período: ?Je ne suis pas heureux. Ce partage, cette vie double que je suis forcé de vivre finissent par me désespérer. J'avais fait le rêve de rendre tout le monde heureux autour de moi, mais je vois bien que cela est impossible.? (?Não estou feliz. Essa divisão, essa vida dupla que estou obrigado a viver estão me desesperando. Eu tinha o sonho de deixar todo mundo feliz em minha volta, mas estou vendo que isso é impossível?. Tradução minha.). O que interessante, é que tanto Alexandrine quanto Jeanne se conformaram com a situação até a morte de Zola, chegando ao ponto de Alexandrine levar os filhos de Jeanne para passear, dar lhes presentes e até reconhecê-los após a morte do marido para ele puderem ter o nome do pai!
Com a imensa repercussão do Caso Dreyfus, Zola se viu arrastado na lama pelos seus inimigos que o taxaram de traidor à França (por ajudar um judeu ? mesmo ele sendo francês ? lembrando que Zola, mesmo nascido em Paris, era de um pai italiano e só foi naturalizado depois de adulto) e pornografia por causa de seus escritos naturalistas. O governo, em conluio com os altos escalões militares franceses, o acusou de difamação e ele foi condenado a um ano de cadeia e três mil francos de multa. Ele apela, e sabendo de antemão que será novamente condenando, parte para um triste exílio em Londres, exílio que duraria um ano. Bom, as repercussões do ?Caso? foram imensas e não cabem aqui, mas quando ele morre no seu quarto de envenenamento por monóxido de carbono em 29 de setembro 1902 (Alexandrine sobreviveu por pouco), aos sessenta e dois anos, muitos acreditam na hipótese de um assassinato. A versão oficial concluiu a uma morte acidental causada por um ?fogo de lareira dormente?. Como esse acidente era - e ainda é frequente (lembram da família de seis brasileiros que morreu assim em maio do ano passado, no Chile?) esse tese acabou sendo aceita durante... cinquenta anos. Em 1953, o jornal ?Libération? publica um artigo que traz à tona a possibilidade de um assassinato. Até hoje, a dúvida existe, e nunca será sanada.
No seu enterro, a multidão salmodiava: ?Germinal, Germinal...?.
Gostaria de terminar sobre essa nota poética, porém, a violência perseguiu Émile Zola até após a sua morte. Na ocasião da transferência de suas cinzas para o Panteão de Paris, um jornalista nacionalista abre fogo sobre Alfred Dreyfus... esse ?apenas? receberá um ferimento no braço.
Loucura, né gente?
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